Blog do José Cruz

Romário no ataque contra a retranca da CPI

José Cruz

Ao contrário da Europa, onde é nítido o interesse de investigar os crimes financeiros por trás dos negócios da bola, o Legislativo brasileiro amolda-se aos interesses da CBF –, como se não fosse de sua competência descobrir fraudes nas transações do futebol

Na Suíça, progridem as investigações sobre a corrupção no futebol. Já foram identificados 160 bancos que operaram transferências financeiras de cartolas, típicas de crimes financeiros.

Os primeiros resultados mostram que os espertos usaram contas na Suíça para lavagem de dinheiro, em transações suspeitas de pagamento de propinas e sonegações fiscais, nas escolhas das dedes da Copa de 2018 e 2022.

Esse avanço investigativo foi depois do confisco de documentos na Fifa, que levaram a operações suspeitas de ilegalidades, identificadas por mecanismos de combate à lavagem de dinheiro.

Já nos contratos individuais, a Justiça da Espanha investiga sobre a transferência de Neymar, do Santos para o Barcelona. A transação teria sido fechada em 83 milhões de euros, contra os 57 milhões de euros divulgados, provocando uma “pedalada” no fisco daquele país, inclusive.

Enquanto isso…

Por aqui, o senador Romário desdobra-se para tentar compor a CPI da CBF, que poderá mostrar muito sobre a corrupção do futebol no Brasil, a partir das quebras de sigilos bancário e fiscal da CBF, federações e clubes.

Sem fugir da retranca dos adversários, ele vai no “corpo-a-corpo” junto aos líderes partidários, para que indiquem logo seus representantes na CPI. Nesse jogo de insistência, falta apenas o PMDB nomear seus dois integrantes.

Extremos

Ao contrário da Europa, onde é nítido o interesse de elucidar se há crimes financeiros por trás do jogo da bola, por aqui o Legislativo se acomoda como se não fosse de sua competência descobrir fraudes no futebol.

Faz sentido, pois identifica-se nessa morosidade a forte atuação de parlamentares intimamente vinculados à CBF tentando melar o jogo da investigação, para evitar que se conheça os trambiques da bola disfarçados de “negócios”.

Para saber mais sobre a CPI da CBF, leia a reportagem de Daniel Brido, do UOL Esporte.

Foto: jornaldehoje.com.br