Blog do José Cruz

Arquivo : maio 2014

A 24 dias da Copa: Mané Garrincha, R$ 1,9 bilhão e inacabado
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José Cruz

O inesquecível e humilde Mané Garrincha não merece ser lembrado com nome de um estádio de futebol de quase R$ 2 bilhões, o mais caro do país, e concluído sob denúncias de irregularidades nas contas, segundo o Tribunal de Contas do Distrito Federal.

Pior:

A 24 dias do início da Copa do Mundo, o acabamento da obra é precário e assusta, com flagrante relaxamento do Governo do Distrito Federal, que administra a área.

Mesmo com apenas um ano, já se observa falta de manutenção, pois a imundice pelos corredores, escadarias e sanitários deixa o “Estádio Nacional de Brasília” mais feio diante do evidente desleixo.

Veja a reportagem e o álbum de fotos:

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/05/19/entregue-ha-1-ano-estadio-mais-caro-segue-em-obras-no-df-a-26-dias-da-copa.htm#fotoNav=31


Dilma quer ajudar a mudar o futebol. Agora vai…
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José Cruz

Em jantar com jornalistas esportivos, na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que “esta é a hora de o governo ajudar a mudar o futebol brasileiro”, como revela o companheiro Paulo Vinicius Coelho, em seu blog. Mas, o que significa “ajudar a mudar”?

Essa manifestação ocorreu no momento em que três livros chegam ao mercado escancarando a corrupção no futebol. E todos envolvendo, também, a fina flor da cartolagem brasileira.

Até agora, o “best seller” dessas publicações de denúncias era o livro do escocês Andrew Jennings, “Jogo Sujo – O mundo secreto da Fifa. Não satisfeito, Jennings mergulhou em novas investigações e escreveu “Um jogo cada vez mais sujo”.

Em 2001, o inglês David Yallop já havia revelado sobre os subterrânos da Fifa em “Como eles roubaram o jogo”, um livro que mostra como o esporte foi descaracterizado, a partir da eleição de João Havelange para a Fifa.

Literatura à parte, a Câmara dos Deputados votará projeto de lei que trata do “fortalecimento do futebol”, aí incluído a renegociação do calote fiscal de R$ 4 bilhões dos clubes de futebol.

Na discussão desse projeto foi explícita  a interferência da CBF e assessoria do Ministério do Esporte, a ponto de o presidente da  Câmara, Henrique Eduardo Alves, determinar a retirada do texto de todos os artigos que envolviam a Confederação Brasileira de Futebol. Foi vergonhosa a forma como deputados e governo se dobraram obedientemente ao poder de José Maria Marin. Será essa a “ajuda” que a presidente Dilma se refere?

Já em 2006, relatório de um grupo de estudos da ONU identificou que o futebol profissional tornou-se “a maior lavanderia a céu aberto do mundo”, escondendo negociatas de jogadores, evasão de divisas, sonegação fiscal, tráfico de menores, de drogas, de armas e por aí vai.

Portanto, qualquer discussão sobre “ajudar” o futebol brasileiro precisa ter o apoio da Polícia Federal na investigação dos gestores em geral. Lembram o fim dos dois maiores expoentes que negociaram a Copa do Mundo para o Brasil, João Havelange e Ricardo Teixeira? Por que desapareceram, aparentemente, do circuito futebolístico?

Mas, como dizem os especialistas em marketing, “o futebol provoca emoções e emoções vendem”. Quem sabe, embalada por essa máxima e na expectativa dos resultados da Seleção Brasileira, que poderão influenciar na campanha pela reeleição, a presidente Dilma faça a promessa para “ajudar a ajudar o futebol”.

Desinformada – ou, quem sabe, informada pelo ministro Aldo Rebelo –  Dilma vai na contramão da economia do esporte de alto rendimento e contradiz, inclusive, pareceres dos ministérios da Fazenda e do Planejamento sobre o projeto de lei em questão, que beneficia o futebol.

É uma péssima notícia, principalmente porque o governo quer oferecer isenções, benefícios e privilégios a um negócio que se revela altamente suspeito na sua gestão, mas está, cada vez mais, intimamente vinculado aos movimentos políticos. Não é estranho? não, não é. Faz sentido, sim.


Espelho trágico: imperdível
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José Cruz

Por Ruy Castro

Na Folha de S.Paulo – 14 de maio de 2014

Merecemos levar bomba até em estádios. O engraçado é que já fomos bons nisso –levantamos o primeiro Maracanã em menos de dois anos, e olhe que, em 1950, era o maior do mundo. Hoje, a construção da maioria deles parece a cargo dos Três Patetas. 

