Eurico Miranda ressuscita. É a “renovação” do futebol
José Cruz
Depois das “Copa das Copas”, a reovação do nosso futebol, liderada pela presidente Dilma Rousseff, ganhou ontem um “novo” personagem: Eurico Miranda. Ele está pronto para voltar à presidência do Vasco da Gama, como contam os repórteres Bruno Braz e Pedro Ivo Almeida, do UOL, no Rio de Janeiro.
A reportagem começa assim:
“Hostilidades, “boca de urna”, pressão, ameaças, dedos no rosto, cervejas e charutos. Foi neste ambiente, cercado de muita tensão, insegurança e quase agressão a Roberto Dinamite e outros dirigentes, que os conselheiros do Vasco decidiram, na noite desta quarta-feira, pela não continuidade do mandatário no cargo máximo do clube, o que foi considerado uma vitória para o candidato Eurico Miranda e seus correligionários.”
Memória
Eurico Miranda liderou a tropa de choque dos cartolas na CPI da CBF Nike, em 2001, quando rasgou o relatório final, para votar o relatório alternativo dos dirigentes.
Naquela CPI, o então deputado Eduardo Campos, que ontem morreu em acidente aéreo, apoiava o presidente da CPI, o hoje ministro Aldo Rebelo, e o relator, Sylvio Torres, numa tentativa efêmera de dar rumos à gestão do futebol.
“Eles (Eurico e bancada da bola) estão aqui para defender o Ricardo Teixeira. Não vamos, de maneira alguma, permitir isso.”
Em meio a tumulto generalizado, gritos e acusações, Aldo Rebelo encerrou a CPI, e Eurico Miranda colocou em votação o texto pró-cartolas, que venceu com facilidade. Porém, sem valor, pois o documento não foi votado em plenário, e a CPI acabou em pizza.
CPI no Senado
Na mesma época, o então senador Geraldo Althoff , relator da CPI do Futebol, pediu ao Ministério Público Federal o indiciamento do presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama, deputado federal Eurico Miranda, por crimes de falsidade ideológica, delitos tributários e eleitorais e tentativa de obstrução dos trabalhos de investigação.
As CPI da Câmara e do Senado, que escancararam a corrupção no futebol, ficou só nos relatórios, que foram enviados à Polícia Federal, ao Ministério Público, ao Banco Central etc.
Morte e ressurreição
Ironicamente, a porteira para a ressurreição do mais famoso cartola do Vasco da Gama, Eurico Miranda, se abriu no mesmo dia em que um jovem líder político, o ex-deputado Eduardo Campos, morreu em acidente aéreo.
Preferências partidárias à parte – até porque não tenho qualquer vínculo político – a morte de Eduardo Campos enfraquece ainda mais a já frágil renovação política brasileira. Ao mesmo tempo, fortalece o que há de mais arcaico na gestão do futebol, como se viu na assembleia do Vasco, ontem.
E agora, vai?
Para saber mais – CPIs
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2001/12/04/cpi-pede-indiciamento-e-processo-de-cassacao-para-eurico-miranda