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Arquivo : transparência

CPI do Futebol: o medo da CBF de revelar os contratos da Seleção
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José Cruz

A gravíssima situação da economia, a prolongada crise política entre os poderes da República e os avanços da operação Lava-Jato são decisivos para colocar em plano menor os debates da CPI do Futebol, por mais sérias que sejam as denúncias de corrupção na CBF. O  “7×1”,  síntese do flagelo do esporte, já ficou no esquecimento das excelências.

CPI VaziaTambém o evidente desinteresse do relator, senador Romero Jucá, jogando para “melar” as investigações, em vez de se empenhar para esclarecer as denúncias, freia o ritmo de trabalho idealizado pelo presidente da CPI, o senador Romário. Na maioria das vezes, as reuniões são vazias, como no depoimento de Andrew Jennings (foto), o jornalista que detonou o esquema de corrupção na Fifa.

Justiça

Já a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de vetar a abertura dos contratos de patrocínio da CBF na CPI é indício de que a Justiça não está convencida de que o patrimônio “futebol” foi usado para enriquecimentos ilícitos, evasões de divisas, sonegações fiscais etc – realidades identificadas nas CPIs de 2001!

Afinal, por quê esconder esses contratos que envolvem jogos da Seleção, direitos televisivos, acordos com patrocinadores etc? Por quê não escancarar a transparência e demonstrar que os negócios foram legais, lícitos? Por quê o medo?

O medo é que esses contratos revelem, por exemplo, sobre comissões, quem recebia quanto e, quem sabe, se as operações financeiras ocorreram em paraísos fiscais. Nesse caso, interesse maior da Receita Federal, claro.

Mas, escondendo os contratos, crescem as suspeitas de falcatruas. E o principal indício de que há ilegalidade resume-se na prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, já por quatro meses, na Suíça.

Enquanto isso…

…o atual cartola maior do futebol, Marco Polo del Nero, esconde-se no Brasil, onde circula com tranquilidade, como um exilado seguro na própria pátria. Mas, se sair o bicho pega…


Esgrima: ainda falta transparência nos gastos de verbas públicas
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José Cruz

Cartolas, gestores, políticos e autoridades do esporte já se mobilizam para renovar a Lei de Incentivo ao Esporte, que se esgotará em dezembro. Sobre a execução, vantagens e desvantagens dessa fonte de R$ 400 milhões/ano escreverei no decorrer da semana. Essa lembrança remete ao dinheiro público disponível e à escassez de gestão, em alguns casos com impressionante amadorismo e irresponsabilidade, diante do gigantismo da preparação de atletas de nível olímpico.

A CBE (Confederação Brasileira de Esgrima) é o mais recente exemplo neste sentido. Dados do Siconv, que é o sistema oficial de transparência sobre a execução de convênios, mostram que a CBE recebeu R$  2,3 milhões do Ministério do Esporte, em dois convênios. Mas, em ambos, CBE não conseguiu executar o programado e devolveu R$ 1,1 mihão (valores atualizados devido às aplicações bancárias, de lei).

CONVÊNIO   VALOR       R$   APLICADO      R$ DEVOLVIDO        R$
    20111.292.249,001.136.654,11   163.402,56
    20121.101.702,21   122.497,15   995.648,06

Executora

No convênio, de 2011, para a compra de materiais, a empresa SB Promoções recebeu R$ 78 mil, como executora do contrato. No segundo convênio (para competições e estágio de atletas) foram pagos R$ 98,4 mil à SB. Sem alcançar o objetivo, a devolução ao Ministério foi de 80% do valor recebido. Então, porque pagar a quem não atendeu às exigências do contrato? Ironicamente, foi nessa situação que a esgrimista Élora Ugo teve seu treinamento suspenso para os Jogos Rio 2016.  historia-da-esgrima

Pior:

Na execução do convênio de 2011, não há registros oficiais no Siconv que comprovem a distribuição de material adquirido, no valor de R$ 320.068,50. Isso representas 37% dos R$ 865.229,0o investidos nas compras.

Mas a CBE diz o contrário: “A Confederação afirma que todo material foi distribuído aos atletas da equipe principal de acordo com a necessidade de cada um.” Agora, será preciso esperar pela análise da prestação de contas junto ao Ministério do Esporte, para esclarecer sobre o paradeiro do valioso material .

Foi a partir dessas informações, oficiais, que a esgrimista Élora Ugo denunciou o desprezo para com os atletas. Mesmo com dinheiro para competições e treinos, a Confederação de Esgrima não executou o projeto, apesar de dispor de dois anos, sendo um de prorrogação.  Agora, o objetivo é, também, localizar o paradeiro de materiais no valor de R$ 320 mil…

Pode ser que nesta sexta-feira a diretora da Associação Brasileira de Esgrimistas, Maria Júlia Herklotz, obtenha respostas a essas dúvidas de gestão, na primeira reunião entre atletas e CBE para tratar de “transparência” na gestão do dinheiro público para a esgrima.


