Blog do José Cruz

Arquivo : Pan 2015

Vitoriosa no Pan, natação brasileira ganharia apenas uma medalha olímpica
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José Cruz

Equipe brasileira fez a festa na piscina do Centro Aquático do CIBC de Toronto. Festa pelas 26 medalhas, com 10 de ouro, 6 de prata e 10 de bronze. Festa para Thiago Pereira, o “homem do Pan”, maior medalhista da história desta competição. Festa para Etiene Medeiros (foto), a primeira nadadora a escutar o Hino Nacional, batendo a mão antes de todas, nos 100m estilo costas. Sem dúvida, um belo motivo para se festejar

EMedeiros

Por Walter Guimarães – Jornalista

Tanta festa a 10 dias do Mundial de Kazan seria motivo para esperanças de conquistas nas águas do verão russo, ou mesmo na Rio-16? Infelizmente não. Os nomes que podem trazer medalhas do Mundial são os mesmos, pelo menos por enquanto, dos recentes mundiais e Jogos Olímpicos.

Basta comparar os resultados do Pan de Toronto com os tempos obtidos nos Jogos de Londres, há 3 anos, e perceber que:

– Com os tempos das 40 finais individuais que os atletas chegaram em Toronto, o Brasil teria participado em apenas 11 finais em Londres, nove no masculino e apenas duas no feminino, ambas com a Etiene Medeiros;

– Das 26 medalhas conquistadas no Canadá, apenas o Felipe França teria conquistado um bronze em Londres;

– Todas as equipes de revezamento conseguiram medalhas, os homens só as douradas, mas na piscina olímpica a história seria bem diferente, conseguiríamos um 5º lugar com muita luta.

Desfalque

Os mais otimistas, ou, melhor, os mais ufanistas podem falar que o principal nome da natação brasileira, César Cielo, não estava em Toronto, preferiu se concentrar na piscina do Mundial, da mesma forma da quase a totalidade da equipe de ponta americana.

Escutei nadadores felizes com os tempos registrados em Toronto, por estarem na fase final dos treinos, que ainda nem fizeram a “raspagem”. Pois é, mais um esporte que na hora da verdade, nem a raspa do tacho de tantos recursos repassados nos últimos anos fará com que se mude o caldo. Vai Brasil !!! Respire que o caldo parece que vai ser feio.

Resultados comparativos

Entre parêntese, a colocação ou em qual fase cada atleta chegaria, em relação aos Jogos de Londres

MASCULINO

50m livres: 2º Bruno Fratus – 21’91” (8º)

100m livres: 3º Marcelo Chierighini – 48’80” (semifinal) e 7º Matheus Santana – 49’58” (eliminatória)

200m livres: 1º João de Lucca – 1m46’42” (6º) e 5º Nicolas Oliveira – 1m47’81” (semifinal)

400m livres: 3º Leonardo de Deus – 3m50’30” (eliminatória)

1.500m livres: 3º Brandonn Almeida – 15m11’70” (15º) e 7º Lucas Kanieski – 15m23’91” (20º)

100m costas: 2º Guilherme Guido – 53’35” (5º)

200m costas: 3º Leonardo de Deus – 1m58’27” (semifinal)

100m peito: 1º Felipe França – 59’21” (3º)2º Felipe Lima – 1m00’01” (8º)

200m peito: 1º Thiago Simon – 2m09’82” (semifinal) e 3º Thiago Pereira – 2m11’93” (eliminatória)

100m borboleta: 7º Arthur Mendes – 52’73” (eliminatória)

200m borboleta: 1º Leonardo de Deus – 1m55’01” (5º) e 5º Kaio Almeida – 1m58’51” (eliminatória)

200m medley: 1º Henrique Rodrigues – 1m57’06” (5º) e 2º Thiago Pereira – 1m57’42” (6º)

400m medley: 1º Brandonn Almeida – 4m14’47” (8º)

4x100m livres: 1º Brasil – 3m13’66” (7º)

4x200m livres: 1º Brasil – 7m11’15” (8º)

