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MP do futebol e o buraco nas finanças dos clubes: dívida de R$ 6,6 bilhões
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José Cruz

Se há uma coisa bem organizada no Brasil, é o futebol. A MP  enviada pela presidente Dilma foi para ajudar os clubes. … É preciso discutir. Para mim, ninguém tá certo nem errado”

(senador Omar Azis (PSD/AM), presidente de honra do Nacional do Amazonas).

Na audiência pública sobre a dívida fiscal dos clubes, o consultor de esportes, Amir Somoggi, mostrou  que o ano de 2014 foi o pior da história financeira do futebol, quando os clubes da Série A acumularam um déficit de R$ 598 milhões. Já o endividamento total somou R$ 6,6 bilhões. As principais dívidas são trabalhistas, bancárias, fiscais e com fornecedores.

Pior!

“As receitas desses vinte clubes não crescem há três anos, mas as dívidas evoluem”, disse Amir “Há uma dependência quase extrema das cotas de televisão, pois os patrocinadores não colocam mais recursos. Falta criatividade no marketing do futebol e os estádios continuam vazios”.

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E alertou:

“Daqui a alguns anos vamos estar falando em déficit de bilhões”! Amir Somoggi analisou os balanços de 2014 dos vinte principais clubes.

“As entidades do futebol insistem em um modelo de gestão sem racionalidade, insustentável e que caminha de lado. Mesmo que se resolva a questão fiscal, não se resolverá a gestão. Temos que forçar os clubes a reequalizar suas finanças. Se não repensarmos o modelo de administração do futebol brasileiro, ainda veremos clubes tradicionais fechando as portas”.

Modelo antigo

O advogado Pedro Trengrouse, da Fundação Getúlio Vargas, criticou a estrutura do nosso fuebol (clubes, federações, CBF). “Esse modelo foi criado na ditadura do Estado Novo, quando se determinou que seria uma única entidade a gerir o esporte.” Para ele, não adianta resolver o problema da dívida fiscal, porque o momento é de fragilidade dos clubes. “Essa discussão não pode ficar apenas na questão da dívida fiscal”, alertou.

O jornalista Walter de Mattos também acredita que a solução da dívida fiscal, previstas na MP 671, não é decisiva para solucionar os problemas gerais das finanças do futebol, amparados por sistema frágil e receita estagnada. Isso se deve, segundo Walter, a três questões preliminares: as federações e a CBF não se ocupam da melhoria do futebol; incapacidade para os clubes manterem bons jogadores no Brasil; e a baixa qualidade técnica dos jogos.

Por fora

Na audiência, realizada no Senado, terça-feira, ficou evidente que a maioria dos deputados e senadores da Comissão Mista não estão atualizados sobre o tema. Tivemos preciosidades assim?

“Se há uma coisa bem organizada no Brasil, é o futebol. A MP enviada pela presidente Dilma foi para ajudar os clubes. … É preciso discutir. Para mim, ninguém tá certo nem errado”, resumo do discurso do senador Omar Azis (PSD/AM), presidente de honra do Nacional do Amazonas.

Ou…

“Se o governo não ajudar agora, vai acabar! É só isso que se precisa, que o governo ajude o futebol! …” (Deputado Danrlei de Deus – PSD/RS).

Vai fechar

A reunião terminou com três parlamentares debatendo (foto). No plenário, apenas Andres Sanchez (PT/SP) ficou até o final, fora a presença protocolar do presidente da Comissão, Sérgio Petecão (PSD/AC)  e do relator, Otávio Leite (PSDB/RJ), e ausências importantes, como a do senador Romário (PSB/RJ).

Memória da CPI

A Medida Provisória é uma conquista do futebol…  Sou comunista, mas defendo um choque de capitalismo no futebol… Como enfrentar a desigualdade do futebol diante da realidade das desigualdades regionais”? (Deputado Orlando Silva (PCdoB/SP)

Sabe nada

Temos um futebol de mentira num país de hipócritas. A estrutura é desleal. Essa Medida Provisória é uma vergonha. O Mercadante é do meu partido (PT), mas ele não conhece nada disso … Sou da base do governo, mas está claro que o governo não quer ajudar… O maior problema dos clubes é a dívida trabalhista ... (Andres Sanchez – PT/SP)

Burrice

Deputado Deley (PTB/RJ):  “Estão me cutucando para ser presidente do Fluminense”

Deputado Andres Sanchez: “Não seja burro!

No próximo artigo: as contas dos clubes, segundo Amir Somoggi


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