Blog do José Cruz

Londres 2012: fracassa o legado público da prática esportiva

José Cruz

''Se lá está assim, imagina aqui…''

Por Walter Guimarães – Jornalista

A discussão nos jornais do Reino Unido, nestes dias, está no levantamento que mostra a queda do número de pessoas que praticam atividade física, ao menos uma hora e meia por semana (enfatizo, por semana). Isso, mesmo depois dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.


gordinhosDez anos atrás, o então primeiro-ministro, Tony Blair, afirmava, com boca cheia: ''Visualizamos milhões de jovens britânicos participando de atividades esportivas e melhorando a qualidade de vida, como resultado dos Jogos. Londres tem a capacidade de fazer acontecer''!

Outro gestor, Sebastian Coe, ''sir'', ex-atleta e coordenador dos Jogos falava que ele e sua equipe ''trabalhavam para ajudar jovens a escolher esportes para praticarem''.

Realidade

Levantamento da Sports England mostra que, nos últimos seis meses, foram 220 mil praticantes a menos na tal ''hora e meia, semanal'', em comparação há um ano. Já os dados da natação revelam assustadoras 730 mil pessoas que não caem mais nas piscinas públicas e particulares, nos últimos dez anos.

A pesquisa indica que essa queda se deu nas classes menos abastadas. Porém, cresceram na prática esportiva as de poder aquisitivo alto.

Mas um megaevento como os Jogos Olímpicos não serviria justamente para diminuir essa diferença? Pelo visto, por lá, a resposta é “não”.

Outro levantamento liberado nessa semana, da Essex University, mostra que os jovens de hoje com o mesmo percentual de gordura estão em pior forma física dos jovens de gerações anteriores. Motivo: sedentarismo

O lema dos Jogos de Londres 2012 – “inspire a generation” (inspire uma geração) – não pegou. Quer dizer, nos jogos o “GB Team” foi melhor do que nunca, mas o “GB Política de Esporte” ficou longe do pódio da qualidade de vida.

Parece-me que vale a pena os gestores dos Jogos Rio 2016 acompanharem tal discussão. Principalmente o consórcio de governos (federal, estadual e municipal), através da APO (Autoridade Pública Olímpica), que tem a responsabilidade de programar o legado do megaevento.

Eu disse ''legado''? Quanta ingenuidade…

 

Foto: www.pralademarrakech.jex.com.br