O gosto amargo da Copa
José Cruz
Pego carona no oportuno artigo de Erich Beting — “O primeiro gol de Ronaldo no COL”, em seu blog, para comentar sobre nossas ex-estrelas que se transformam em políticos e, pela força de suas manifestações, aproximam-se dos poderosos do futebol.
Beting deixa isso muito claro ao lembrar que Ronaldo aproximou do Comitê Organizador da Copa e, por extensão, de Ricardo Teixeira, “uma das mais poderosas vozes contra o desmando na organização da Copa no país”: o deputado Romário.
Está certo que o Baixinho (com licença, excelência) não pode fugir do diálogo com todos os segmentos da sociedade. Ao contrário, deve incentivar a conversa e o entendimento.
Porém, conhecemos com quem o deputado foi conversar. E principalmente o momento em que isso ocorreu: Ricardo Teixeira está fragilizado politicamente. E vulnerável diante das denúncias e críticas internacionais.
Interceder em favor dos deficientes, como fez o deputado Romário, é elogiável, sem dúvida. Já escrevi sobre isso, nas temo que o valor da fatura seja pesada para o prestígio que ele vem construindo como parlamentar. Havia outras formas de conquistar os ingressos, sem a necessidade de aproximação de quem é suspeito de corrupção internacional.
Observem que os ingressos que o COL concederá aos deficientes serão pagos pela CBF! Ou seja, terá um custo. Nada demais, claro, para o poder econômico da instituição. Mas, diante dessa generosidade, Ricardo Teixeira ficara credor de Romário. E a tal fatura poderá ser, por exemplo, o silêncio do deputado, quando o Congresso Nacional precisar se manifestar sobre assuntos da Copa ou do próprio cartola.
Enfim, só o tempo nos mostrará a importância e o valor dessa aproximação. Particularmente, vejo como perigosa, pois aos parlamentares cabe mais a fiscalização que a troca de favores. Como escreveu Erich Beting em seu post, o primeiro encontro da dupla Ronaldo-Romário ¨ficou com um quê de gosto amargo¨.