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Nove anos depois, governo investiga prestação de contas do Segundo Tempo
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José Cruz

Pelo Diário Oficial da União, hoje, o Ministério do Esporte pede que a senhora Rosa Malvina da Silva, “em local incerto e não sabido”, se apresente, até 5 de novembro próximo, para explicar sobre “inconsistências apuradas na prestação de contas do Convênio 317/2006”, celebrado com a ONG Bola pra Frente, no interior de São Paulo.  Nove anos depois da liberação da grana?

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O convênio 317/2006 liberou R$ 987 mil para o programa Segundo Tempo, em Jaguariúna e outros quatro municípios paulistas. Investigações oficiais mostraram que em alguns municípios onde a ONG afirmava ter 6.500 crianças foram encontradas apenas 1.500…  Ação do Ministério Público de São Paulo estimou prejuízos gerais do Segundo Tempor em torno de R$ 13 milhões, só nesse estado.

O programa

“Segundo Tempo” surgiu com o ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, que se enrolou num processo de R$ 2,5 milhões, até hoje sem explicações convincentes. E “Bola pra Frente” era uma ONG dirigida por Karina, ex-jogadora de basquete, coincidentemente do PCdoB, partido dos ex-ministros Agnelo, Orlando Silva e Aldo Rebelo.

As denúncias de irregularidades no Segundo Tempo cresceram quando Orlando Silva substituiu Agnelo, em 2006. Em 2008, Orlando liberou R$ 8,5 milhões ao Bola pra Frente, de Karina (foto), para atender “18 mil crianças”. Em dezembro de 2010, novo convênio, de R$ 12 milhões, cuja liberação não foi totalmente concretizada. Mas, diante das denúncias de corrupção, a presidente Dilma Rousseff acabou demitindo Orlando Silva, em outubro de 2011. Orlando entrou em campanha e, em 2014, elegeu-se deputado federal por São Paulo, o estado mais beneficiado por verbas do Segundo Tempo.

Corrupção

A convocação da senhora Rosa Malvina da Silva, uma década depois de executar projetos com verbas públicas, comprova: o Ministério do Esporte não tem estrutura para fiscalizar as milhares de prestações de contas de convênios. Esta realidade já foi comprovada pelo Tribunal de Contas da União que alertou, inclusive, para “riscos de corrupção”.

O mesmo ocorre com os convênios da Lei de Incentivo ao Esporte. Atualmente, uma auditoria da CGU (Controladoria Geral da União) tenta desatar o nó de um processo que aprovou R$ 6,5 milhões para um show de hipismo em São Paulo. Em 2009!

Para saber mais

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2013/01/policia-federal-identifica-fraudes-no-segundo-tempo-nove-sao-indiciados/

Memória

… faz 139 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 114 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?


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