“Se vamos às ruas protestar ou reivindicar, a tática é depredar, botar fogo e destruir justamente o que, em tempos de normalidade, deveria nos servir. Confiando na fraqueza das instituições, queremos resolver tudo na marra.”

O texto de Ruy Castro, triste mas real, está aqui


A Copa das angústias e o complexo de vira-lata
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José Cruz

Contrastando com a festa popular nos cinco mundiais de futebol conquistados,  agora o torcedor vai às ruas dividido, aplausos e vaias. E, ironicamente, na campanha do hexa, em casa! Hoje, comitês contrários ao evento fazem manifestações em todo o país. Que sejam pacíficas!

Em 30 de outubro de 2007,  Joseph Blatter entregou ao Brasil a “responsabilidade” de realizar a Copa? Visionário?

 “O Comitê Executivo decidiu, por unanimidade, dar a responsabilidade, não apenas o direito, mas a responsabilidade de organizar a Copa de 2014 ao Brasil”.

A manifestação foi bem diferente das anteriores. Em maio de 2004: “A Copa do Mundo de 2010 será organizada na África do Sul”. E, em julho de 2000: “O vencedor é a Alemanha”.  Mas, para anunciar o Brasil, o presidente da Fifa enfatizou: “responsabilidade”.

Temos isso? Nossas cidades estão coloridas como das vezes anteriores, a revelar a paixão pelo futebol e confiança no time de Felipão?

Lamentavelmente, o ambiente é outro, porque ao assumir a “responsabilidade” o governo foi frágil no planejamento e escancarou as diferenças entre os padrões de qualidade exigidos e os que não temos. O governo tratou, prioritariamente, de cuidar dos dividendos políticos que a Copa poderia oferecer.

Agora, a menos de um mês do evento, nem o estádio do jogo de abertura, o Itaquerão, está concluído. Na desenvolvida Curitiba,  a arena do Atlético-PR também é obra inacabada. E, no balanço geral do Sindicado das Empresas de Engenharia e Arquitetura, de 167 intervenções anunciadas em 2007, apenas 41%  ou 68 projetos estão prontos;  88 (53%) incompletos ou ficarão para depois da Copa. Onze obras foram abandonadas.

Pior:

Hoje, o companheiro Rodrigo Mattos revela em seu blog, no UOL Esporte, que Philippe Blatter, sobrinho do presidente da Fifa e dono da empresa que comercializa os ingressos da Copa, foi beneficiado com isenção fiscal de impostos no Brasil. A garantia está na Lei Geral da Copa. A estimativa é que, no geral, o governo deixe de arrecadar R$ 600 milhões em isenções. Por mais que o Brasil compense com outros ganhos a isenção fiscal, o que afronta é a agressão, pois o governo curvou-se obedientemente  – e sabia que seria assim – às exigências da Fifa.

E, aos críticos dessa realidade, o ministro do Esporte diz que se trata de “complexo de vira-latas”, imortal citação de Nelson Rodrigues. O Senhor já foi bem mais crítico dessa voracidade financeira do futebol, que explora a estrutura de governo por lucros fáceis, corruptos e suspeitos. Estranha mudança, Ministro, muito estranha!

A expressão de Nelson Rodrigues referia-se à inferioridade que o brasileiro se coloca diante do mundo, como se fôssemos incapazes de realizar o que se vê em outros países.

Agora, ao contrário do que afirma Aldo Rebelo, estamos diante de uma realidade, do fato concreto que é o fracasso do “planejamento”  do governo, que não cumpriu nem 50% do previsto. Não é inferioridade, Ministro, mas a constatação de que fracassamos, também na oportunidade de tirar dividendos do megaevento, algo que nos orgulhasse e não apenas subjugasse. E não é complexo, mas tristeza pela incapacidade dos gestores que assumiram  a tal “responsabilidade”.


15 de Maio: abertura oficial da Copa das Manifestações
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José Cruz

Rodolfo Mohr

Jornalista

Exatamente 11 meses atrás, o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, sediava a abertura da Copa das Confederações. Um dia antes, 14 de maio, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fechou o Eixo Monumental, via de acesso ao Mané, na luta por moradia. No dia do jogo, no embalo das passeatas pela redução das tarifas de ônibus que sacudiam o país, realizamos uma passeata, antes do jogo Brasil x Japão.

Hoje, 15 de maio, vivemos ainda sob a situação política gerada em junho de 2013. Daqueles dias que o gigante acordou, conquistou a redução das tarifas de ônibus e protestou contra os abusos cometidos na organização da Copa.

