Megaeventos esportivos consomem R$ 28 bilhões, e a CPMF vem aí
José Cruz
A economia grega faliu oficialmente logo depois da Olimpíada de Atenas, em 2004. O Brasil decreta falência um ano antes dos Jogos Rio 2016.
Os megaeventos esportivos não são responsáveis diretos pelas quebradeiras, mas, no Brasil, contribuíram com R$ 28 bilhões nos gastos públicos dos governos que, agora, passam o rombo para o eleitor-pagador, via CPMF
A explosão de alegria de autoridades do governo e do esporte, quando o Rio conquistou a sede dos Jogos, em 2009, repercutia, também, um bom momento da economia brasileira. Por exemplo, registrava-se 694 mil novos empregos com carteiras assinadas. Agora, a um ano dos Jogos Rio 2016, prevê-se é a extinção de 1 milhão de vagas, até dezembro. Assim, Brasil e Grécia estão olimpicamente unidos pela mesma tragédia, inclusive na corrupção
Na Grécia
“Os Jogos foram determinantes para inflar os números na época”, disse a economista Marika Frangakis, do EuroMemo (Economistas Europeus por uma Política Econômica Alternativa), em declaração à BBC Brasil, em Londres, referindo-se à crise grega. Disse, também, que o país já acumulava gastos públicos extraordinários, que teriam se agravado “com as oportunidades de corrupção abertas na distribuição de contratos a grandes corporações”.
No Brasil
Os Jogos do Rio vão custar R$ 38,2 bilhões. Até agora, porque os reajustes do orçamento são periódicos. Desse total, 57% vêm da iniciativa privada e projetos PPP (Parcerias Público Privadas), e 43% dos governos federal, do Estado do Rio de Janeiro e da Prefeitura carioca.
Este ano, o Ministério do Esporte já liberou 22% (R$ 715 milhões) de seu orçamento, para a preparação da Olimpíada no Rio de Janeiro e treinamento de atletas. Mais R$ 1 bilhão está reservado até o final do ano. Boa parte dessa grana serviu para honrar contas de anos anteriores, chamadas de “restos a pagar”. A conta vai longe…
Mas o governo federal participará com mais R$ 3 bilhões concedendo isenções fiscais ao Comitê Olímpico Internacional e subsidiárias. Essa isenção fiscal, aprovada pelo Congresso Nacional, via medida provisória, corresponde a 10% do rombo no Orçamento da União para 2016 (R$ 30 bi). O mesmo ocorreu na Copa do Mundo, quando a Fifa ficou isenta de arrecadar R$ 1 bilhão, aproximadamente.
Os principais recursos públicos para os megaeventos esportivos
FONTE/DESTINO | R$ bilhão |
Pan-Americano 2007 | 3,0 |
BNDES Estádios da Copa | 3,0 |
Isenções fiscais – Copa | 1,0 |
Isenções fiscais Rio 2016 | 3,0 |
ME Orçamento 2015 | 1,7 |
Orçamento – Rio 2016 | 16,3 |
T O T A L | 28,0 |
E tem mais! Por exemplo, os R$ 400 milhões anuais que a Receita Federal abre mão anualmente, desde 2007, para a Lei de Incentivo ao Esporte. com boa parte de suspeitas aplicações, as tais ''oportunidades de corrupção'', como dise a economista do EuroMemo. Imagine nos demais ministérios e autarquias!
Por tudo isso, a CPMF vem aí…
Na memória…
… faz 112 dias que José Maria Marin, ex-presidente da CBF está preso, na Suíça.