“Vaquinhas”, a modernidade no Brasil Olímpico
José Cruz
A esgrimista paranaense Giulia Gasparin, que disputa pela Sogipa, de Porto Alegre, tem Bolsa Atleta Internacional (R$ 1.850,00). O valor não é suficiente para financiar treinos e competições na Europa, como ela deseja, para melhorar tecnicamente e crescer no ranking e na equipe brasileira.
Como outros atletas, Giulia faz campanha de doações pela internet. Uma “vaquinha” para recolher os R$ 10 mil que faltam para ir à Europa. A notícia está aqui.
Em seu blog, Giulia escreveu:
“A esgrima é um esporte que esteve em todos os Jogos Olímpicos desde a primeira edição. Mas infelizmente há poucos recursos para este esporte, especialmente no Brasil. E tenho que pagar por todas as minhas despesas relacionadas ao esporte, incluindo equipamento (que são caros) e campeonatos”.
Enquanto isso…
… esta notícia contrasta com o pote de ouro da verba pública. Este ano, são R$ 2.6 bilhões disponíveis para o alto rendimento.
FONTES – 2014 | ORÇAMENTO R$ |
Lei de Incentivo ao Esporte | 400.000.000,00 |
Lei Piva (previsão) | 170.000.000,00 |
Patrocínio Estatais (estimativa) | 200.000.000,00 |
Bolsa Atleta | 183.000.000,00 |
Orçamento ME Alto Rendim. | 1.700.000.000,00 |
TOTAL | 2.653.000.000,00 |
Os recursos saem de várias fontes, mas, em muitos casos, vão para um mesmo projeto, onde se concentram os atletas prontos, a elite, para os que já recebem até R$ 70 mil mensais só de patrocínios. Além disso, recebem as bolsas mais valorizadas (R$ 15 mil mensais) e ainda têm todo seu treinamento, competições e viagens financiadas pelo governo.
Talvez por isso faltem recursos para os que estão na base, na iniciação e, principalmente, para os atletas em formação, indispensáveis para a renovação das equipes.
Nessa realidade em que contrastam fartura e desperdício, e na falta de iniciativas do Ministério do Esporte para corrigir essa distorção, a velha e fiel “vaquinha” continua sendo a “modernidade” do Brasil olímpico.