Crise na economia: “combate ao doping” usou apenas 8,3% da verba de 2015
José Cruz
Em oito eventos-testes pré-olímpicos – vôlei, vôlei de praia, remo, canoagem, triatlo para-triatlo, vela e maratona aquática – a equipe da ABCD (Agência Brasileira de Controle de Dopagem) colheu sangue ou urina de atletas. O material está em análise no LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), no Rio de Janeiro (foto). Os resultados desses exames são mantidos em sigilo, obediência a um rigoroso protocolo internacional de proteção ao atleta. A expectativa é que os laudos sejam divulgados até dezembro, antes da abertura do ano Olímpico.
Enquanto isso…
… se a crise econômica permitir, a ABCD intensificará os exames antidoping nesta reta final da preparação dos atletas aos Jogos Rio 2016, e chegará, inclusive, às corridas de rua.
A previsão é realizar dois mil testes, segundo o diretor da ABCD, Marco Aurélio Klein. Desse total, 45% do material – sangue ou urina – são colhidos fora de competições, de surpresa. Combate ao doping é assunto de Estado.
Arrocho no orçamento
Porém, o aperto no controle dos gastos públicos imposto pela equipe econômica do governo, poderá frustrar a programação da ABCD, apesar da estrutura técnica e de apoio que montou, principalmente em função dos Jogos Olímpicos.
Para este ano, a ABCD dispõe de R$ 13 milhões no orçamento do Ministério do Esporte, para aplicar no projeto “Implementação e Desenvolvimento da Política Nacional de Controle de Dopagem”.
Porém, até 30 de agosto passado, apenas R$ 1,08 milhão havia sido gasto, efetivamente. Ou seja, nos primeiros oito meses do ano, não foram aplicados nem 10% do disponível.
Em abril, o goverrno fez cortes no orçamento da União, e o Ministério do Esporte perdeu R$ 900 milhões dos R$3,3 milhões disponíveis. Não se sabe quando dessa tesourada impactou sobre o projeto de combate ao doping. Um exame de urina no LBCD pode custar até R$ 1.000,00, dependendo da análise solicitada.
Na memória…
Faz 109 dias que o ex-presidente da CBF está preso na Suíça, investigado por suspeita de corrupção. Mesmo assim, meia dúzia de excelências trabalha para melar a CPI do Futebol, no Senado Federal.