4x100m medley: 1º Brasil – 3m32’68” (5º)

FEMININO

50m livres: 2º Etiene Medeiros – 24’55” (6º) e 7º Graciele Herrmann – 24’94” (semifinal)

100m livres: 5º Larissa Martins – 54’61” (eliminatória) e Graciele Herrmann – 55’01” (eliminatória)

200m livres: 3º Manuela Lyrio – 1m58’03” (semifinal) e 5º Larissa Martins – 2m99’32” (eliminatória)

400m livres: 4º Manuela Lyrio – 4m10’92” (18º) e 7º Carolina Bilichi – 4m17’40” (30º)

800m livres: 7º Caroline Bilich – 8m47’94” (29º)

100m costas: 1º Etiene Medeiros – 59’61” (8º)

200m costas: 5º Joanna Maranhão – 2m12’05” (eliminatória)

100m peito: 6º Beatriz Travalon – 1m09’23” (eliminatória)

200m peito: 8º Pamela Souza – 2m32’41” (eliminatória – penúltima marca)

100m borboleta: 4º Daynnara de Paula – 58’56” (semifinal) e 5º Daiene Dias -58’74” (semifinal)

200m borboleta: 3º Joanna Maranhão – 2m09’38” (eliminatória)

200m medley: 4º Joanna Maranhão – 2m12’39” (semifinal) e 7º Gabrielle Gonçalves – 2m17’02” (eliminatória)

400m medley: 3º Joanna Maranhão – 4m38’07” (10º)

4x100m livres: 3º Brasil – 3m37’39” (6º)

4x200m livres: 2º Brasil – 7m56’36” (12º)

4x100m medley: 3º Brasil – 4m02’52” (12º)

Foto: Satiro Sodré/CBDA


Com apoio milionário, tênis retrocede 32 anos e fica sem medalha no Pan
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José Cruz

Ao contrário de outras modalidades, que revelaram suas promessas, o tênis brasileiro patinou no Pan-Americano de Toronto. Sem um único pódio, retrocedeu 32 anos na competição, quando a delegação voltou dos Jogos de Caracas, 1983, sem medalha. Das 13 partidas disputadas pelos brasileiros, foram apenas cinco vitórias

Com certeza, não se pode avaliar a evolução do esporte apenas pelo número e peso das medalhas conquistadas internacionalmente. Mas elas são parâmetros para, aliados a outros fatores, demonstrarem o estágio da modalidade.

Paula

Em Toronto, Bia Haddad e Paula Gonçalves (foto), na chave de duplas, estavam com o bronze praticamente garantido. Elas eram cabeças-de-chave nº 1, e entraram na competição já na semifinal.Depois de perderem na estreia, Bia sentiu uma lesão no ombro, desistindo da disputa e saindo, também, da chave de simples. Paula chegou à segunda rodada, mas foi eliminada pela paraguaia Veronica Royg. Já Gabriela Cé, perdeu na estreia para a canadense Gabriela Dabrowski.

Enquanto isso…

A Confederação Brasileira de Tênis (CBT), acumula R$ 52 milhões de patrocínio dos Correios nos dois últimos ciclos olímpicos (2008/2016). Nos valores abaixo, os de 2012/2014 e 2014/2016 estão os investimentos do Plano Brasil Medalhas, do governo federal.

   A N O S VALOR R$
2008 / 20093.800.000,00
2009 / 2010          4.200.000,00
2010 / 2011          4.500.000,00
2011 / 2012          5.700.000,00
2012 / 2014        15.900.000,00
2014 / 2016        17.900.000,00
 T O T A L   52.000.000,00

 

E daí?

Quem são os “talentos”, surgidos com esses investimentos públicos?

Qual o grande projeto nacional de massificação do tênis, em execução?

Quem fará a avaliação do desempenho da modalidade no Pan-2015, para as correções de rumo? O COB? Os Correios, principal investidor de verbas públicas? A própria CBT?