Patrocinadores estão assustados com a falta de transparência no esporte
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José Cruz

A Atletas pelo Brasil, o Lide Esporte, o Instituto Ethos e empresas que investem no esporte de alto rendimento querem “ética e transparência” na gestão dos recursos que investidos.

dinheiro  Um comunicado assinado por poderosos patrocinadores (Banco do Brasil, Nestlé, Voks, Natura etc) demonstra preocupação “na associação de suas marcas com uma melhor gestão e transparência, na utilização dos recursos de patrocínio e têm grande responsabilidade com os rumos e os resultados do país no esporte de alto rendimento.”

Rumos

Então, se essa preocupação parte de quem financia o esporte é porque a situação é grave. E não é de hoje. E isso acontece, também, pela falta de rumos, apesar de termos um ministério específico, mas, igualmente, suspeito de corrupção, falta de definições e prioridades para o dinheiro que administra.

Porque, enquanto o Ministério do Esporte não analisar com rigor as prestações de contas do dinheiro que libera, passa a ser cúmplice das falcatruas, descobertas ao acaso, como ocorreu com a Confederação Brasileira de Tênis, a de Hipismo etc.

Quem é quem?

A união de forças como essa surgida em São Paulo é oportuna. Mas estamos atrasadíssimos em todas as frentes. Faltam definir competências a todos os entes do esporte. Nos últimos anos, há uma evidente concorrência do Ministério do Esporte com o Comitê Olímpico. Isso está claro na farta liberação dos recursos em Brasília, enquanto o COB tem um projeto com objetivos e visão integrada.

Na prática, são dois órgãos – um técnico-privado e outro público-político – disputando os mesmos cliente$, já turbinado$ por outras fontes, públicas, principalmente. Quem discute sobre essa desordem, que leva ao desperdício e, por isso, incentiva a corrupção e injustiças que, agora, os patrocinadores agem para estancar?

Quem discute, também, sobre a ineficiência das federações, muitas falidas, desacreditadas e que servem apenas para dar sustentação aos poderosos das confederações, onde se concentram os valorizado recursos públicos?

Todas as ações para melhorar são bem-vindas, mas o ponto de partida é discutir sobre a estrutura que aí está, falida e suspeita. E, por isso, ameaçando expor na bagunça esportiva marcas poderosas de já assustados patrocinadores.


Vôlei abre as portas para conversar com jornalistas
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José Cruz

O presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Walter Pitombo Laranjeiras (foto), e demais diretores receberão a imprensa para um bate-papo, amanhã, quando também será apresentada a nova equipe de comunicação da entidade.

Pitombo

Nesse encontro, espero conhecer o relatório da auditoria que avaliou a gestão do presidente anterior, Ary Graça. A CBV, como as demais confederações e todas as entidades que praticam o esporte de alto rendimento, são sustentadas por verbas públicas: Ministério do Esporte, Lei de Incentivo, Lei Piva, estatais, além de recursos municipais e estaduais, e isso sugere transparência total.

No ano passado, a CBV registrou o recebimento de R$ 31 milhões em convênios federal, estadual e municipal. E outros 29 milhões de patrocínios, aí incluído o Banco do Brasil, principal parceiro, conforme registro no balanço de 2013.


Resultados das Seleções escondem problemas na gestão do vôlei
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José Cruz

Os problemas da gestão na Confederação Brasileira de Vôlei são antigas, de 1997, quando o TCU identificou irregularidades no patrocínio com o Banco do Brasil. Essa “memória”, que recuperei no processo 925/97-7 do Tribunal, está no final deste artigo.

Em setembro do ano passado divulguei que a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) enfrentava problemas de gestão financeira. Em março deste ano, o repórter Lúcio de Castro publicou os primeiros indícios de que a coisa ia mal, inclusive com o pagamento de comissão, para ex-diretores da CBV negociarem o contrato de patrocínio com o Banco do Brasil. Na semana passada, soubemos como as promoções do vôlei transformaram-se negócios de família, envolvendo o ex-presidente Ary Graça.

Estamos em agosto, a um mês de completar um ano das primeiras denúncias. A CBV já tem o relatório da Price Waterhouse sobre auditoria realizada. A questão é tão grave, que o ex-presidente, Ary Graça (foto), se demitiu. aryyy

Há quase dois anos na presidência da Federação Internacional de Vôlei, Ary queria dirigir a CBV à distância, tendo seu vice, Walter Pitombo Larangeiras, como seu representante. Diante das denúncias, pediu as contas.

Em quadra, é a modalidade esportiva mais vitoriosa no país, apesar de, internamente, nossas competições estarem limitadas a meia dúzia de estados e a apenas 12 equipes de cidades da elite da economia brasileira. Logo, a diretoria da CBV não pode usar a euforia das conquistas nas quadras para esconder a realidade de sua gestão financeira, iludindo o torcedor como se ali tivéssemos modelo administrativo equivalente ao esportivo.

