Uma estrela solitária em busca de Justiça
José Cruz
Por Gilberto Prado
Jornalista / Recife
Seu nome é Gabriel Patrício da Silva
Idade: 19 anos
Naturalidade: Natal (RN)
Atividade esportiva: atleta de remo
Especialidade: esquifista
Clube: Clube de Regatas União
Há alguns meses, o jovem Gabriel apresenta-se nos campeonatos regionais de remo na condição de convidado, na sua categoria (skiff masculino), contra os melhores de cada Estado e (…) “faz tudo sempre igual”. Vence com relativa facilidade.
Gabriel repetiu a façanha na última regata, no domingo passado, no Recife, patrocinada pela Federação Pernambucana de Remo, na qual se incluíam os melhores remadores do Sport e do Náutico.
Ele venceu duas provas com mais de dois barcos de diferença. O grande público presente ao Marco Zero aplaudiu o feito. Aplausos tímidos. Afinal tratava-se de “um estranho no ninho” na competição da mais tradicional modalidade esportiva de Pernambuco, “berço” de duas das maiores expressões esportivas do Brasil. Sport e Náutico.
O jovem Gabriel era apenas a imagem de uma “estrela solitária” deslizando sobre as águas do Marco Zero diante de uma multidão. Todos desconheciam a razão de sua presença como “convidado”. Quase ninguém sabia que sua presença era simplesmente o retrato da sordidez em estágio avançado no Brasil, incluindo os esportes.
Gabriel é vítima de uma “cachorrada” entre gestores, atingindo um indefeso atleta. Na briga do rochedo com o mar é o marisco que leva a pior. E Gabriel é o “marisco”. É simplesmente o melhor esquifista do País.
A Confederação Brasileira de Remo, porém, faz questão de ignorar esse mérito. Uma das razões a ser apontadas poderia ser a origem humilde do jovem. Pertence à “Família Silva” de um Estado cuja economia não é muito destacada.
Uma razão, porém é mais revoltante. O incontestavelmente melhor esquifista do Brasil não pode vestir e defender a camisa do seu País porque a Federação Norteriograndense de Remo faz oposição à atual diretoria da entidade nacional (Confederação Brasileira de Remo).
O que se pode esperar de um País, em véspera de uma Olimpíada, cuja entidade máxima de uma das mais nobres modalidades esportivas tem um comportamento tão mesquinho? Eis a pergunta que faço, já na “fila prioritária de espera da última viagem”, aos mestres, jovens formadores de opinião e vigilantes lutando por um Brasil mais justo.
Nota do Blog
A notícia-desabafo do Companheiro Gilberto Prado é a síntese da vaidade dos cartolas, que prejudica centenas de atletas Brasil afora, demonstrando como o nosso sistema desportivo está superado, apesar de sermos ''um país olímpico…''
Memória
… faz 149 dias que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.
… faz 124 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?