Patrocinadores estão assustados com a falta de transparência no esporte
José Cruz
A Atletas pelo Brasil, o Lide Esporte, o Instituto Ethos e empresas que investem no esporte de alto rendimento querem “ética e transparência” na gestão dos recursos que investidos.
Um comunicado assinado por poderosos patrocinadores (Banco do Brasil, Nestlé, Voks, Natura etc) demonstra preocupação “na associação de suas marcas com uma melhor gestão e transparência, na utilização dos recursos de patrocínio e têm grande responsabilidade com os rumos e os resultados do país no esporte de alto rendimento.”
Rumos
Então, se essa preocupação parte de quem financia o esporte é porque a situação é grave. E não é de hoje. E isso acontece, também, pela falta de rumos, apesar de termos um ministério específico, mas, igualmente, suspeito de corrupção, falta de definições e prioridades para o dinheiro que administra.
Porque, enquanto o Ministério do Esporte não analisar com rigor as prestações de contas do dinheiro que libera, passa a ser cúmplice das falcatruas, descobertas ao acaso, como ocorreu com a Confederação Brasileira de Tênis, a de Hipismo etc.
Quem é quem?
A união de forças como essa surgida em São Paulo é oportuna. Mas estamos atrasadíssimos em todas as frentes. Faltam definir competências a todos os entes do esporte. Nos últimos anos, há uma evidente concorrência do Ministério do Esporte com o Comitê Olímpico. Isso está claro na farta liberação dos recursos em Brasília, enquanto o COB tem um projeto com objetivos e visão integrada.
Na prática, são dois órgãos – um técnico-privado e outro público-político – disputando os mesmos cliente$, já turbinado$ por outras fontes, públicas, principalmente. Quem discute sobre essa desordem, que leva ao desperdício e, por isso, incentiva a corrupção e injustiças que, agora, os patrocinadores agem para estancar?
Quem discute, também, sobre a ineficiência das federações, muitas falidas, desacreditadas e que servem apenas para dar sustentação aos poderosos das confederações, onde se concentram os valorizado recursos públicos?
Todas as ações para melhorar são bem-vindas, mas o ponto de partida é discutir sobre a estrutura que aí está, falida e suspeita. E, por isso, ameaçando expor na bagunça esportiva marcas poderosas de já assustados patrocinadores.