Blog do José Cruz

Arquivo : janeiro 2012

FIA, a fiel parceira do Esporte
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José Cruz

A Fundação Instituto de Administração (FIA), que recebeu R$ 4,6 milhões para criar a Empresa Brasileira de Legado Esportivo – já extinta, como se divulgou – é fiel cliente do Ministério do Esporte.

Em 2008, o ministério, então sob o comando de Orlando Silva, pagou R$ 12,9 milhões à FIA  para “elaborar estudo sobre o legado dos Jogos Pan-Americanos e apoio na implantação do plano estratégico de ações governamentais na elaboração do dossiê com vistas à candidatura dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016”.  Os dados da Controladoria Geral da União (CGU).

A julgar pelos “legados” do Pan 2007 o estudo da FIA deve ter sido um estrondo…

E tem gente que fica emburrada, quando digo que se joga dinheiro público fora, com facilidade impressionante.

Memória
Recuperei as informações, que já havia publicado neste blog, para contribuir com a assessoria do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, no que diz respeito às “heranças malditas” de seu antecessor, Orlando Silva.

A multiplicação do contrato
Lembro, por exemplo, sobre a contratação do “Consórcio Copa”, empresa de São Paulo, por míseros R$ 13,2 milhões.
Com bons argumentos, o tal Consórcio conseguiu dobrar o valor do contrato em apenas um ano. E La se foram mais R$ 24,7 milhões pela janela da Esplanada…

Até agora não se tem notícias em que foi gasto a dinheirama, e ninguém responde por essa farra.
Este assunto teve destaque no UOL Esporte, em 13 de setembro do ano passado. A reportagem foi do companheiro Roberto Pereira de Souza, com minha modesta colaboração.

Quem perdeu a leitura naquela ocasião, aproveite, aqui.


Calote ameaça estádio em MG
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José Cruz

Reportagem de Renato Alves, publicada neste domingo no Correio Braziliense, expõe a falta de planejamento do futebol mineiro e o nível de gravidade de gestão esportiva que se chegou no país da Copa.

Principal palco do futebol no estado desde que o Mineirão e o Independência fecharam para reforma, a Arena do Jacaré – estádio do Democrata, de Sete Lagoas – vai a leilão para pagar dívida de R$ 73 mil com empresa de ferragens.

A reportagem, de Renato Alves está aqui.


Até em Cuba, quem diria!
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José Cruz

O PCC (Partido Comunista de Cuba) aprovou neste domingo medida que limita a dez anos o tempo máximo de permanência em cargos do poder. A intenção é promover quadros mais jovens no governo.

Já no Brasil…

A democracia ainda não chegou à gestão do esporte.

Presidentes de comitês, confederações e federações não têm prazo para sair de suas cadeiras. Tem gente mandando há 22 anos…

A perpetuação dos cartolas é um dos mais graves e tristes problemas no Brasil olímpico, ao lado da lei do silêncio que é imposta aos atletas.

Que vergonha!


Balanço oficial do esporte
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José Cruz

Três meses depois de ter assumido o Ministério do Esporte, o deputado Aldo Rebelo disse que fez uma primeira reforma – “emergencial” – nas diretorias da pasta.

“Mas outras podem ser feitas. Não me precipito porque não há razão para isso”.

A afirmação está na entrevista de Aldo à repórter Cida Barbosa, do Correio Braziliense.  Ela abordou sobre Copa, Olimpíada, corrupção, Segundo Tempo, etc. Um oportuno balanço.

Mas Aldo deixa uma dúvida:

Todas as obras previstas de infraestrutura (para a Copa)  estarão prontas? Não tenho segurança. Mas as mais importantes, eu creio que sim.

Confira a entrevista.


O Pinóquio do esporte
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José Cruz

Confirmando o que antecipei em março  de 2010, o governador do Distrito Federal disse ontem, com um ano de atraso, que o novo estádio Mané Garrincha custará “cerca de R$850 milhões”, e não R$ 650 milhões que foram mentidos por ele mesmo à população.

Mesmo atualizando o valor, Agnelo voltou a falar inverdades, porque a obra passará de R$ 1 bilhão. Em breve os jornais, obedientes ao discurso oficial, vão noticiar isso.
Motivo: no custo original  não estava prevista a “cobertura”, disse o governador, que, com suas inverdades, lembra o folclórico personagem Pinóquio.

Agora sairá a licitação para a cobertura do estádio. Depois virá outra para o gramado, mais uma para a iluminação, outra para elevadores, geladeiras, poltronas, tecnologia da informação, carpetes, banheiras para os vestiários dos atletas, sanitários em geral e por aí vai.

Inventor
Quando está sem notícia para colocar seu nome em evidência, o governador do Distrito Federal (que esta semana volta às páginas policiais da revista Veja) inventa uma visita às obras do estádio Mané Garrincha. E qualquer bobagem que diga é publicada com destaque.

Diz Agnelo que licitação internacional escolherá empresa para assumir o Mané Garrincha. Ora, se o elefante em construção é um negócio rentável, como afirma, porque entregá-lo à iniciativa privada?

