Blog do José Cruz

Onde andará Gabiru?

José Cruz

No Correio Braziliense

Por Bernardo Scartezini

Será que o Muricy Ramalho tem conseguido conciliar o sono? Não me refiro ao fuso horário. Hoje é quinta-feira. A esta altura dos acontecimentos, quando você, incauto leitor, estiver a ler esta coluna, o time do Barcelona estará passando/terá passado a patrola sobre o Al Sadd, o desafortunado campeão catariano que lhe cruzou o caminho no Mundial de Clubes. Qualquer resultado diferente de um sacode do Barcelona pode ser encarado como uma hecatombe de proporções mazembísticas.

O que nos leva a Barcelona x Santos, jogo mais antecipado do ano como a final do Mundial. O campeão europeu chegando numa vibração diferente daquela do campeão sul-americano. Afinal, ainda no último sábado, o Barça esteve a bater o Real Madrid no Santiago Bernabéu. Uma vitória de virada que levou a equipe catalã à ponta do Campeonato Espanhol.

Já o Santos, cá entre nós, há quanto tempo não vinha levando a sério seus compromissos? No Brasil, temos a mania, um tanto por conta do calendário, um tanto por desleixo, de colocar o boi na sombra depois de vencer a Libertadores. Passar meses e meses por conta do Mundial de dezembro. O Santos fez figuração no Brasileiro-2011, fiando-se na glória conquistada.

Ou seja, enquanto o Santos passou à larga boa parte da temporada, o Barcelona vem babando. Pergunte ao Mourinho. Claro que, na hora H, a rapaziada santista vai correr atrás da pelota. Nem que seja por instinto de preservação. Mas será que o botão de liga/desliga é assim fácil de fazer funcionar? Será que o Barça não entrará naturalmente mais ligado na partida? Qual foi mesmo a última grande atuação do Santos?

Receio que estes últimos meses tenham aumentado um pouco mais o abismo que separa as equipes. O abismo que é também o abismo entre este Barcelona e os demais times do planeta. Pois o Barça é tudo isso que conhecemos — e também vai sempre um pouquinho além disso.

Gostamos de dar ênfase ao Messi, por ser tremendo craque, mas o Barça é todo um coletivo, uma engrenagem à perfeição. Iniesta y Xavi ganharam recentemente a companhia de Fábregas y Sánchez. O que era bom ficou melhor. A turma da frente não guarda posição, morde a saída adversária, gosta de ter a bola pra si, sabe manejá-la sem pressa, não erra passes. Um pouco mais atrás, uma troca de olhares entre Puyol, Piqué y Busquets é o suficiente para que mudem de lugar e façam o time assumir outra movimentação, outra formação. Sem que Guardiola precise trocar jogadores.

(Aos 42 minutos da segunda etapa, no Bernabéu, Daniel Alves abre como ponteiro e Puyol parte com a bola pela direita. O placar marca 3 x 1 — eles seguem atacando.)
Só não me pergunte como o Muricy vai fazer isso parar. Muricy, pela onda que tira e pelos cobres que recebe, deve saber mais do que eu. Talvez tenha falado sério ao dizer para seus jogadores se divertirem. Ou talvez monte uma retranca grossa lá atrás e fique esperando Neymar resolver. Eu não apostaria meus tostões nisso. Mas se deu certo pro Inter do Gabiru…

Bernardo Scartezini escreve às quintas-feiras no Super Esportes