A Copa do Mundo no Brasil produziu um efeito contrário do planejado. Em 2007, foi pensada pelo governo para ser a cereja do bolo, o triunfo ufanista, ao organizar os dois maiores megaeventos esportivos, o Mundial de Futebol e a Olimpíada. O que vemos é um desânimo popular sem precedentes.

Eu tinha 7 anos em 1994. Lembro de cada detalhe. Do Tetra. Da festa. Das aulas que terminavam mais cedo para vermos a Seleção. Nessa época, eu morava em Porto Alegre, agora resido em Brasília. Aqui, há concursos das quadras mais enfeitadas para Copa. Hoje, 15 de maio, além de quase nenhuma decoração nas ruas e casas (somente a oficialista em prédios do governo federal e distrital), há um desconforto no comércio, que já prevê menos vendas que a previsão para o período.

Evidente que, com mais ou menos entusiasmo, o Brasil irá se pintar de verde e amarelo. Contudo, o povo não se restringirá a acompanhar apenas as emoções do Mundial de futebol. O megaevento comercial, essa mina de ouro que a FIFA consegue saquear de cada país que sedia os jogos, não desce na garganta dos brasileiros.

Talvez aí resida o maior legado social da Copa do Mundo FIFA no Brasil: a consciência de que o povo tem o direito de lutar contra as injustiças e por seus direitos. E não faltam injustiças cometidas em nome da Copa: nove operários mortos nas obras das Arenas, 14 cidadãos mortos em decorrência da violência policial nos protestos, milhares de pessoas desalojadas de suas casas, superfaturamento dos estádios, etc.

Como dito nas jornadas de junho, não fomos às ruas somente por 20 centavos. Estamos de novo na rua. Outra vez. O MTST, o Juntos, os Comitês Populares da Copa, tantos outros movimentos, milhares de brasileiros.

Hoje, nos protestos do 15M, declaramos oficialmente aberta a Copa das Manifestações.

Rodolfo Mohr é jornalista e atua no Movimento Juntos

 rodolfo@juntos.org.br


Reformas no Maracanã pagariam quatro novos estádios
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José Cruz

Em uma década, entre 1999 e 2010, o Maracanã passou por três grandes reformas, que consumiram R$ 1,5 bilhão. Em valores corrigidos, o investimento foi de R$ 1,8 bilhão, segundo o portal do Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco).

O valor total das obras no Maracanã equivale à quatro estádios nos moldes do erguido em Natal – Arena Dunas, com capacidade para 42 mil torcedores, e que custou R$ 420 milhões ao governo do estado do Rio Grande do Norte.

É possível que o Maracanã vá para sua quarta reforma, logo após a Copa, desta vez de “atualização” às exigências do Comitê Olímpico Internacional, para os Jogos Rio 2016.

REFORMAS NO MARACANÃ

ANO

VALOR – R$

1999

199.000.000,00

2006

304.000.000,00

2010

1.000.000.000,00

TOTAL

1.503.000.000,00

Fonte: Sinaenco/Em Discussão/Senado/2014

Enquanto isso…

Interditado desde março de 2013, o Engenhão, continuará fechado na principal festa do futebol, a Copa do Mundo. As empresas OAS e Odebrecht fazem consertos na estrutura da cobertura, que ameaçou desabar.

Memória

Ironicamente, na mesma época do fechamento do Engenhão, o personagem famoso que batizou o estádio, “João Havelange”, desabou de seu pedestal de presidente honorário da Fifa, em meio a um escândalo de corrupção, denunciado pelo jornalista escocês Andrew Jennings, detalhado em seu livro “Jogo Sujo”, os bastidores da Fifa. Dois anos antes, Havelange já havia se afastado do Comitê Olímpico Internacional para evitar processo de expulsão.


Na Copa, vamos “dar um jeito”, diz a música
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José Cruz

Nazareno Dantas

Ouvi uma das músicas da Copa do Mundo, cujo título é “Dar um jeito“, que também é refrão forte. Nada mais apropriado para um evento no Brasil e logo uma de suas músicas principais tem uma parte que diz isso. Parece piada!

Mas, piadas a parte, li seu artigo de sábado (“Mais chutes no traseiro, merecemos isso”). Nós, brasileiros, podemos no irritar com esses comentários da Fifa e do Jêrome Valcke, que, de certo modo, têm os seus interesses econômicos. Todavia, devemos ter a maturidade de filtrar tais comentários e perceber que o Brasil está, sim, a precisar de um “chute no traseiro” em muita coisa, para que resolvam o quanto antes boa parte dos problemas, principalmente desses eventos, em especial das Olimpíadas de 2016.

