Blog do José Cruz

Handebol: o exemplo que vem do estrangeiro

José Cruz

A classificação da Seleção Brasileira de Handebol feminina para uma inédita final do Campeonato Mundial deve ser analisada sob três aspectos importantes.

Inicialmente, a participação das jogadoras em equipes europeias, onde a modalidade tem fortíssimo apelo e campeonatos altamente competitivos. Foi por lá que se consagrou Alexandra Nascimento, eleita melhor jogadora do mundo no início deste ano.

A contratação do técnico dinamarquês, Morten Soubak, no Brasil desde 2005 para treinar a equipe do Pinheiros, e na Seleção desde 2009, mostra sua importância ao levar o time à decisão do título. A equipe foi quinta colocada no último Mundial, em 2011 e terminou a Olimpíada em sexto lugar.

Já internamente, o handebol é intensamente praticado nas escolas do país, revelando talentos que se destacam nas competições e logo ganham projeção no exterior. Para quem ainda tinha dúvidas, fica claro que a massificação leva a resultados desse tipo.

Estrangeiros

Atualmente, o Brasil tem 41 técnicos estrangeiros, de 21 países e atuando em 23 modalidades olímpicas. Eles são contratados com recursos da Lei Piva (2% das loterias federais repassados aos comitês Olímpico e Paraolímpico), numa política adotada pelo COB há bom tempo.

Repete-se, assim, a estratégia da Espanha, quando Barcelona recebeu os Jogos, em 1992: inundou o país com estrangeiros de primeira linha para dar rumos competitivos aos seus atletas e equipes.

Se por um lado essa medida contribui para melhorar significativamente o nível técnico de nossos competidores revela, também, que ainda somos frágeis nesse quesito, pois o intercâmbio para aprimoramento dos treinadores é pequeno por aqui.

Mas, agora, não é tempo de pensar em políticas de longo prazo, mas de soluções emergenciais para que se tenham resultados efetivos nos Jogos Rio 2016. E os técnicos estrangeiros tornaram-se estratégicos nessa decisão. Ainda bem que há muito dinheiro para isso: R$ 3,7 milhões por ano da Lei Piva e patrocínios do Banco do Brasil e Correios, com valores não revelados.

Leia aqui mais informações sobre os recursos da Lei Piva