Quando o Ministério Público de São Paulo apresentará as conclusões sobre as denúncias de corrupção na gestão do presidente Jorge Rosa, amplamente divulgadas neste espaço, há quatro anos?  A atual diretoria está no cargo desde 2004 – 10 anos! Dois ciclos olímpicos e meio!

Foto: revistatenis.uol.com.br


Pan de Toronto: sem ufanismos, se vierem medalhas no tênis
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José Cruz

As chaves do tênis feminino e masculino no Pan de Toronto são quase um torneio para juvenis e amadores, deixando de fora aqueles que irão participar dos jogos Rio-2016. Mas se medalhas forem conquistadas, certamente serão utilizadas com glória pelos desastrosos gestores da modalidade no Brasil

Por Walter Guimarães – Jornalista 

O UOL informou que, mesmo perdendo o jogo de estréia na chave de duplas do tênis feminino, o Brasil ainda disputará o bronze, por terem sido inscritas apenas sete duplas na competição.

Esse é um ótimo exemplo para a mostrar que a avaliação do número de medalhas conquistadas em Toronto deve ser feita com muito cuidado e sem ufanismos convenientes. A imprensa e nós, cidadãos, temos que fazer a própria avaliação, porque nossos gestores do esporte irão se vangloriar a cada bronze conquistado.

Beatriz-Haddad-Maia

A chave feminina de simples conta com 30 tenistas, de 15 países, sendo que, em seis deles, a única representante é justamente a única tenista ranqueada do país na WTA. Por exemplo, a guatemalteca Andrea Weedon é a 1.172ª; e a equatoriana Charlotte Romer é a 1.007ª do mundo.

O Brasil está representado pelas tenistas: Beatriz Haddad (foto), 149ª do mundo, Gabriela Cé (241ª) e Paula Araújo Gonçalves (266ª). Na primeira rodada de simples, elas enfrentarão jogadoras ranqueadas em 331ª, 186ª e 619ª, respectivamente.

Ou seja, com as tenistas que estão por lá, há boas chances de as brasileiras irem atrás de uma medalha também na chave de simples, à exceção de Gabriela Cé, que perdeu ontem à tarde para a Canadense Baby Dabrowsky, por dois sets a 1 e está eliminada do Pan. Já Paula Gonçalves venceu a chilena Daniela Seguel por 2/6, 6/3 e 7/6. A melhor classificada no evento é a norte-americana Lauren Davis, 75ª do mundo.

Se trouxerem qualquer medalha, lógico que devemos comemorar. Mas, comemorar apenas o fato delas conseguirem romper barreiras que foram colocadas pelos nada “sapientes” cartolas da Confederação Brasileira de Tênis. Incrível como não conseguiram aproveitar a onda que “um tal” Gustavo Kuerten trouxe para o Brasil. Pensar que o “manezinho” foi tricampeão em Roland Garros, ganhou cinco Masters Series (como eram conhecidos os Masters 1000), além de terminar como Nº 1 no, cada vez mais longínquo ano de 2000.

Critérios

Afinal, qual foi o critério dos gestores para a escolha dos representantes da chave masculina no Pan de Toronto – Orlando Luz (570º do mundo e 18º no “ranking brasileiro”), João Menezes (658º e 23º) e Marcelo Zormann (817º e 31º do Brasil)? Desses, apenas o mineiro João Menezes ganhou seus dois primeiros jogos, e na terceira rodada enfrentará o equatoriano Gonzalo Escobar, 284º do mundo.

Por que Teliana Pereira, Thomaz Bellucci e João Souza, o Feijão, não estão por lá? Seria por causa do calendário deles? Mas eles não recebem patrocínio de uma estatal e fazem parte do milionário Plano Brasil Medalhas, nascido no Palácio do Planalto, também para representar o país em eventos desse nível?

Por que não usar o Pan como treinamento para os Jogos Rio-2016? Por que tratar o evento de Toronto como um “torneio Future”, normalmente disputado por juvenis? Talvez porque o nível do torneio seja mesmo de um “Future”, mas, daí, não vale vangloriar se o João Menezes trouxer uma medalha. Como já disse, sem ufanismo.

Foto: blog Jurerê Internacional


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