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A “Teoria do Tostines”, Lulu Santos e o esporte brasileiro
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José Cruz

Ricardo Cabral

Professor de Educação Física da UERJ e gerente de Polo Aquático da CBDA

Não me recordo se foi no final dos anos 80 ou início dos anos 90,  a campanha publicitária do biscoito Tostines suscitou  reflexões no campo da sociologia, da psicologia,  da comunicação, ente outras.

Para quem não lembra, era aquela  questão: “O biscoito Tostines vendia mais porque estava sempre fresquinho ou estava sempre fresquinho porque vendia mais”?

Levando a “teoria”  para a nossa realidade esportiva, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Rio 2016, podemos perguntar: o Brasil (no caso específico, a cidade do Rio de Janeiro) sediará os Jogos por ser uma nação esportiva ou passará a ser uma nação esportiva após os Jogos Olímpicos?

psicologia-do-esporte Afinal, o que significa ser uma “nação esportiva”?

De uma forma simples, podemos dizer que seria um país que democratizasse verdadeiramente o esporte em suas diferentes áreas de manifestação (formação, lazer e alto rendimento),  dando oportunidades de práticas através de políticas públicas eficazes.

Costumo, de forma resumida, mas bem explicativa, definir que “política pública” é o Estado Ação. Em outras palavras, o que fez ou o que faz o Estado para garantir a prática esportiva para uma população ativa, principalmente, de crianças e jovens?

Apesar das críticas que fazemos aos poucos avanços e conquistas nesta área, não podemos deixar de reconhecer alguns progressos.

Hoje, temos um Ministério específico, coisa que em  décadas passadas não existia, quando o esporte era atrelado a outras áreas. Pasmem! Até ao Turismo já foi vinculado!  Mesmo assim, ainda acho muito pouco, para quem vai sediar o maior evento esportivo do planeta.

Verbas  por  vezes mal aplicadas, distribuição focando praticamente no alto rendimento, ausência de políticas efetivas de esporte de formação, ausência de conexão entre a base, detecção de talentos e o alto rendimento, Cursos de Educação Física que passaram a relegar o esporte a segundo plano, ausência de gestores que conhecem efetivamente o esporte e suas necessidades, estão entre algumas de nossas necessidades esportivas mal atendidas.

No alto rendimento, no qual trabalho, também, de forma direta, as Leis de Incentivo, os Convênios, os patrocínios das Estatais, a Lei Agnelo Piva/COB, contribuíram de forma efetiva para uma melhora no quadro. Mas, também, ainda muito pouco. Vivemos num castelo de areia, que a qualquer momento pode ruir.

Voltando à “Teoria do Tostines” para tentar explicar a relação de sermos uma Nação Esportiva para sediar os Jogos ou sediar os Jogos para nos tornarmos uma Nação Esportiva: infelizmente, minha percepção é a de que nem um nem outro.

Não fizemos por merecer sediarmos os Jogos por não sermos uma Nação Esportiva. E não seremos (espero estar errado) uma Nação Esportiva após sediarmos os Jogos do Rio 2016.  Continuaremos com ações isoladas, umas eficazes, outras não.

Projetando para o pós-Jogos, me veio à cabeça a música do Lulu Santos: “Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim…”

 

NR: a ilustração deste artigo é do site Lendo Mais: http://www.lendomais.com.br/


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