Está aí outra mentira: em 2008, três empresas estrangeiras estiveram aqui pesquisando o mercado, para projetar o uso do Mané Garrincha como arena multiuso. Dependendo do resultado, poderiam até bancar as obras do novo estádio. Porém,  depois de três meses os especialistas foram embora. O desinteresse foi geral.

Enquanto isso…
A soma dos incentivos fiscais e gastos públicos relacionados ao estádio que o Corinthians está construindo em Itaquera (Zona Leste de São Paulo) gira em torno de R$ 581 milhões. O valor é superior ao custo total de seis das 12 arenas que estão sendo construídas ou reformadas para a Copa do Mundo de 2014, informam os repórteres Vinícius Konchinski e Vinícius Segalla, do UOL Esporte.

E teve aquela do Lula, dizendo que “a Copa não terá um só centavo de dinheiro público…”


O basquete pelas tabelas
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José Cruz

Com bom dinheiro em caixa – patrocínio de R$ 11 milhões da Eletrobras, R$ 2 milhões em convênios com o Ministério do Esporte e R$ 2,9 milhões da Lei de Incentivo  – e as seleções masculina e feminina classificadas para os Jogos Olímpicos de Londres, nem assim o basquete brasileiro se fortalece na sua estrutura, capaz de transmitir segurança de uma instituição sólida e confiável, que dirige esporte tão dinâmico quanto apaixonante.

Desportistas que acompanham o assunto de perto têm pesquisas que colocam o ex-presidente Gerasime Bozikis, o Grego, na liderança de uma possível disputa para voltar à Confederação Brasileira de Basquete.

Grego e Carlinhos: “Segura aí que daqui a pouco eu retorno…”

Em 2009, Carlinhos venceu a eleição sobre Grego justamente com o discurso de mudar o relacionamento com as federações, tornando-as parceiras próximas e atuantes, o que não ocorreu. E o interessante é que Grego também chegou à CBB com o mesmo discurso… Vai entender!

Para tentar se reaproximar dos eleitores – 11 abstiveram-se  de votar, em 2009 – Carlinhos volta-se às federações. Quer promover “clínicas” no Maranhão, por exemplo, como se isso fosse o suficiente para motivar a descrente direção daquele estado.

Por ter sido um dos que não votou em Carlinhos, o presidente da Federação de Basquete do Maranhão, Manoel Castro, sofre retaliações. Mas não esconde a mágoa e manda o recado:

“Volto a dizer que não faço troca de votos ou de apoios, pois a obrigação dos dirigentes é cumprir com os compromissos do estatuto”, afirmou ele, indignado, em correspondência à CBB.

Mais: “Faço basquete com amor e responsabilidade, mas o Maranhão não vive de migalhas”, reforçou. E bateu o martelo: “Não vou me curvar diante de qualquer pessoa”.

É nesse tom que outros dirigentes dialogam com a Confederação de Basquete, o que, convenhamos, diminui a autoridade de Carlinhos. A maioria, a exemplo de Manoel Castro, cobra clareza na gestão dos recursos públicos da CBB, que tem entre seus dirigentes expressões nacionais do nível da ex-rainha Hortência e José Carlos Brunoro, uma autoridade do marketing esportivo.

Isso, porém, não ameniza a indignação de Manoel Castro. Ele cobra:
“Onde está a demonstração de despesas que nos garantiram apresentar, como consta em ata da assembléia?”.

A bronca faz sentido e é até vergonhoso que já no século 21 ainda se tenha administrações com gestões financeiras duvidosas.

Afinal, a confederação é a síntese das federações. É em nome delas que o presidente é eleito e, como tal, é para elas que deve se voltar a gestão, prioritariamente.

Porém, como ocorre em outras instituições do gênero, uma vez no cargo o cartola se esquece do eleitor, encerra o diálogo, não honra os compromissos assumidos. Pior: ignora que é o gestor de dinheiro público e não só aos presidentes de federações deve explicações, mas ao contribuinte em geral, pois é esse que financia o esporte de alto rendimento no país. Portanto, prestar contas é obrigação moral, antes de uma exigência estatutária.


“O doping e a natação brasileira”
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José Cruz

Peço licença ao agora nadador master, Rogério Romero – cinco olimpíadas no currículo –,  atual secretário-adjunto de Esporte e da Juventude de Minas Gerais, para publicar o oportuno comentário de seu blog  – “O doping e a natação brasileira, algumas estatísticas alarmantes”, com link para outro artigo, sobre a suspensão de Fabíola Molina.
Confira aqui


Segundo Tempo: nota do Ministério do Esporte
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José Cruz

Com relação às informações do Tribunal de Contas da União, aqui reproduzidas, suspendendo licitação do Ministério do Esporte para confecção de uniformes do programa Segundo Tempo, recebemos a seguinte nota oficial:

O Ministério do Esporte já apresentou todos os esclarecimentos requeridos pelo Tribunal de Contas da União sobre o processo de licitação em questão e aguarda decisão final do Tribunal. Só após essa decisão será finalizado o processo licitatório. O material licitado (8,12 milhões de camisetas e 4 milhões de bermudas) é destinado aos estudantes atendidos em convênios formalizados do Programa Segundo Tempo, em todo o país.”


