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A força do futebol catarinense está na rivalidade regional
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José Cruz

Dez clubes disputam o Campeonato Estadual de Santa Catarina e, desses, quatro estarão na Série A do Campeonato Brasileiro de 2015:  Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinville

Por Mário Medaglia – Jornalista

Para entender quatro clubes de Santa Catarina na primeira divisão em 2015, é preciso conhecer um pouco as particularidades deste pequeno estado e da sua capital, no futebol.

As mudanças positivas começaram a partir do final da década de 80, quando Florianópolis conseguiu cortar o cordão umbilical que a ligava ao Rio de Janeiro. A preferência era pelos clubes cariocas. Bastava olhar para as arquibancadas e observar as bancas de jornal. Flamengo, Vasco e Botafogo, um pouco de Fluminense, vestiam suas camisas nos torcedores da Capital. O Globo e o Jornal do Brasil eram lidos como se fossem jornais locais. O Estado, único jornal de Santa Catarina, era apenas um instrumento político e ganhou força só a partir de 1972, quando passou a ser impresso em off set e espalhou sucursais e correspondentes pelo interior. Até então, Vasco e Flamengo na cidade interrompiam o trânsito e lotavam de torcedores o saguão do aeroporto Hercílio Luz.

Mudanças

Deixamos de ser um futebol colonizado com a evolução da mídia e o surgimento do Joinville, do Criciúma e da Chapecoense. Avaí e Figueirense saíram a reboque para fortalecer a representação de Florianópolis e evitar a supremacia do interior.

Hoje, a cada começo da temporada, ninguém pode afirmar com segurança quem será o campeão estadual. Houve uma quebra desta rotina, de 1978 1985, com o octacampeonato do recém-nascido Joinville. A rivalidade e o equilíbrio muito grande entre cinco clubes traçam um cenário diferente para Santa Catarina, que tem um campeonato estadual com dez agremiações.

Florianópolis é uma cidade administrativa, Joinville, Criciúma e Chapecó estão entre as maiores forças econômicas da região sul do país, o que não tem significado muita vantagem para qualquer um deles. O Avaí atrasou quatro meses de salários e conseguiu o acesso. A força da rivalidade garante a alternância de campeões, bom motivo para não se admitir no futebol catarinense jogos com uma só torcida ou o fim dos campeonatos estaduais. Sem o Figueirense comemorando a permanência na série A, os torcedores avaianos não teriam fôlego para empurrar o time na vitória sobre o Vasco na última rodada.

O presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto, há 30 anos no cargo, em nome da segurança cogitou eliminar a torcida visitante. Quando se deu conta da bobagem demoveu as autoridades da ideia que ia de encontro justamente à maior energia que move o futebol catarinense.

Agora o objetivo é subir o Criciúma, rebaixado este ano, para que o espanto seja maior e Santa Catarina tenha cinco clubes na primeira divisão em 2016.

Mário Medaglia é jornalista em Florianópolis


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