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Boicote de atletas da canoagem não terá punição
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José Cruz

Ficou no passado o boicote de quatro atletas da equipe olímpica de canoagem  – Isaquias Queiroz, Erlon de Souza, Nivalter Santos e Ronilson de Oliveira -,  em evento teste, no Rio de Janeiro, sob alegação de atraso no repasse de bolsas.

Mesmo tendo sido chamado de “mentiroso” por Isaquias de Queiroz, o presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), João Tomasini (foto), amenizou a crítica, afirmando que não houve atraso, mas um “mal-entendido”, e justificou, numa entrevista ao blog:

Joao tomasini“Estamos procurando resolver o problema de uma forma que possamos manter a evolução da equipe rumo aos Jogos Olímpicos. Cremos que houve um mal-entendido pelos atletas e buscamos o diálogo e união para o bem da modalidade”

disse o presidente da Confederação de Canoagemm. O Blog tentou contato com os atletas, mas não obteve retorno.

Tomasini contestou a crítica de que está há 27 anos no comando da Confederação. Disse que sua recondução por longo tempo se dá “pelo voto de um colégio eleitoral com representantes de federações e de clubes.”

Quais são os ganhos dos atletas de ponta, isto é, as fontes de financiamento públicas (salários, bolsas, patrocínios), e quantos atletas são beneficiados por essas fontes?

– O ganho dos atletas da ponta da Canoagem Brasileira tem como base os resultados atingidos pelos próprios, seguindo orientação de categorização do apoio financeiro (bolsa-auxílio) aos atletas, tendo como referência as regras do bolsa-atleta do Ministério do Esporte. Mais informações dos valores desse apoio e a categorização na bolsa pode ser verificado na tabela em anexo.

Atualmente a Canoagem Brasileira assiste, por meio de bolsa dos projetos via patrocínio do BNDES o seguinte número de atletas: 31 no CT Canoagem Velocidade em Curitiba, seis no CT Paracanoagem em São Paulo, 23 no CT Canoagem Slalom em Foz do Iguaçu, e os quatro canoístas do CT Canoa Masculina em Lagoa Santa (de junho/2013 a dezembro/2014) e a partir de agora com o novo projeto.

No boicote do Rio de Janeiro, os atletas alegaram que não receberam “salários”. Essa questão está regularizada?

– Os atletas nunca deixaram de receber os recursos. Enquanto o projeto do CT de Lagoa Santa ainda passava por todos os trâmites administrativos e burocráticos, a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) acordou com o COB para que o Comitê assumisse o pagamento enquanto o projeto não era liberado e assim garantisse a tranquilidade da equipe no Campeonato Mundial e na preparação para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Os atletas já dispunham das minutas de seus respectivos contratos desde a véspera do Aquece Rio de Canoagem Velocidade que lhes foi entregue na sede do COB, no Rio de Janeiro, em reunião entre CBCa, COB, BNDES e os quatro atletas. Na ocasião, também lhes foi informado que os recursos já se encontravam disponíveis e que o pagamento das bolsas se daria em dez dias a partir da assinatura dos contratos.

O balanço de 2013 da Confederação apresenta débito fiscal de R$ 3,9 milhões. Quem são os credores e como está esta situação da dívida fiscal? 

– É com a Receita Federal e a dívida é originária dos bingos, contudo o montante foi parcelado pelo REFIS. Certidões negativas da CBCa em anexo.

A Academia Brasileira de Canoagem é parceira da Confederação para operar os recursos oficiais?

– A ABraCan (Academia Brasileira de Canoagem) é pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos, com o objetivo promover, apoiar, favorecer e divulgar atividades de práticas e intelectuais de canoagem nas manifestações do desporto educacional, desporto de participação e desporto de rendimento, visando o crescimento qualitativo e quantitativo da Canoagem Brasileira, e têm as federações estaduais entre suas filiadas. Atualmente, com o apoio da Confederação Brasileira de Canoagem – CBCa e do Ministério do Esporte e o patrocínio do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, a Academia Brasileira de Canoagem mantém projetos esportivos como os Centros de Treinamentos da Canoagem Brasileira (CT Paracanoagem em São Paulo, CT Canoagem Velocidade Curitiba e, a partir de setembro o CT Canoa Masculina Lagoa Santa), além dos projetos para a participações e realizações dos eventos nacionais e internacionais.

Quais são as receitas públicas da Confederação no atual ciclo olímpico?

– As receitas públicas da Canoagem Brasileira são oriundas da Lei Agnelo Piva, no caso da Confederação Brasileira de Canoagem, e do BNDES e Ministério do Esporte no caso da ABraCan e da Federação Paranaense de Canoagem (FEPACAN).

LEI PIVA

2013R$ 2.952.018,91
2014R$ 2.902.273.59
2015R$ 3.078.000,00

 

BNDES e MINISTÉRIO DO ESPORTE

Através da Academia Brasileira de Canoagem (AbraCan) e Federação Paranaense de Canoagem (FepaCan)

FONTE201320142015A ReceberTOTAL
AbraCan  3,13  8,45   10,29   5,62   27,49
FepaCan  1,98  3,85     5,82   2,46   14,11
TOTAL 5,01 12,3  16,11  8,08  41,60


Bolsa Pódio está três anos atrasada
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José Cruz

Por Alexandre Guimarães

Em 13 de setembro do ano passado, a presidente da República, Dilma Rousseff, com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, lançou em cerimônia repleta de atletas e dirigentes esportivos o Plano Brasil Medalhas 2016. A principal meta é colocar o Brasil entre os 10 primeiros países nos Jogos Olímpicos Rio 2016, e entre os 5 primeiros nos Jogos Paralímpicos.

No evento, entre vários anúncios, um que entusiasmou os esportistas: a regulamentação da Bolsa Pódio, que pode beneficiar atletas de 36 modalidades olímpicas e paralímpicas com até R$ 15 mil mensais. A Bolsa Pódio foi criada em 2010, por Medida Provisória, e previa o pagamento de R$ 15 mil mensais. Confira.

O edital para inscrição demorou a sair, veio somente em julho. Desde então, os beneficiados são anunciados, geralmente em conta gotas. em cerimônias no Ministério do Esporte. Atualmente, são cerca de 120 atletas de uma dúzia de modalidades, em geral das maiores confederações.

Para muitos dos medalhistas de Londres 2012, a promessa ficou restrita àquele evento de setembro. Para alguns, o tempo sem o auxílio não permitirá competir em seu país.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, para debater os avanços do boxe olímpico, realizada na última terça, dia 5/11, a notícia de que nenhum atleta daquele esporte havia sido beneficiado chocou, pois foi a modalidade que mais evoluiu : três medalhas, depois de um jejum que vinha de 1968.

Os irmãos Falcão Florentino, por exemplo, trouxeram uma prata e um bronze. Infelizmente, descobriu-se que, por falta de apoio, o mais velho, Yamaguchi, teve de se profissionalizar, o que impede de competir no Rio.

Não é com certeza o único. Desanimado, o ginasta medalhista de ouro, Arthur Zanetti, somente foi beneficiado, depois de ter tratado publicamente da falta de apoio do Ministério do Esporte.

No caso do boxe olímpico, resta-nos torcer pela “medalha sem apoio” de Esquiva Falcão e de outras promessas, que já se destacam nos mundiais. E como disse o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro José da Silva: “A Bolsa Pódio precisa acontecer”.

 Alexandre Guimarães é jornalista e Consultor Legislativo do Senado Federal das áreas do esporte e do turismo.


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