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Desabafo de ex-atleta campeão Pan-Americano junto ao Ministério do Esporte
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José Cruz

“Prezados Senhores do Ministério do Esporte

Até quando nós, esportistas, vamos ver a “mesmice” que ocorre antes de todos os Jogos Olímpicos?

A falta de gestão do esporte brasileiro começa no Ministério do Esporte, onde não temos sequer uma pessoa apta para o cargo que ocupa, a começar pelo próprio Ministro do Esporte, e indo ao Comitê Olímpico, Confederações e Federações.

Infelizmente os Jogos Pan-americanos que, outrora, classificava os atletas das Américas a obter classificação para os Jogos Olímpicos, hoje, na maioria das modalidades, isto já não acontece e, assim, perdeu-se a qualidade quanto aos atletas competidores.

Na presente versão dos Jogos Pan-americanos o ganho de medalhas é relativo, pois o índice técnico na maioria das modalidades é muito baixo, pois americanos, canadenses, cubanos e mesmo brasileiros, não levam suas melhores equipes.

Portanto, como diz o José Cruz, vamos conter o ufanismo pelas medalhas conseguidas e vamos ver o que acontece nos Jogos Olímpicos, em que o Brasil para melhorar sua performance, “importou” diversos atletas estrangeiros “naturalizados”.

Isto demonstra a “falência” da formação desportiva no Brasil, pois os clubes que eram o celeiro de atletas, estão desmotivados, pois arcam com a maior parte do custo desta formação e quem recebe ajuda financeira são as confederações e o Comitê Olímpico, e nada repassando para as entidades formadoras de atletas.

Já vivi 60 anos desta falta de gestão no esporte nacional, vendo políticos e aproveitadores tomarem postos de gestão nas entidades desportivas nacionais e não deixando pessoas de gabarito, formadas e doutoradas em educação física e gestão esportiva, ocuparem cargos de comando do desporto nacional.

Há muitos exemplos de sucesso de gestão esportiva e dos quais tenho o prazer de participar, como o “O D P – Olympic Developmment Program”, desenvolvido nos Estados Unidos, onde desde os 8 anos de idade os jovens atletas americanos de diversas modalidades, são acompanhados tecnicamente por profissionais habilitados e ranqueados para obter facilidades no desenvolvimento de seus treinamentos.

Como este, existem programas na Alemanha, Espanha e outros países, que obtém resultados expressivos nas competições internacionais.

Enfim, envio este email para o Ministério do Esporte com o objetivo de que alguém que ainda se interesse por esporte nesse órgão leia e verifique o descontentamento de nós atletas brasileiros.

Luis Eduardo Pinheiro Lima

Campeão pan-americano de Polo Aquático em 1963 e vice campeão em 1967

Gestor esportivo do Esporte Clube Pinheiros”

 

 


O desabafo de Sasaki
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José Cruz

O Ministério do Esporte entregou equipamentos de ginástica para clubes de Brasília, São Paulo e Porto Alegre. Na capital paulista, o contemplado foi o Pinheiros, coincidentemente onde treina Sérgio Sasaki, quinto lugar no salto sobre a mesa, no Mundial encerrado ontem à noite, na China. Sasaki utiliza a estrutura paulista por estar sem clube desde o começo de 2013, quando o Flamengo dispensou o time de alto rendimento da ginástica.

091015sasaki03 “É muito difícil chegar aqui. Estou me mantendo porque eu amo esse esporte. Mas eu preciso de um lugar bom para treinar. Chega a ser injusto eu ganhar de atletas com estrutura melhor do que eu,” afirmou à SporTV.

Afinal, qual a importância dos clubes na estrutura do nosso esporte? Pouquíssimos têm condições de manter instalações e técnicos para acolher talentos e profissionais. O Pinheiros é um desses clubes, privilegiado por verbas da Lei de Incentivo ao Esporte, por exemplo, assim como Sogipa e União de Porto Alegre e o Minas Tênis, de Belo Horizonte, os mais expressivos.

Mas a cada final de Mundial ou Olimpíada muitos atletas expõem as mazelas, escondidas na fase de preparação. E isso demonstra como é preciso repensar o modelo do nosso sistema esportivo. A maioria dos clubes está sem orientação mínima até para buscar os recursos públicos disponíveis. O COB não conversa com essas instituições, muito menos os dirigentes das confederações. E com as federações falidas, é cada um por si.

Essa realidade acaba valorizando mais os resultados brasileiros, ainda entre os 10 primeiros da ginástica, no mundo, com a prata de Arthur Zanetti, nas argolas, e bronze com Diego Hypolito, no solo.

Está claro que o desenvolvimento do esporte extrapola a doação de equipamentos e doações de bolsas – muitas suspeitas –  e exige urgente reformulação do sistema. Há fartura de instituições, de recursos financeiros, de intromissão do Estado nas questões do esporte, mas falta definir quem manda e quem faz o quê nessa desordem que aos poucos se perpetua.

Mas quem toma a iniciativa de conversar para tentar valorizar a instituição clubística? O Ministério do Esporte? O Conselho Nacional do Esporte, o Comitê Olímpico, a Confederação Brasileira de Clubes, a presidente Dilma?


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