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Taekwondo e o jogo do vale tudo para se dar bem no esporte olímpico
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José Cruz

A tentativa de Anderson Silva (foto) de entrar pela porta dos fundos na seleção de taekwondo, rumo aos Jogos Rio 2016, é mais um episódio nos tempos modernos do esporte, movido por muitos milhões de verbas públicas. Os princípios históricos do olimpismo e a ética do atleta, em geral, são jogados no lixo. Vale a exposição na mídia e, em decorrência, dinheiro no bolso.

Anderson

Nos Jogos de Londres, 2012, o lutador Diogo Silva, derrotado na categoria 68kg do taekwondo, já alertava: “Sem medalha a gente volta para o buraco”. E o buraco é isso, sem Bolsa Atleta, sem mídia, sem patrocínio. E essa realidade nos leva à era do “vale tudo” para chegar ao pódio.

Por exemplo:

Em 2011, as Forças Armadas incorporaram 330 atletas profissionais – atualmente são 660 – no Exército, na Marinha e na Aeronáutica, para termos um time forte nos Jogos Mundiais Militares do Rio de Janeiro.  Resultado. O Brasil saiu de um 33º lugar nos Jogos da Índia, em 2007 (apenas três medalhas) para a primeira colocação, com 114 medalhas.

O espetacular salto na conquista de pódios, em apenas quatro anos, é uma fraude vergonhosa. A maioria dos atletas campeões não foi resultado de treinos, de rotinas da caserna ou dos princípios e normas militares. Eram civis, enxertos de luxo e de ocasião, que contribuíram para mostrar uma pátria militar-esportiva de mentira.

Há bom tempo, temos um processo para a equipe nacional ter o reforço de 22 atletas estrangeiros, em processo de naturalização, alguns sem vínculo sanguíneos com brasileiros. E quem incentiva isso é o (COB) Comitê Olímpico do Brasil, diante da necessidade de uma delegação capaz de ganhar medalhas que nos coloquem no top 10 dos países olimpicamente desenvolvidos. Se for assim, ficará a ilusão de que somos um país esportivamente forte. Nem questiono o fato de 44 técnicos estrangeiros estarem atuando nas confederações esportivas. Só isso já revela o fracasso do nosso sistema esportivo. É outra discussão.

Agora vem Anderson Silva, com o apoio do presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo, que tem apoio da Petrobras, tentar passar uma rasteira nos atletas que há anos se preparam para o evento maior, no Rio de Janeiro. Lembra o esperto que fura a fila do banco, do cinema, por aí.

Finalmente:

Como escreveu na rede social a jornalista Fabiana Bentes, que dirige o excelente Esporte Essencial:

O que faz a Petrobras no backdrop?

O que faz um atleta suspenso no UFC por doping ser apto a participar do movimento olímpico?

O que faz um presidente de confederação fazer coletiva ao lado de um atleta que não é da seleção?

Bueno, a Petrobras, patrocina a Confederação de Taekwondo e, no caso, entrou de carona numa jogada fraudulenta de marketing E tem, “Furnas Educação” no backdrop, como patrocinadora, outra estatal.

Eu disse educação? Esqueçam.


Atletas da esgrima pagam para exibir marca da patrocinadora
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José Cruz

Por que os atletas da esgrima queixam-se que falta apoio da Confederação para viagens?

Petrobras –  A pergunta deve ser encaminhada à Confederação Brasileira de Esgrima, a quem cabe gerir os recursos de seus patrocínios e de outras fontes, como da Lei Piva, por exemplo. No que diz respeito ao contrato de patrocínio com a Petrobras, seu objetivo é dar visibilidade às marcas da empresa, bem como obter direitos promocionais, através de contrapartidas e obrigações estabelecidas contratualmente, sendo estes, portanto, os itens a serem fiscalizados.

Conclusão:

Como os atletas usam os seus agasalhos para  “dar visibilidade às marcas” da patrocinadora, mas eles devem ser comprados na Confederação de Esgrima, conclui-se que os competidores da modalidade pagam para exibir o nome da empresa patrocinadora.

Nos últimos três anos, a CBE (Confederação Brasileira de Esgrima) recebeu R$ 8,47 milhões de patrocínio da Petrobras. Mas atletas da nova geração, principalmente, queixam-se da falta de apoio nas viagens oficiais, pagas do próprio bolso e ajuda dos pais e amigos.

