Só quebra de sigilos fará Del Nero se explicar
José Cruz
Ao contrário de uma sabatina rigorosa, a partir das denúncias de falcatruas e trambiques do futebol, Del Nero teve um encontro entre amigos, ontem, na Comissão de Esporte da Câmara. Para quem esperava “dureza” nas arguições, tudo se resumiu num vergonhoso convescote. Se tivessem servido champanhe em vez de água e cafezinho seria mais adequado. Até o ex-ministro Orlando Silva, que nem pertence à Comissão de Esporte, marcou presença na recepção ao presidente da CBF.
Pior:
Marcelo Aro, que é diretor de “ética e transparência da CBF”, estava nas primeiras filas. A excelência é deputado federal! Nunca o futebol teve tantos infiltrados legais no Congresso Nacional, como na atual legislatura, o que demonstra que, apesar do escândalo, as excelências continuam aliadas.
A reunião, enfim, foi uma espécie de “aquecimento”, um “treino de luxo” para Del Nero enfrentar a CPI no Senado. Lá, terá no ex-atacante Romário, principalmente, um parlamentar nada dócil, para tentar abrir os arquivos suspeitos da CBF.
Lição
Del Nero nada sabe sobre o passado da CBF. Está clara, portanto, a necessidade de a CPI do Senado conseguir, logo nas primeiras reuniões, a quebra dos sigilos bancários e fiscal da CBF, e acesso a todos os contratos com órgãos internacionais, principalmente, nos últimos anos.
Só com acesso a esses documentos serão revelados os segredos do futebol . E, então, os senadores poderão atualizar o Senhor Del Nero sobre a realidade dos negócios da bola.
Mais detalhes sobre a reunião de ontem está na reportagem de Daniel Brito, aqui.
Foto de Ed Ferreira/Folha Press