Blog do José Cruz

Governo tenta salvar rumo olímpico com apoio de atletas famosos

José Cruz

Ao convidar a ex-atleta Ana Moser para presidir a APO (Autoridade Pública Olímpica), a presidente Dilma Rousseff sinaliza que não tem quadros para comandar o esporte em nível de governo, e se socorre em atletas famosos paraana tentar recuperar a credibilidade do setor.

Antes, Dilma tentou dar perfil político à APO,com o ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes. Durou dois anos. Depois, com um técnico e especialista em grandes estratégias, como a Olimpíada, o general Fernando. Durou dois anos e saiu fritado pelo Palácio do Planalto, que queria o cargo para colocar um leigo do PT. Mas isso poderia agravar a crise do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, porque o partido está sem credibilidade e com gente de seu quadro sob investigação no esquema da Petrobras.

A saída foi buscar um atleta vinculada ao esporte. Ana Moser, premiada atleta do vôlei de quadra, integra o Conselho Nacional do Esporte – que ainda não se reuniu este ano – e tem projetos sociais aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. Mais intimidade com o governo é impossível.

Com isso, Dilma sinaliza que, a menos de 500 dias dos Jogos Olímpicos, precisa melhorar a imagem de seu governo, também na comunidade esportiva internacional. Caberá a Ana Moser concluir um projeto que começou em 2011 e já passou pelas mãos de dois gestores, mas que tem o comando financeiro centralizado na mesa do ministro Aloízio Mercadante, na sala ao lado da presidente Dilma.

Estratégia

Essa nova e emergencial postura será reforçada amanhã, quando o velejador Lars Grael assumirá a presidência do Conselho Nacional dos Atletas, desativado há dez anos.

Lars

A estratégia do ministro do Esporte é esperta e de ocasião. Depois de preencher os principais cargos do ministério com leigos no esporte, mas ligados ao seu partido (PRB) e, por extensão, à Igreja do bispo Edir Macedo, George Hilton se socorre de nomes de prestígio para se aconselhar, e poder ter o que dizer três meses depois de ter assumido o cargo. Com isso, ele também divide responsabilidades no caso de algo não sair como o planejado.

Com Lars, deverão ter lugar no Conselho atletas de expressão, com liderança em suas modalidades, com experiência capaz de dar novo rumo ao setor. Serão conselheiros de luxo de um ministro inexperiente, numa pasta que, da forma como atua, não faz falta alguma à estrutura do nosso esporte.

Para saber mais:

http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/2015/04/06/ana-moser-e-convidada-para-presidir-autoridade-publica-olimpica.htm