Segundo Tempo: TCU suspende mais uma licitação superfaturada
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José Cruz

O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu licitação do Ministério do Esporte para confecção de uniformes destinados ao Programa Segundo Tempo, em todo o território nacional.

O TCU identificou indícios de irregularidades, como excesso na exigência de comprovação da qualificação técnica, o fornecimento dos uniformes por um único contratado e a proibição à participação de consórcios.

Diante das exigências do Ministério, 11 empresas ficaram fora da concorrência. Resultado: a proposta vencedora superou em mais de R$ 16 milhões o preço da proposta que ficou em segundo lugar.

“O relator do processo, ministro-substituto Marcos Bemquerer Costa, considerou excessiva a exigência de que as licitantes deveriam atestar documentalmente a execução de, no mínimo, 50% dos uniformes, para efeito de qualificação técnica” – informou a assessoria de imprensa do TCU.

O ministro também questionou a opção pelo fornecimento do material em escala nacional por um único contratado, em detrimento de outras formas de contratação, como o fornecimento por região.

Denúncias

O Programa Segundo Tempo tem por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social.

Nos últimos anos, porém, tornou-se um dos mais visados programas de investigação, com dezenas de denúncias de irregularidades, desvio de dinheiro e superfaturamentos, Alguns projetos estão sendo investigados pela Polícia Federal. Em Brasília, por exemplo, um projeto com suspeita de desvio de R$ 3 milhões, tem entre os denunciados o ex-ministro e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. As denúncias de suspeitas de irregularidades no Segundo Tempo são tão graves que em outubro passado provocaram a queda do então ministro Orlando Silva.


Secretário de fôlego
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José Cruz

Vascaíno detentor da comenda de “Grande Benemérito”, Luis Fernandes assumiu a secretaria-executiva do Ministério do Esporte, o segundo cargo em importância na estrutura da pasta, vice do titular Aldo Rebelo.

Real brincadeira de “boas-vindas” ao bem-humorado secretário, claro, mas a observação foi de um colorado. Ele não perdeu a ocasião de relacionar o cargo do titular ao folclore das conquistas de vices-campeonatos do simpático clube carioca.

Brincadeira de torcedor, repito, porque o cientista político – com doutorado nos Estados Unidos, Luís Fernandes retornou prestigiado à Esplanada dos Ministério –, depois de passagens por outras pastas, como a de Ciência e Tecnologia, com quem quer maior intercâmbio, de olho nos megaeventos que se aproximam.

É no gabinete do secretário-executivo que se concentrarão os principais debates e decisões sobre Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil.
Essa é mais uma mudança do ministro Aldo Rebelo, esvaziando a Secretaria de Futebol, onde estava o assunto para 2014, e que na gestão do ex-ministro Orlando Silva tinha predominância política, ao contrário de agora, de perfil técnico. A decisão ministerial recebeu o aval do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, presente à solenidade desta tarde, em Brasília.

Grupos
Com um calendário extremamente apertado diante do atraso nas frentes de trabalho para a Copa do Mundo – as obras públicas, principalmente –, o novo secretário-executivo comandará também as ações de rotina do Ministério, como reorganizar o programa Segundo Tempo – investigado por denúncias de corrupção, de longa data, e uso de cargos para campanhas eleitorais.

“É possível combinar aumento de eficiência na gestão com o estrito cumprimento da legalidade”, afirmou. Traduzindo: transparência e responsabilidade nos atos públicos.

Ação política
Político de tradição no PCdoB, o deputado federal Aldo Rebelo (SP) dá, aos poucos, novo perfil ao Ministério do Esporte, assessorando-se de pessoal com experiência técnica, indispensável para enfrentar os megaeventos, a partir da Copa das Confederações, já no ano que vem.
Assim, o ministro ficará mais liberado para as ações políticas, quer no Congresso Nacional – onde ainda tramita a Lei Geral da Copa – quer com as demais instituições, internacionais, inclusive.
A mudança é muito clara: Orlando Silva usava esses megaeventos como plataforma política para se projetar – e os companheiros, inclusive – em campanhas eleitorais. Aldo até poderá fazer isso, mas prioritariamente procura recuperar a credibilidade da desgastada pasta e, por extensão, do histórico partido ao qual pertence.

Dúvida
“As prioridades do ministério são Copa e Olimpíada, declarou o secretário Luís Fernandes.”
Mas diante do gigantismo do esporte brasileiro – com enorme abrangência em dezenas de modalidades – fico em dúvida se um gestor ocupado com megaeventos terá tempo para as questões internas, ainda frágeis na própria estrutura e crônica falta de diálogo entre os entes institucionais, e sem termos, ainda, base sólida para projetar novos talentos.

Corredor de provas de fundo, Luís Fernandes testará, agora, se tem fôlego para a exigente burocracia do esporte na Esplanada dos Ministérios.
Bem-vindo, secretário, e boa sorte ao seu Vasco da Gama.