Segundo a Petrobras informou (entrevista a seguir), a gestão do programa Esporte e Cidadania, que engloba o patrocínio a cinco modalidades, deixou de ter gestão do Instituto Passe de Mágica “para oferecer aos atletas as melhores condições de treinamento para a melhoria do desempenho técnico, conforme a melhor utilização possível dos recursos disponíveis”.

Os patrocínios

Dos R$ 100 milhões previstos no programa “Petrobras Esporte e Cidadania”, destinados a cinco modalidades, neste ciclo olímpico, a Petrobras aplicou R$ 48 milhões no boxe, esgrima, remo, levantamento de peso e taekwondo. A 16 meses dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a estatal ainda dispõe de  R$ 52 milhões para a preparação de atletas.  images

Outros R$ 13 milhões são do programa Petrobras Esporte de Alto Rendimento,  destinados ao judô.

Para a CBE (Confederação Brasileira de Esgrima), a Petrobras repassou R$ 8,47 milhões, mas atletas da nova geração queixam-se da falta de apoio da entidade, principalmente nas viagens oficiais.

Sobre este assunto, a Petrobras respondeu o seguinte:

Blog – A Petrobras ainda mantém a parceria com o Instituto Passe de Mágica para o Programa Petrobras Esporte e Cidadania?

Petrobras –  A companhia passou a patrocinar diretamente as Confederações, tendo em vista o objetivo principal do Programa Petrobras Esporte e Cidadania, que é oferecer aos atletas as melhores condições de treinamento para a melhoria do desempenho técnico, conforme a melhor utilização possível dos recursos disponíveis. O Instituto Passe de Mágica continua dando assessoria técnica-desportiva no que diz respeito às cinco modalidades que fazem parte do Programa Petrobras Esporte e Cidadania.

Blog – Quais são as modalidades patrocinadas?

Petrobras – As modalidades patrocinadas dentro do Programa Petrobras Esporte e Cidadania são boxe, esgrima, levantamento de peso, remo e taekwondo. O patrocínio ao judô faz parte do Plano Brasil Medalhas, lançado no final de 2012 pelo Governo Federal, com o objetivo de colocar o Brasil entre os 10 primeiros países nos Jogos Olímpicos Rio/2016. Não houve qualquer troca do taekwondo pelo judô, visto que são dois programas diferentes, conforme esclarecido acima.

Blog – Quanto já foi investido, dos R$ 100 milhões anunciados inicialmente, no programa Petrobras Esporte e Cidadania?

Petrobras – Os valores investidos até 2014 são:

a) Programa Petrobras Esporte e Cidadania, iniciado em 2011:

CONFEDERAÇÃOR$ Milhões
Boxe12,11
Taekwondo9,95
Remo9,89
Esgrima8,47
Levant. de Peso7,66
TOTAL48,08

 

Cabe esclarecer que a previsão inicial era que a empresa desembolsasse até 2014 cerca de R$ 100 milhões (média de R$ 20 milhões por ano). No entanto, como o desembolso dos valores é feito de acordo com as demandas das confederações patrocinadas e dos recursos orçamentários, o valor desembolsado ficou abaixo do previsto.

b) Programa Petrobras Esporte de Rendimento: Judô (iniciado em 2013), R$ 13 milhões

Blog –  Por que os atletas de esgrima queixam-se que falta apoio da Confederação para viagens?
Petrobras –  A pergunta deve ser encaminhada à Confederação Brasileira de Esgrima, a quem cabe gerir os recursos de seus patrocínios e de outras fontes, como da Lei Piva, por exemplo. No que diz respeito ao contrato de patrocínio com a Petrobras, seu objetivo é dar visibilidade às marcas da empresa, bem como obter direitos promocionais, através de contrapartidas e obrigações estabelecidas contratualmente, sendo estes, portanto, os itens a serem fiscalizados

Blog – Quais as exigências da Petrobras para que os atletas usem uniformes com a marca da patrocinadora?

Petrobras – É obrigação contratual que todos os atletas que fazem parte do projeto ou que estejam competindo oficialmente pela Confederação utilizem uniformes com a marca da Petrobras.

LEIA, AMANHÃ:

Manifestação da presidência da Confederação Brasileira de Esgrima a todos os assuntos abordados pelo blog.


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