Essas críticas poderiam ser mais construtivas, se tanto governos quanto esses comitês que estão a organizar esses eventos soubessem realmente usar o dinheiro público que é investido.

Eu moro em uma cidade na região metropolitana de Fortaleza, trabalho e estudo nela. O que percebi é que boa parte do que foi prometido para a Copa do Mundo não foi cumprido. As obras estão por toda a cidade, o trânsito está caótico. Ao redor do estádio há muita coisa a fazer. Para o mundial irão “maquiar” alguma coisa aqui e ali. Porém, não estará tudo realmente pronto. Nas cercanias do estádio Castelão, em alguns horários, transitar é um martírio. Os ônibus são “latas de sardinha”, lotados e sem ar condicionado. Imaginem uma cidade em que a temperatura diária é de 35 a 40 graus?

Percebo que as pessoas daqui estão perdendo a razão, pois para entrar em um ônibus parecem mais uma manada de elefantes do que gente, muitos passam por cima de tudo e de todos. Há séculos que não sei o que é chegar no horário na faculdade, pois demoro algum tempo a mais para que os ônibus vaguem para não corra o risco de ser atropelado. Se em dia de jogo na cidade fôssemos trabalhar, pode ter certeza que morreria muito europeu esmagado. Feriado em dia de jogo não é apenas uma política de pão e circo do governo, mas uma necessidade logística.

O que escrevo é apenas um pouco do que eu sinto como cidadão, como ser humano e uma pessoa que procura usar o conhecimento para interpretar um pouco melhor o mundo em que vivo.

Mas, como diz a música, que não fala em Brasil, vamos “dar um jeito”. E tudo vai dar certo!

Nazareno Dantas é formando do curso de Marketing, na Faculdade Ateneu, em Fortaleza.


Os trambiques no esporte e o exemplo de Luiz Estevão
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José Cruz

Se nas quadras o basquete brasileiro está pelas tabelas, fora delas pode fechar as portas. Sem exageros, mas é o que mostra o balanço contábil de 2013 da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), onde se identifica “situação falimentar” da entidade.

A precariedade e risco da gestão do presidente da CBB, Carlos Nunes, estão nas contas, inclusive com aumento no débito fiscal. Só com o INSS a dívida cresceu 64%.

Quem revelou esse quadro foi o companheiro Fábio Balassiano, em seu blog, Bala na Cesta, com base na palavra de um especialista,  Jorge Eduardo Scarpin, do curso de Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Paraná. Depois de analisar o balanço da Confederação de Basquete (aqui), recentemente divulgado, Scarpin concluiu:

No Fechando esta análise, se a CBB fosse uma empresa privada, estaria em situação falimentar, ou seja, ou já estaria de portas fechadas ou se encaminhando para isto. Não vou entrar no mérito se a gestão esportiva é boa ou não, não sou especialista na área, mas, com certeza, a gestão financeira está muito, mas muito a desejar. Em 2012 observamos uma leve melhora nas contas, mas em 2013 a situação voltou a piorar, em todas as dimensões de análise”

E daí?

Daí que isso não significa nada, mas preocupa muito, porque a CBB se mantêm com verbas públicas que têm a seguinte origem:

Orçamento do Ministério do Esporte

Lei de Incentivo ao Esporte

Loterias federais, via Comitê Olímpico Brasileiro

Eletrobras, patrocinadora oficial

Ou seja, o governo, por várias fontes, coloca dinheiro público nas mãos de pessoas irresponsáveis na sua gestão. E como se mantêm a CBB diante desse caos? Com empréstimos bancários, desde 2009, pagando juros altíssimos. Só em 2013 foram R$ 2,5 milhões de juros, dinheiro que deveria ter sido injetado na prática esportiva.

Repetições

Esse caso do basquete revelado por Balassiano é repetido e nada se sabe em termos de Tribunal de Contas ou da Controladoria Geral da União. E o que diz o secretário de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves, que conhece os balanços contábeis? Até agora, nada!

Como já divulguei, a Confederação de Tênis também é exemplo triste de gestão. Até denúncias de falsificação de extrato bancário na prestação de contas junto ao patrocinador, os Correios, existem.Isso sem falar em notas fiscais de despesas que não aconteceram. Alguém fiou coma grana! E no basquete, teremos alguma ação da Eletrobras, do Ministério do Esporte ou do Comitê Olímpico Brasileiro diante do evidente caos financeiro?

