A perigosa intervenção do futebol no Poder Legislativo
José Cruz
A ousada intervenção do futebol no Congresso Nacional é perigosa e desmoralizadora. O senador Romário que se cuide, estão armando para melar a CPI da CBF!
O deputado mineiro Marcelo Aro (PHS), não se sente impedido de desempenhar sua atividade parlamentar, mesmo sendo diretor de “ética e transparência” da CBF e diretor estatutário da Federação Mineira de Futebol.
No programa “Participação Popular”, sexta-feira, na TV Câmara, debati com o deputado (foto) e com José Carlos Brunoro, gerente do Brasília Futebol Clube, sobre os graves problemas do futebol, corrupção, inclusive.
Lembrei ao deputado Aro que o Congresso Nacional é, também, órgão fiscalizador, através das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito). Como entender que a excelência tenha isenção para arguir e fiscalizar a CBF, sendo ele membro da diretoria investigada?
Mais: Marcelo Aro é diretor estatutário da Federação Mineira de Futebol, um dos órgãos que elegeu os ex-presidentes Ricardo Teixeira, José Maria Marin e o atual, Marco Polo del Nero!
Ousadia
Há muitos anos – décadas, até – o futebol interfere na ação legislativa através de fortíssimo loby. Nas últimas legislaturas, isso ocorre através da participação de cartolas ou ex-cartolas, eleitos deputados ou senadores. Tudo de forma escancarada e sem qualquer constrangimento das excelências, como demonstram seus discursos.
Está claro que a ação de deputados nessa situação é no sentido de se contrapor à investigação, de dificultar o trabalho que busque esclarecer as suspeitas de corrução nesta ou naquela instituição.
A passagem do presidente da CBF, Marco Polo del Nero, pela Comissão de Esporte da Câmara, na terça-feira, foi exemplo dessa realidade. Dois ou três deputados o questionaram com isenção, enquanto a maioria do plenário se desmanchou em elogios e aplausos.
Agora, essa declaração do deputado Marcelo Aro, ao vivo, à TV Câmara, confirma meu artigo anterior, de que a CBF colocou o Congresso Nacional de joelhos diante do poder do futebol, e isso ocorre, explicitamente, pela ação de deputados-cartolas.
Ainda esta semana, o repórter Daniel Brito, do UOL Esporte, publicou reportagem mostrando que o ex-presidente da Federação Brasiliense de Futebol e ex-vice-presidente da CBF, Weber Magalhães, está lotado no gabinete do senador Zezé Perrella, que dirigiu o Cruzeiro por longos anos e elegeu dirigentes da CBF, hoje investigados por suspeitas de corrupção.
A ousadia da intervenção do futebol no Legislativo é perigosa e desmoralizadora. O senador Romário que se cuide, estão armando para melar a CPI da CBF! A bancada de defensores da CBF na Câmara e no Senado é extensa e age coesa, independentemente de partidos.
A edição do programa “Participação Popular” está neste link