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Fim da CGU seria incentivo à corrupção e censura à informação pública
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José Cruz

A pretexto de reduzir os gastos públicos, o governo federal está na iminência de limitar as ações da CGU (Controladoria Geral da União), um dos mais completos organismos federais de combate à corrupção. Na prática, a CGU perderia o status técnico e de ministério para ficar sob o domínio político da Casa Civil e o Ministério da Justiça. Mais controle do Governo é impossível, algo como acabar com suas atribuições…

O esporte de alto rendimento é financiado pela verba oficial. No penúltimo ciclo olímpico (2008/2012) houve investimentos de R$ 6 bilhões dos cofres públicos! E nessa dinheirama, que saiu sem controle de várias fontes, há dezenas de exemplos de desvios de recursos, como já se exibiu neste blog.  raposa-galinheiro

Portanto, a proposta que está na rua é um retrocesso enorme ao sistema de combate à corrupção em geral, e uma contribuição de luxo ao gestor-ladrão, que sabe como ganhar dinheiro fácil  explorando as “emoções” que o esporte oferece.

Não se pode ignorar que, “boa parte das ações da Polícia Federal e do Ministério Público que hoje acompanhamos não seria possível sem a prévia atuação da CGU”, como diz uma petição que está colhendo assinaturas de adesão contra essa ideia censora.

Para nós, jornalistas investigativos da área do esporte, em particular, a CGU tem sido, também, de grande importância. No ano passado, o companheiro Lúcio de Castro, da ESPN, confirmou um esquema de corrupção na Confederação Brasileira de Vôlei. Parte do material que obteve foi obtida em informações solicitadas à CGU, que o ajudaram a montar o quebra-cabeças, culminando por desvender fraudes na mais premiada modalidade esportiva brasileira.

Se a mudança ocorrer, como poderia agir o chefe de uma Controladoria, dividida ente a Casa Civil e o Ministério da Justiça, órgãos eminentemente políticos, justamente um dos ambientes mais contaminado pela corrupção?

Pior! Essa nova chefia estaria submetida a ministros, que, quem sabe, estariam mais interessados em brecar investigações que batem, muitas vezes, na porta do próprio governo. Como poderia o chefe dessa Controladoria hipotética auditar seus superiores hierárquicos e obrigá-los a devolver valores ao erário?

Há outras formas mais eficazes de o governo economizar, como reduzir cargos de confiança, no próprio Ministério do Esporte, há muito transformado em reduto de desocupados e inoperantes amigos de políticos.

A ilustração deste artigo foi publicada originalmente aqui

Na memória 

… faz 123 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça

… faz 96 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?

 

Tags : CGU


Fraudes no vôlei e o bombástico relatório da CGU
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José Cruz

A Confederação Brasileira de Vôlei continua contribuindo para a onda de corrupção nacional com dinheiro público. Agora, de forma oficial, as revelações são estarrecedoras e mostram como foi a suspeita gestão do ex-presidente Ary Graça (foto)

ary  O recente relatório da CGU (Controladoria Geral da União), revelado pelo repórter Lúcio de Casto, aqui, mostra como as emoções do esporte olímpico e a conquista de valorizados títulos que orgulham o esporte escondem transações criminosas, há anos.

Não se trata de “suspeita”, de “ouvir dizer” ou “me contaram”. São constatações dos auditores da CGU, com base em documentos oficiais da própria Confederação Brasileira de Vôlei, que nos últimos 40 anos teve apenas dois três presidentes, Carlos Arthur Nuzman, Ary Graça e o atual, Walter Pitombo Larangeiras.

O relatório da CGU está neste link: http://sistemas.cgu.gov.br/relats/uploads/6670_%20Relatorio%20201407543%20BB.pdf

 Tênis

Esse bombástico relatório da CGU se junta a outros aqui revelados, como da Confederação Brasileira de Tênis, cujo presidente, Jorge Rosa, apresentou nota fria em prestação de contas ao Ministério do Esporte. As investigações daí decorrentes apontam para outras fraudes que em breve serão conhecidas, tão logo o processo saia do “segredo de justiça”.

Está evidente que os balanços publicados anualmente pelas entidades do esporte não são suficiente para demonstrar transparência no uso de verbas públicas que sustenta o esporte brasileiro – R$ 6 bilhões no último ciclo olímpico. No caso da CBV é balanço suspeito, diante das constatações de fraudes e operações ilícitas constatadas pela CGU.

CPI, JÁ!

Por isso, é inadiável a criação de uma “CPI do Dinheiro Público”, que faça uma varredura das verbas repassadas pelos cofres públicos ao Comitê Olímpico, ao Comitê Paraolímpico e às confederações desde o início do governo PT, em 2003 .Quem sabe em 2015, já como senador da República, o hoje deputado Romário lidere esse movimento.

Uma CPI com quebra de sigilo fiscal e bancário de todos os que assinam pelas entidades do esporte, diante da falta de confiança que há muito se tem dos cartolas em geral, pela falta de transparência nas operações com verbas do governo. E poderemos ter a surpresa de constatar que Ricardo Teixeira, no futebol, é um amador diante do alto rendimento olímpico.


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