As orignens

As origens da impunidade são íntimas do sistema político e da gestão pública. No caso, estamos falando de esportes, de verbas “pequenas”, enquanto no restando da gestão pública federal o roubo, o trambique se tornaram rotinas e impunidades idem.

Por exemplo: o ex-senador e empresário, Luiz Estevão, acaba de ser beneficiado om a prescrição de dois dos cinco crimes a que foi condenado, pelo superfaturamento na construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.

Luiz Estevão se livrou devido à demora na conclusão do processo, e não responderá pelas acusações de uso de documento falso e formação de quadrilha. Mas seguem as condenações por peculato, estelionato e corrupção passiva. Mas, daqui a pouco, ele também se livrará dessas. Duvidam?

É por isso que os cartolas estão rindo à vontade, porque sabem que as denúncias de crimes praticados não darão absolutamente em nada.

Para saber mais:

http://balanacesta.blogosfera.uol.com.br/2014/05/07/balanco-financeiro-da-cbb-minha-analise-muita-divida-e-nenhum-projeto/

 


Mais chutes no traseiro. Merecemos isso?
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José Cruz

O secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, trocou o sapato e deu mais um chute no nosso traseiro, dois anos depois do primeiro, quando nos mandou trabalhar para evitar atrasos nas obras dos estádios. Adiantou?

Esta semana, demonstrando que o limite de sua paciência coincide com o início da Copa, na mesma proporção em que cresce sua indelicadeza e grosseria com o país anfitrião, Valcke aconselhou os turistas:

Não adotem  o mesmo comportamento e o mesmo planejamento como se estivessem na Alemanha, na Copa de 2006. Não apareça (no Brasil) achando que é (a Alemanha)”.

Mais adiante, o dirigente voltou a um assunto que já sabíamos: a ideia de 12 cidades-sedes foi do então presidente Lula, com o argumento de que “a Copa deveria ser para todo o Brasil e não apenas para poucas cidades”.

Não é bem assim. Lula estava de olho nos apoios políticos das cidades-sedes para a campanha de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. A decisão foi política, e o ônus e o desgaste daquela decisão pagamos agora, uma conta que vai durar muito tempo a ser liquidada. Merecemos isso?

A vantagem é que, encerrada a Copa, Valcke não vai aparecer mais por aqui.


Copa e omissão: os conflitos voltaram
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José Cruz

Voltaram os protestos e invasões públicas. Agora, em outras frentes dos excluídos da Copa, a ponto de sensibilizar a presidente Dilma ao “diálogo”….

E  excluídos não são apenas os sem ingresso para os jogos, que renderão R$ 8 bilhões à poderosa Fifa. Mas os sem casa, os sem trabalho, os sem água, os sem energia elétrica, os sem justiça, que aumenta o número dos sem esperança. Isso é real.

Esqueçam o cansativo debate sobre recursos para saúde, educação, segurança, transportes, mobilidade…, comparativamente aos gastos públicos para a Copa. Como dissemos, no orçamento federal há dinheiro para tudo e, com certeza, não seriam R$ 28 bilhões gastos na preparação do Mundial que influenciariam nos projetos gerais do governo. Até porque boa parte desse dinheiro é de financiamento e outro tanto desaparece em propinas.

Mas o que falta – e isso também já se disse –  é decisão política para  dar rumo e executar o orçamento, enquanto sobram benefícios de governo com retorno social duvidoso e suspeitos acordos partidários de ocasião.

Mais: alguém poderia imaginar que nessa mixórdia de políticos um deputado do próprio partido do governo, André Vargas, seria flagrado em trambiques bilionários, usando o cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados? Isso também é real, e agrava a fragilidade da instituição, tão agressiva e perigosa quanto os movimentos de rua.

A Copa festiva que Lula idealizou não é a que Dilma está executando e odiando, porque o resultado desse megaevento, no campo e fora dele, influenciará na campanha da reeleição.

Nessa mistura de futebol e protestos, o Brasil perdeu a Copa ao não ter um comando central interministerial confiável e respeitável, que soubesse planejar, principalmente, como tirar dividendos de evento tão rico de oportunidades. Tivemos um ministro só, Aldo Rebelo, “especialista” em esportes, dando explicações sobre engenharia de estádios de futebol e mobilidade em aeroportos! Só isso sintetiza a seriedade como a Copa no Brasil foi tratada.

Essa omissão política, ignorando o conflito social real, e as disputas partidárias no Planalto Central foram decisivas para que chegássemos a um mês da Copa em clima de terror urbano e fragilidade das instituições, contrastando com a festa pública que o governo esperava ter, mas não planejou.