Handebol recebe R$ 68 milhões de investimentos públicos
José Cruz
Com o título mundial feminino conquistado em 2013 e o masculino em evolução, as seleções de handebol são produtos esportivos com o DNA financeiro do governo federal, do qual receberam investimentos de R$ 68 milhões nos últimos anos.
A modalidade se fortaleceu na prática escolar, mas ganhou projeção com jogadoras atuando em clubes do valorizado mercado europeu, onde se destacou a armadora catarinense Eduarda Amorim, a Duda (foto), eleita a melhor atleta do mundo, em 2014.
Esse êxodo das melhores também ajudou a enfraquecer o ainda inexpressivo campeonato nacional, difícil de atrair investimentos privados, principalmente, como ocorre com o basquete.
''Uma equipe de base não tem um campeonato para jogar, fica difícil dar ritmo para essas meninas. Por isso, na realidade, a melhor opção, é sair do Brasil, buscar uma equipe na Europa que já tenha um trabalho de base mais organizado. Dali você já sai para uma equipe de ponta, vai jogar em alto nível. No Brasil ainda não acontece isso” – Duda Amorim , em recente entrevista ao portal Terra.
Verbas oficiais
Não é esse o problema das seleções, cujos desempenhos conquistaram dois importantes patrocínios, do Banco do Brasil, com R$ 8 milhões anuais, e dos Correios, R$ 6,8 milhões/ano.
FONTE | VALOR R$ |
Min Esporte 2010/2013 | 20.970.367,00 |
Lei Incentivo 2008/13 | 8.973.800,00 |
Bco do Brasil 2014/15 | 16.000.000,00 |
Correios 2014/2015 | 13.600.000,00 |
371 Bolsas Atletas/ano | 5.359.115,00 |
Lei Piva | 3.300.000,00 |
T O T A L | 68.203.282,00 |
Prêmios
Em audiência pública na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, a diretora de Marketing da Confederação de Handebol, Glória Sperandio, deu o perfil de como são tratados os atletas convocados para as seleções. “A Confederação de Handebol paga premiações por performance, por conquista de títulos, diárias e salários nos períodos de treinamento”.
Além disso, 417 atletas recebem Bolsa do Ministério do Esporte, sendo 44 da categoria “Pódio”, cujo valor não foi revelado pelo governo, mas que pode chegar a R$ 15 mil mensais para cada contemplado.
Fartura
O tratamento é altamente profissional, como requerem jogadores de seleção. Mas essa é competência do Estado, num total desvirtuamento da destinação das verbas públicas para o esporte? Por que a iniciativa privada não abraça essas equipes? Esses investimentos continuarão depois dos Jogos Rio 2016?
Esse é o lado da fartura do esporte, comentado no artigo de ontem, pois a maioria dos jogadores que integram as seleções masculina e feminina são vinculados a clubes estrangeiros, com salários valorizados. Não foi para esses que a Bolsa Atleta foi criada. Mas para os que ainda não sentem nem o cheiro da verba da Lei Piva, gerenciada pelo COB.
Da equipe feminina que conquistou o título mundial, em 2013, apenas três jogadoras atuavam no Brasil. As demais estavam em clube da Áustria, Rússia, Hungria, Eslovênia e França. Segundo Glória Sperandi, cerca de 500 mil pessoas praticam handebol no país e, dessas, 71% são mulheres.
Foto: veja.abril.com.br