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Pan de Toronto: sem ufanismos, se vierem medalhas no tênis
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José Cruz

As chaves do tênis feminino e masculino no Pan de Toronto são quase um torneio para juvenis e amadores, deixando de fora aqueles que irão participar dos jogos Rio-2016. Mas se medalhas forem conquistadas, certamente serão utilizadas com glória pelos desastrosos gestores da modalidade no Brasil

Por Walter Guimarães – Jornalista 

O UOL informou que, mesmo perdendo o jogo de estréia na chave de duplas do tênis feminino, o Brasil ainda disputará o bronze, por terem sido inscritas apenas sete duplas na competição.

Esse é um ótimo exemplo para a mostrar que a avaliação do número de medalhas conquistadas em Toronto deve ser feita com muito cuidado e sem ufanismos convenientes. A imprensa e nós, cidadãos, temos que fazer a própria avaliação, porque nossos gestores do esporte irão se vangloriar a cada bronze conquistado.

Beatriz-Haddad-Maia

A chave feminina de simples conta com 30 tenistas, de 15 países, sendo que, em seis deles, a única representante é justamente a única tenista ranqueada do país na WTA. Por exemplo, a guatemalteca Andrea Weedon é a 1.172ª; e a equatoriana Charlotte Romer é a 1.007ª do mundo.

O Brasil está representado pelas tenistas: Beatriz Haddad (foto), 149ª do mundo, Gabriela Cé (241ª) e Paula Araújo Gonçalves (266ª). Na primeira rodada de simples, elas enfrentarão jogadoras ranqueadas em 331ª, 186ª e 619ª, respectivamente.

Ou seja, com as tenistas que estão por lá, há boas chances de as brasileiras irem atrás de uma medalha também na chave de simples, à exceção de Gabriela Cé, que perdeu ontem à tarde para a Canadense Baby Dabrowsky, por dois sets a 1 e está eliminada do Pan. Já Paula Gonçalves venceu a chilena Daniela Seguel por 2/6, 6/3 e 7/6. A melhor classificada no evento é a norte-americana Lauren Davis, 75ª do mundo.

Se trouxerem qualquer medalha, lógico que devemos comemorar. Mas, comemorar apenas o fato delas conseguirem romper barreiras que foram colocadas pelos nada “sapientes” cartolas da Confederação Brasileira de Tênis. Incrível como não conseguiram aproveitar a onda que “um tal” Gustavo Kuerten trouxe para o Brasil. Pensar que o “manezinho” foi tricampeão em Roland Garros, ganhou cinco Masters Series (como eram conhecidos os Masters 1000), além de terminar como Nº 1 no, cada vez mais longínquo ano de 2000.

Critérios

Afinal, qual foi o critério dos gestores para a escolha dos representantes da chave masculina no Pan de Toronto – Orlando Luz (570º do mundo e 18º no “ranking brasileiro”), João Menezes (658º e 23º) e Marcelo Zormann (817º e 31º do Brasil)? Desses, apenas o mineiro João Menezes ganhou seus dois primeiros jogos, e na terceira rodada enfrentará o equatoriano Gonzalo Escobar, 284º do mundo.

Por que Teliana Pereira, Thomaz Bellucci e João Souza, o Feijão, não estão por lá? Seria por causa do calendário deles? Mas eles não recebem patrocínio de uma estatal e fazem parte do milionário Plano Brasil Medalhas, nascido no Palácio do Planalto, também para representar o país em eventos desse nível?

Por que não usar o Pan como treinamento para os Jogos Rio-2016? Por que tratar o evento de Toronto como um “torneio Future”, normalmente disputado por juvenis? Talvez porque o nível do torneio seja mesmo de um “Future”, mas, daí, não vale vangloriar se o João Menezes trouxer uma medalha. Como já disse, sem ufanismo.

Foto: blog Jurerê Internacional


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