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Reativação do “Atleta na Escola” está nas mãos do ministro Mercadante
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José Cruz

O programa Atleta na Escola, encerrado este ano por falta de verba, frustrando quatro milhões de estudantes de 44 mil escolas, foi criado em 2013o  com apoio do então ministro da Casa Civil da Presidência da República, Aloizio Mercadante. Agora, de volta ao Ministério da Educação, é nas mãos de Mercadante que está a decisão para reativar o programa, no ano Olímpico de 2016. Esta é a expectativa do gerente administrativo da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Georgios Stylianos Hatzidakis, também responsável pelo acompanhamento do Atleta na Escola. Confira a entrevista:


Qual a sua avalição sobre o Atleta na Escola, com base nos dois anos de execução?

Georgios – O Programa Atleta na Escola é acompanhado com muito carinho pela CBAt. Ele permite ampliar a prática do atletismo e a detecção de talentos. Nestes dois primeiros anos, foi passado à CBAt um banco de dados dos estudantes com os melhores resultados em cada prova, por faixa etária e município. Analisamos a evolução dos resultados para futuro encaminhamento dos potenciais talentos para treinamento e adesão ao sistema do atletismo brasileiro.

E o que ocorreria com os alunos que obtiveram os melhores resultados?

Georgios Os melhores resultados seriam encaminhados para os clubes de atletismo, onde os treinadores concretizariam o aproveitamento desses atletaas. Com a interrupção do Programa, as informações sofrem descontinuidade e os dados ficam prejudicados.

O trabalho em geral também fica prejudicado?

Georgios Com muita tristeza, recebemos a informação sobre a interrupção do Programa. Isso prejudica o todo o trabalho que estava sendo efetuado. O programa estimulava a prática de atletismo na escola, que é um dos objetivos da CBAt, que entende a importância de ter uma boa base de praticantes para poder selecionar os talentos e futuros atletas da modalidade.

E para 2016, será possível reativar o programa?

Georgios – Estamos nos articulando para solicitar a manutenção pelo menos do atletismo. Estamos enviando correspondência para os Ministérios da Educação e do Esporte, para os deputados e senadores das comissões de Educação e Esporte do Congresso Nacional. O Programa deve ter continuidade, pois o investimento é relativamente baixo (R$ 80 milhões previstos para 2015). Recursos do “Mais Educação” poderiam ser utilizados para isso. Temos a certeza que apesar das dificuldades financeiras que o País passa, conseguiremos sensibilizar as autoridades, para que no mínimo o programa volte no início de 2016, ano dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e continue depois.

Qual a esperança maior?

Georgios – Esse programa foi criado pelo empenho do Presidente da CBAt, Toninho Fernandes, e por ordem da Presidenta Dilma, através da Chefia da Casa Civil. O ministro da Educação Aloizio Mercadante, que lançou o Programa, está de novo como titular da Pasta. Portanto temos muita esperança da volta imediata, pelo menos da modalidade de atletismo, que realmente funcionou. E que faz parte do programa de desenvolvimento do atletismo nacional.

Nota do Blog: A assessoria de imprensa do Ministério da Educação continua sem responder aos questionamentos sobre o assunto.

Para saber mais:

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/10/governo-suspende-atleta-na-escola-e-frustra-tres-milhoes-de-estudantes/

Na memória

… faz 158 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 133 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?


A realidade do atletismo e a necessidade de revisar o sistema esportivo
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José Cruz

Entre as ricas liberações de dinheiro público para o esporte de rendimento há outro tanto de lamúrias de dirigentes, técnicos e atletas, que reclamam de escassez de verbas. Isso demonstra a falta de gestor público à altura para corrigir o rumo do esporte e a devida aplicação das verbas federais, 11 anos depois de implantado o atual modelo do Estado doador.

O atletismo, esporte nobre dos Jogos Olímpicos, é exemplo dessa realidade. O editorial da revista da Confederação Brasileira de Atletismo  – “É hora de equilíbrio” -,  assinado por seu presidente, José Antônio Martins Fernandes, é revelador e preocupante.

(foto de Marcos Guerra)

toninhyo

“É preciso reconhecer que enfrentamos tempos difíceis” … “Percebe-se que empresas, potenciais patrocinadoras, estão investindo muito mais em eventos do que em entidades, como clubes, federações e confederações. Esta é a realidade que enfrentamos” … “Vamos pensar em como podemos eliminar despesas sem atingir órgãos essenciais à vitalidade de nossos sonhos”.

 José Antônio Fernandes (foto) assumiu a CBAt há pouco mais de um ano, herdando gestão de mais de duas décadas seguidas de Roberto Gesta de Melo que, por vezes, precisou se socorrer da poupança de sua família para pagar as contas da confederação.

A partir de 2001, com o advento da Lei Piva, a realidade financeira mudou, mas as dificuldades continuaram.

A realidade da Confederação de Atletismo não é exclusiva. Outras entidades passam pelo mesmo conflito de administrar verbas num mercado em constante aumento de preços, como passagens e hospedagens, entre outras dificuldades. Por isso, as manifestações de dirigentes reforçam a necessidade de o Ministério do Esporte rever o sistema, urgentemente, passando, também, pela avaliação do papel das federações e determinando a importância dos clubes, já que esses também recebem verbas específicas para a formação de atletas.

Uma revisão que comece pela indispensável pergunta: “Compete ao Estado financiar o esporte de alto rendimento”. Conforme a resposta o rumo e objetivos serão traçados. A propósito, atualmente há objetivos, afora a ilusória meta de colocar o Brasil no top 10 dos países olímpicos?

Mas, até esse estágio de análise e definições (se é que chegaremos lá …), é preciso aguardar o resultado da eleição presidencial. E, dependendo do próximo ministro saberemos sobre a disposição para mudanças ou “deixa como está”, pois é o que interessa.


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