Blog do José Cruz

“O Mestre que iluminou meu caminho”

José Cruz

Três dias depois de sua morte, ainda repercutem as boas lembranças do professor Mário Cantarino, que dedicou sua vida  – sempre com disposição e alegria –  à educação, incentivo à pesquisa e à prática do ateltismo.

Por Joaquim Cruz

O Mestre Professor Mário Cantarino  – que nos deixou, no último sábado –  dedicou sua vida para iluminar os caminhos das pessoas com quem ele teve contato. E foi assim que ele também foi uma figura importante no inicio da minha carreira esportiva.

O meu primeiro contato com o Professor Cantarino foi em 1977, quando fui apresentado ao atletismo. Eu tinha 14 anos de idade. O Professor tinha um conhecimento invejável em fisiologia de exercício, era amante do atletismo e sempre se colocou à disposição para ajudar os jovens iniciantes ou  os mais veteranos.

Eu e o Luiz Alberto (meu professor de basquete e atletismo) estivemos na pista sintética da Universidade de Brasilia algumas vezes para sermos orientados pelo experiente mestre.

Durante os tiros intervalados de 400 metros, professor Cantarino media com os dedos a frequência do meu coração. Eu entendia pouco do que eles falavam, mas podia perceber o entusiasmo no tom das vozes dos dois professores.
Compreendi perfeitamente quando o professor Cantarino disse que eu tinha aptidão para as modalidades de meia distância, inclusive para a prova dos 3.000 metros com obstáculos. No inicio, o atletismo não era o meu esporte preferido, portanto o abandonei antes que a previsão do Velho Mestre se tornasse realidade. Deixei de ir à UnB, mas me mantive em contato com o professor Luiz Alberto, que se esforçava para me convencer retornar aos treinos de atletismo.

Em 1978 o professor Luiz Alberto me entregou uma carta redigida pelo Mestre Professor Cantarino. Na época, o Professor era presidente da Federação Brasiliense de Atletismo. Na carta ele falava sobre o meu potencial e a minha oportunidade de ir competir no Campeonato Brasileiro infanto- juvenil, em São Paulo. Disse que a minha vaga estava garantida, eu só tinha que decidir.

Confesso que a carta do professor Mário Cantarino, sozinha, não foi o suficiente para me convencer a retornar aos treinamentos, mas foi mais um sinal dele que ajudou a iluminar o meu caminho.

O brasiliense Joaquim Cruz ganhou a medalha de ouro olímpica nos 800m (Los Angeles, 1984) e prata, na mesma prova, em Seul, 1988.