Naufrágio do atletismo alerta para a pós-Olimpíada
José Cruz
GP de Atletismo é cancelado. A um ano dos Jogos Rio 2016, o Brasil Olímpico ainda não é o Brasil esportivo que há muito deveria estar em andamento. Vivemos a explosão das obras monumentais e da preparação final da equipe de alto rendimento. Mas ainda falta a estrutura sólida para que a pós-Olimpíada não repita o pós-Pan 2007
A mais recente notícia triste que nos coloca na rota dessa previsão é o cancelamento do Grande Prêmio Brasil de Atletismo, por falta de patrocínio. Disputado desde 1985, a competição integrava o calendário das IAAF – Federação Internacional de Atletismo.
O evento seria em setembro, em Belém, como em anos anteriores. Mas o governo daquele estado recuou devido aos graves problemas na economia. São Paulo também fugiu da raia…
Ironicamente, o Ministério do Esporte está investindo R$ 70 milhões na construção/reforma de pistas de atletismo em 11 estados. Essas obras estão associadas a um projeto que dê garantias de manutenção e conservação desses espaços? Como as crianças chegarão a esses centros e quantos técnicos ali estarão à disposição? Quem garantirá essa estrutura, se os governos em geral não conseguem honrar o salários da ''Pátria Educadora''?
Dependência
O alto rendimento está profundamente dependente do cofre público e este é o risco para o futuro do esporte. Onde está a iniciativa privada para os grandes eventos? Será porque o atletismo tornou-se, lamentavelmente, um esporte sem expressão no país, a ponto de transformarem o histórico estádio Célio de Barros em estacionamento da Fifa?
A falta de uma política do esporte – ainda estamos discutindo o “sistema” … – nos coloca na dúvida permanente: e depois? Sem a tal “política”, não há como dar garantias de que teremos orçamento a partir de 2017.
O atual debate sobre o Sistema de Esporte passa ao largo do Ministério da Educação e da Saúde, principalmente, porque isso não é discussão de governo, mas da pasta do Esporte, exclusivamente.
Neste quadro, o Brasil de 2017 terá instalações e, quem sabe, o orgulho de um desempenho à altura da festa olímpica em casa. E só! As promessas de legado ainda são ''promessas'' e, mesmo assim, capengas.