E se o vôlei se tornou “escola de referência internacional” é porque há 23 anos tem patrocínio do Banco do Brasil, em todas as categorias. A CBV também recebe das loterias, via Comitê Olímpico, e de convênios com o Ministério do Esporte. Portanto, é uma instituição financiada por verbas públicas. Logo, a transparência deve ser pública. Mas é escondida.

Afinal, o relatório da auditoria será encaminhado ao Ministério Público? Os nomes até aqui denunciados estão mesmo envolvidos em falcatruas? Há outros personagens além dos divulgados até aqui? Quem? Desde quando? A Polícia Federal deve investigar se houve enriquecimento ilícito? Quem, enfim, decidirá sobre o destino desse tal relatório?

Memória Importante

Em 1997 a Confederação de Vôlei figurou num episódio estranho, identificado pelo TCU (Tribunal de Contas da União), quando Ary Graça já era presidente, em substituição a Carlos Arthur Nuzman. O Tribunal chegou a esse caso a pedido do então deputado federal Augusto Carvalho.

O TCU comprovou que  houve significativa redução na quantidade de etapas do Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia: 19 etapas realizadas em 1994, 17, em 1995 e apenas 10 em  1996. Mas o valor do contrato com o Banco do Brasil não foi alterado: R$ 10,5 milhões para as três temporadas. E, surpreendentemente, foram pagos pela CBV 40% de comissão à Sport Media, segundo o TCU.

O ministro relator desse processo, Fernando Gonçalves, aprovou a proposta dos auditores e, quem sabe, a diretoria da CBV tivesse que devolver o dinheiro das etapas de vôlei de praia não realizadas.

Porém, o ministro Gonçalves adoeceu e novo relator do processo foi o ministro Adhemar Ghisi, que já morreu. Seu relatório foi favorável à CBV, alegando que a parceria com o Banco do Brasil “era bem sucedida”.

Mais

Sobre a redução das etapas de vôlei de praia, vejam o que decidiu o ministro Ghisi:

“Na realidade, não houve um descumprimento de cláusula contratual que tenha redundado na redução das etapas do circuito de vôlei de praia. Na verdade, o que ocorreu foi a ausência de previsão contratual para o número de tapas nos anos de 1995 e 1996, o que possibilitou sua redução”.

Ou seja, como não previram, a CBV fez o que bem entendeu. O Banco do Brasil pagou e não levou. E o dinheiro que sobrou não se sabe onde foi aplicado. E o TCU, através do então ministro Ghisi, disse que isso era muito normal.

Ajuda?

Bernard “jornada nas estrelas” Rajzman, premiadíssimo jogador de vôlei e, há bom tempo, destacado diretor do Comitê Olímpico do Brasil, é genro do ministro Adhemar Ghisi.

 


Derrotado na Liga Mundial, vôlei ainda deve transparência em suas contas
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José Cruz

Cinco meses depois das denúncias de irregularidades no uso de verbas públicas pela Confederação Brasileira de Vôlei, ainda não se tem notícia oficial sobre resultados da auditoria financeira

A Seleção Brasileira de Vôlei perdeu para os Estados Unidos por 3 x 1, hoje, na Itália, valendo o título da Liga Mundial. Depois de dois excelentes primeiros sets, o time do técnico Bernardinho desandou e foi abatido pelos norte-americanos, campeões depois de seis anos.

Enquanto isso…

Internamente, foi concluída a auditoria nas contas da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), para apurar denúncias de irregularidades no uso de verbas públicas, que dão sustentação financeira à entidade.

A questão é: o resultado irá ao Ministério Público, para ampliar a investigação e pedir a quebra de sigilo bancário dos nomes envolvidos nas denúncias?

Como divulgado em março, foi confirmado o pagamento de comissões de até R$ 10 milhões a ex-funcionário da CBV, para intermediar patrocínios com o Banco do Brasil. O banco, por sua vez, declarou que as negociações e acordos sempre foram diretamente com a CBV.

E agora?

A evolução desse processo é importantíssima, a fim de que se tenha a transparência indispensável na gestão de verbas públicas do esporte.

E essa é ótima oportunidade para passar a limpo a gestão de uma entidade que nos últimos 40 anos esteve nas mãos de apenas dois gestores, Carlos Arthur Nuzman (de 1975 a 1997) e Ary Graça (1997 a 2013). E, nesse tempo, um vice-presidente comum, Walter Pitombo Larangeiras, o Toroca, atual presidente.

Logo, o atual mandatário da CBV deve se interessar em trazer a público os resultados da auditoria. Afinal, ele esteve intimamente vinculado à diretorias anteriores, acusadas de terem escondido as tais irregularidades.

Alagoano, Toroca já foi vereador em Maceió como um dos principais aliados ao senador Renan Calheiros.


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