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Arquivo : crise na economia

A crise na economia e o cofre aberto para a elite do esporte
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José Cruz

Quem está enriquecendo no circo dos megaeventos, que vende “legados” de mentirinha financiados pelo cofre público falido? Quando o lado oculto do pódio bilionário do esporte será desvendado pelo Ministério Público e Polícia Federal?

O rombo nas contas públicas, que agrava a crise na economia, com significativo aumento da inflação e desemprego, não pode ser dissociado do financiamento do esporte através de recursos federais.

Num panorama de dificuldades extremas, o cofre aberto, a pretexto dos Jogos Olímpicos Rio 2016, é extravagante para uns em prejuízo real para outros, como na concessão da Bolsa Atleta ou na aprovação de projetos da Lei de Incentivo ao Esporte, por exemplo.

Atletas milionários, premiados em valorizados eventos internacionais, são contemplados com Bolsas de até quatro fontes públicas! Não foi esse o espírito da lei ao criar o programa, quando o dinheiro era escasso e, de fato, não chegava ao atleta.

escola esporte

É verdade que tais concessões estão de acordo com a lei. Mas o esbanjamento – porque não há fiscalização –  e a concentração de riqueza nas mãos de privilegiados é uma afronta ao flagelo das camadas inferiores do esporte, ainda sem metas e sem rumos.

Jogo de extremos

Um programa de R$ 70 milhões, como o Atleta na Escola (foto), foi suspenso por … “falta de verba”! Mas o mesmo governo que faz esse corte inexpressivo no orçamento da União concedeu isenções fiscais que chegarão a R$ 3 bilhões (atenção, três bilhões de reais!) para empresas que atuarem em qualquer segmento dos Jogos Rio 2016. Isenções que vão crescer, pois o benefício se estenderá até 31 de dezembro de 2017!

Já a Lei de Incentivo, que injeta R$ 400 milhões anuais no esporte, financia até competições de automobilismo, como se isso fosse obrigação do Estado. Só este ano, R$ 5,5 milhões foram aprovados para eventos de várias categorias.

Onde estão as prioridades? Que planejamento é esse que beneficia o evento rico em detrimento de projetos sócio-educacionais? Quem fiscaliza essa zona? Recentemente, o Tribunal de Contas da União já declarou que teme pelo desvio do dinheiro liberado pelo Ministério do Esporte.

O tempo passou desde a criação de leis sobre a destinação de recursos para projetos do esporte. Mas, nunca foi feita uma avaliação rigorosa para corrigir os rumos dos programas, distorções naturais e fixação de novas metas. Nunca! E volta-se a elementar pergunta: compete ao Estado financiar o alto rendimento, o esporte espetáculo, business, em que os legados são apenas rabiscos e protocolos de intenções?


Orçamento terá rombo de R$ 30 bilhões em 2016. Para onde vai o esporte?
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José Cruz

Os gestores da fartura financeira do esporte não podem ignorar o rombo de R$ 30,5 bilhões no orçamento da União, anunciado para o ano olímpico de 2016

Ironicamente, o Brasil repete a Grécia, só que com antecipação. A crise econômica naquele país chegou um ano depois dos Jogos de Atenas 2004; aqui, um ano antes do evento do Rio de Janeiro

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Assim, a alegria dos Jogos Olímpicos vai contrastar com os dramas de um país em crise na economia, desemprego, falta de verbas para a educação e saúde  e incertezas sobre os rumos do esporte.

Desmanches

Nos 12 anos de sua existência, a pasta do Esporte não manteve programas de longo prazo. O Segundo Tempo, de farta corrupção, acabou. A Rede Cenesp, Centros de Excelência Esportiva vinculados a universidades para projetos acadêmico-científicos, ficou na saudade. O “Pintando a Liberdade”, que usava a mão-de-obra de presidiários para a produção de material esportivo, acabou. Todos esses desmanches ocorreram por falta de verbas, o que demonstra a incapacidade dos gestores de planejarem e chegarem a metas de longo prazo.

Sem esquecer o desmanche – ou ociosidade –  de espaços valiosos, como o estádio Célio de Barros, transformado em estacionamento, e o Velódromo, destruído, para construção de outro, no Rio de janeiro. Ou o fechamento do CT de Atletismo, em Uberlândia (MG), por falta de dinheiro, enquanto o mesmo governo inaugura outros centros, de futuro duvidoso, porque não se sabe quem pagará a conta de manutenção.

Enquanto isso…

Certo é que, entre dúvidas e desmanches, mantêm-se a prática da construção, das obras milionárias, de luxuosos edifícios, mas sem a certeza de sua utilização no pós-evento. As instalações dos Jogos Pan-Americanos de 2007 são exemplos, e a conta, que ainda hoje se paga, essa sim, contribuiu para construir o rombo no cofre público, enquanto deixava muita escola sem livro e sem professor.

 

A imagem que ilustra este artigo foi obtida no www.institutoliberal.org.br/blog/fazendo-politica-interna-e-externa-com-rombo-nos-cofres-publicos/


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