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“O atleta ficou capitalista”
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José Cruz

“O atleta ficou capitalista. Tem atleta de 22 anos ganhando até 30 mil reais por mês”.

Diogo Silva, do taekwondo, no programa Segredos do Esporte, na ESPN

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Campeão pan-americano em 2007 e mundial universitário em 2009, Diogo reforça o que publiquei sobre a Bolsa Atleta: várias fontes públicas de financiamento beneficiam os mesmos atletas, já muito bem remunerados pela iniciativa privada. E  “muito bem remunerados” quer dizer na casa dos R$ 80 mil mensais…  Para essa elite, ainda pequena, somem-se as premiações, cada vez mais valorizadas, nos eventos internacionais, porque o esporte tornou-se isso: negócio.

Prazo

Diante dessa realidade, cabe questionar: a verba pública não deveria ter outras prioridades, quando a iniciativa privada já supre, e muito bem, quem tem nome associado a marcas famosas e, por isso, ótima visibilidade na mídia?

Com certeza, o atleta tem “prazo de validade” para competir, e precisa de bom planejamento para garantir seu futuro. No caso, aproveita-se da decisão unilateral do governo, que fez a opção de financiar o alto rendimento, desde 2003, em detrimento da iniciação, onde muitos candidatos a atleta ficam pelo caminho, desmotivados pela falta de “apoio”, que sobra no andar de cima.

Para não desistirem da carreira, alguns vendem o carro. Outros fazem rifa e, assim, a fartura e a miséria convivem no mesmo esporte, na mesma raia, na mesma quadra, no mesmo governo financiador. A desigualdade é tão real quanto a omissão do Ministério do Esporte, que não dá equilíbrio a essa equação que insiste privilegiar quem tem mais.

Prazo e meta

O problema é que esse “financiamento público” também tem prazo limitado. A meta é Rio 2016, o foco é o pódio olímpico, a meta são as medalhas para se chegar ao “top 10”. E depois? Continuará a fartura como os R$ 6 bilhões investidos no penúltimo ciclo olímpico, por exemplo? R$ 4 bilhões no atual, até agora! qual o rumo no pós-Jogos? Mas, há dúvidas até se o Ministério do Esporte sobreviverá!

E, sejamos sinceros, a ausência dessa pasta não faria qualquer falta diante de sua inoperância, já que se tornou um mero repassador de verbas e reduto de apadrinhados políticos e fieis religiosos.


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