Blog do José Cruz

Arquivo : Olimpíada

Vitoriosa no Pan, natação brasileira ganharia apenas uma medalha olímpica
Comentários Comente

José Cruz

Equipe brasileira fez a festa na piscina do Centro Aquático do CIBC de Toronto. Festa pelas 26 medalhas, com 10 de ouro, 6 de prata e 10 de bronze. Festa para Thiago Pereira, o “homem do Pan”, maior medalhista da história desta competição. Festa para Etiene Medeiros (foto), a primeira nadadora a escutar o Hino Nacional, batendo a mão antes de todas, nos 100m estilo costas. Sem dúvida, um belo motivo para se festejar

EMedeiros

Por Walter Guimarães – Jornalista

Tanta festa a 10 dias do Mundial de Kazan seria motivo para esperanças de conquistas nas águas do verão russo, ou mesmo na Rio-16? Infelizmente não. Os nomes que podem trazer medalhas do Mundial são os mesmos, pelo menos por enquanto, dos recentes mundiais e Jogos Olímpicos.

Basta comparar os resultados do Pan de Toronto com os tempos obtidos nos Jogos de Londres, há 3 anos, e perceber que:

– Com os tempos das 40 finais individuais que os atletas chegaram em Toronto, o Brasil teria participado em apenas 11 finais em Londres, nove no masculino e apenas duas no feminino, ambas com a Etiene Medeiros;

– Das 26 medalhas conquistadas no Canadá, apenas o Felipe França teria conquistado um bronze em Londres;

– Todas as equipes de revezamento conseguiram medalhas, os homens só as douradas, mas na piscina olímpica a história seria bem diferente, conseguiríamos um 5º lugar com muita luta.

Desfalque

Os mais otimistas, ou, melhor, os mais ufanistas podem falar que o principal nome da natação brasileira, César Cielo, não estava em Toronto, preferiu se concentrar na piscina do Mundial, da mesma forma da quase a totalidade da equipe de ponta americana.

Escutei nadadores felizes com os tempos registrados em Toronto, por estarem na fase final dos treinos, que ainda nem fizeram a “raspagem”. Pois é, mais um esporte que na hora da verdade, nem a raspa do tacho de tantos recursos repassados nos últimos anos fará com que se mude o caldo. Vai Brasil !!! Respire que o caldo parece que vai ser feio.

Resultados comparativos

Entre parêntese, a colocação ou em qual fase cada atleta chegaria, em relação aos Jogos de Londres

MASCULINO

50m livres: 2º Bruno Fratus – 21’91” (8º)

100m livres: 3º Marcelo Chierighini – 48’80” (semifinal) e 7º Matheus Santana – 49’58” (eliminatória)

200m livres: 1º João de Lucca – 1m46’42” (6º) e 5º Nicolas Oliveira – 1m47’81” (semifinal)

400m livres: 3º Leonardo de Deus – 3m50’30” (eliminatória)

1.500m livres: 3º Brandonn Almeida – 15m11’70” (15º) e 7º Lucas Kanieski – 15m23’91” (20º)

100m costas: 2º Guilherme Guido – 53’35” (5º)

200m costas: 3º Leonardo de Deus – 1m58’27” (semifinal)

100m peito: 1º Felipe França – 59’21” (3º)2º Felipe Lima – 1m00’01” (8º)

200m peito: 1º Thiago Simon – 2m09’82” (semifinal) e 3º Thiago Pereira – 2m11’93” (eliminatória)

100m borboleta: 7º Arthur Mendes – 52’73” (eliminatória)

200m borboleta: 1º Leonardo de Deus – 1m55’01” (5º) e 5º Kaio Almeida – 1m58’51” (eliminatória)

200m medley: 1º Henrique Rodrigues – 1m57’06” (5º) e 2º Thiago Pereira – 1m57’42” (6º)

400m medley: 1º Brandonn Almeida – 4m14’47” (8º)

4x100m livres: 1º Brasil – 3m13’66” (7º)

4x200m livres: 1º Brasil – 7m11’15” (8º)

4x100m medley: 1º Brasil – 3m32’68” (5º)

FEMININO

50m livres: 2º Etiene Medeiros – 24’55” (6º) e 7º Graciele Herrmann – 24’94” (semifinal)

100m livres: 5º Larissa Martins – 54’61” (eliminatória) e Graciele Herrmann – 55’01” (eliminatória)

200m livres: 3º Manuela Lyrio – 1m58’03” (semifinal) e 5º Larissa Martins – 2m99’32” (eliminatória)

400m livres: 4º Manuela Lyrio – 4m10’92” (18º) e 7º Carolina Bilichi – 4m17’40” (30º)

800m livres: 7º Caroline Bilich – 8m47’94” (29º)

100m costas: 1º Etiene Medeiros – 59’61” (8º)

200m costas: 5º Joanna Maranhão – 2m12’05” (eliminatória)

100m peito: 6º Beatriz Travalon – 1m09’23” (eliminatória)

200m peito: 8º Pamela Souza – 2m32’41” (eliminatória – penúltima marca)

100m borboleta: 4º Daynnara de Paula – 58’56” (semifinal) e 5º Daiene Dias -58’74” (semifinal)

200m borboleta: 3º Joanna Maranhão – 2m09’38” (eliminatória)

200m medley: 4º Joanna Maranhão – 2m12’39” (semifinal) e 7º Gabrielle Gonçalves – 2m17’02” (eliminatória)

400m medley: 3º Joanna Maranhão – 4m38’07” (10º)

4x100m livres: 3º Brasil – 3m37’39” (6º)

4x200m livres: 2º Brasil – 7m56’36” (12º)

4x100m medley: 3º Brasil – 4m02’52” (12º)

