Blog do José Cruz

Atletas, os inocentes úteis à corrupção no esporte

José Cruz

jackie

 

 

  “Sobre as dificuldades (na Confederação de Vôlei) relativas ao que saiu na imprensa, nós não sabemos realmente o que aconteceu. Então, nem posso lhe falar muito concretamente”.

(Jaqueline, estrela do vôlei, ao jornal Folha de S.Paulo)

 

 

No vôlei, uma vitória de rotina, com a Seleção Brasileira feminina chegando ao 10º título do Grand Prix.  No tênis, duas conquistas raras, ambas nos Jogos Olímpicos da Juventude, na China: prata em simples, com Orlando Luz, que voltou ao pódio em duplas para receber a medalha de ouro, ao lado de Marcelo Zormann.

Enquanto isso

Essas conquistas – comum no vôlei, inédita no tênis – ajudam a ofuscar, temporariamente, as denúncias de corrupção nas Confederações dessas modalidades.

No vôlei, o vice-presidente da Confederação, Neuri Barbieri, abriu o jogo na semana passada para mostrar “transparência”. Ficou a ideia de que o assunto se esgotava. Mas não. As denúncias são graves, houve beneficiados na própria CBV e familiares do ex-presidente Ary Graça, envolvendo dinheiro público, do Banco do Brasil, principalmente. E quem continua no comando da entidade são personagens históricos da confederação. Isenção para dar novos rumos?

No tênis, o presidente Jorge Rosa é ator de um processo do Ministério Público de São Paulo, cuja investigação policial está no fim. Brevemente teremos novidades sobre esse gestor, que já fraudou prestação de contas no Ministério do Esporte, como aqui demonstrei com provas oficiais.

Poderia evoluir para outras confederações, mas todas as denúncias nos levariam a um ponto comum: a longevidade dos presidentes em seus cargos o que provoca gestão viciada.

Nesse contexto, leiam o que disse a estrela Jaqueline, do vôlei, hoje, na Folha de S.Paulo, ao ser indagada sobre as denúncias de corrupção na CBV:

 “Sobre as dificuldades relativas ao que saiu na imprensa nós não sabemos realmente o que aconteceu. Então, nem posso lhe falar muito concretamente”.

A declaração vem de quem dá sustentação ao esporte, mas ignora o viciado sistema, sustentado por verbas do governo federal. Isso também facilita a corrupção, agora ofuscada pelos pódios de silenciosos e obedientes atletas.