Foto: Satiro Sodré/CBDA


Legado olímpico de 2016: a visão de um especialista
Comentários Comente

José Cruz

“O Brasil atingirá um legado para o alto rendimento: terá novos locais de treinamentos, novos programas de treinamentos. Mas tem, também, de criar programas para os mais novos, não ficar apenas no topo” (Jay Coakley)

Por Adriana Brum 
Jornalista

“Não digo que as obras não estarão prontas até os Jogos, mas vocês irão pagar o dobro por elas”, afirmou o autor do livro Sport in Society: issues and controversies”, (“Esporte na Sociedade: questões e controvérsias”), Jay Coakley, ao comentar o atraso e indefinições de contratos nas obras do Rio 2016. livro

O professor emérito da Universidade do Colorado, em Colorado Springs (EUA), esteve no Brasil há uma semana para ministrar uma disciplina sobre Esporte, Lazer e Sociedade, no programa de pós-graduação em Educação Física da UFPR, em Curitiba. No encerramento do curso, fez questão de falar sobre os preparativos brasileiros para a Olimpíada, em agosto do ano que vem.

Coakley não especula quando fala como quem vê de fora o desenrolar da organização verde e amarela para os Jogos: o norte-americano é um dos principais estudiosos da sociologia do esporte mundial na atualidade; seu livro é referência na área e escreve com especialistas do mundo todo. Inclusive brasileiros.

Em sua passagem pelo Brasil, Coakley visitou as obras para as instalações olímpicas no Rio e não escondeu a preocupação com a falta de projetos para efetivar o “legado”, palavra que mais acompanha o termo Rio 2016 desde que o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou o Rio de Janeiro como sede dos próximos Jogos.

Sentimento temporário

“Os olhos do mundo estarão no Brasil e isso faz o Brasil se sentir bem. É um bom sentimento, mas é temporário. Um sentimento que existe durante os Jogos, dura uma semana, quando as pessoas começam a entender que terão de pagar por até as duas próximas gerações por tudo. Como está desenhado o projeto para o uso dos locais de prova após os Jogos? Que tipo de projetos terá em cada lugar, como será o acesso das pessoas, como isso será sustentado? Se você não sabe essas coisas agora, elas não vão acontecer”, apontou.

Em termos esportivos, Coakley afirmou, o Brasil terá sim, uma melhora no que no alto rendimento, muito por conta da meta de ampliar o número de pódios como país anfitrião. Mas é pouco: os investimentos e projetos deveriam se estender à base.

“O Brasil atingirá um legado para o alto rendimento: terá novos locais de treinamento, novos programas de treinamento. Mas tem também de criar programas para os mais novos, não ficar apenas no topo. Para quem se inspirar, haverá programas prontos para receber esse novos praticantes? Se você que tirar vantagem da inspiração vinda dos Jogos, tem de ter a infra-estrutura pronta”.

Mesmo para a infra-estrutura, que transformaram a cidade do Rio de Janeiro em um grande canteiro de obras a um valor ainda não completamente definido, os benefícios não são para todos, destacou:

“Haverá mudanças na cidade, melhoras no metrô, no aeroporto. Toda essa infra-estrutura é útil para uma classe social. Mas vai beneficiar as pessoas locais? Os vendedores locais próximos as áreas dos jogos terão de fechar seus negócios durante os Jogos”, exemplifica. Coakley lembra que, historicamente, o discurso de bem-estar da população com a vinda de um megaevento esportivo é usado para ganhar a aprovação e justificar o uso de verba pública.

E lembrou o histórico de outras cidades-sede, como Sarajevo (Jogos de Inverno de 1984) e Atenas (Jogos de Verão de 2004), cujos locais de prova foram abandonados após os eventos e países que levaram décadas para pagar as contas feitas para sediar os megaeventos.

“Desde 1988 (Jogos de Seul), as cidades-sede foram para a morte após os megaeventos; orçamentos gastos acima do planejado; as pessoas envolvidas foram sugadas em emoção e energia. Os legados relacionados ao bem comum são esquecidos ou postergados”, alertou Coakley.

 


Bebeto de Freitas: “O Brasil trabalha com a elite”
Comentários Comente

José Cruz

Por André Baibich – Zero Hora

Mas a repercussão de uma Olimpíada aqui não pode ajudar na massificação?  

Acho que vai gerar interesse. Mas você não faz uma Olimpíada, gastando o que está gastando, para despertar interesse. O ponto é técnico. A massa esportiva brasileira não tem condições de ser revelada. O Brasil trabalha com a elite. Os melhores são escolhidos, mas os melhores não praticam um esporte de alto nível. Não temos esporte de alto nível no Brasil, salvo alguns. Esses recursos teriam que entrar para a massificação desses esportes. Em cinco, seis, 10 anos, você teria uma geração de novos esportistas. Jogamos fora essa possibilidade em um país jovem e com carências de trabalho. A indústria esportiva é a única que cresceu nos momentos de crise mundial. Desde 1980, ela sempre cresce. Nós estamos gastando para fazer uma cobertura maravilhosa e ter uma garagem que é um lixo. O esporte no Brasil é uma casca de ovo. Um ovo lindo, branco, só que dentro ele está podre. 

Sugestão de leitura

bebeto

Mais uma ótima entrevista de Bebeto de Freitas, o treinador da equipe de vôlei masculina, vice-campeã  olímpica, 1984, conhecida por “geração de prata”, e campeão mundial comandando a Itália, em 1998.

Atleta, técnico e, depois, gestor do esporte, Bebeto é lembrado, lamentavelmente, nos momentos de crise, porque a imprensa mostra, hoje, o que ele já anunciava há dez anos ou mais. 

A entrevista completa de Bebeto de Freitas ao repórter André Baibich, de Zero Hora, está aqui


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>