Crise no vôlei ameaça parceria com BB
José Cruz
Poucas horas depois de a CGU (Controladoria Geral da União) ter divulgado relatório de auditoria confirmando graves irregularidades na gestão financeira da Confederação de Vôlei, o Banco do Brasil suspendeu o pagamento das parcelas de patrocínio, e fez exigências para retomar a parceria. É a mais grave crise nessa contrato de 23 anos entre o BB e a CBV, podendo ter desdobramentos irreversíveis. A matéria de Daniel Brito está neste link: http://esporte.uol.com.br/volei/ultimas-noticias/2014/12/11/banco-do-brasil-interrompe-verba-a-cbv-apos-cgu-apontar-irregularidades.htm
Ausentes
Na história desse episódio, os dois dirigentes da época em que se originaram as denúncias do escândalo não estão mais em suas instituições: Ary Graça, ex-presidente da CBV, e Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil. Ary é presidente da Federação Internacional de Vôlei, desde o final de 2012, e Pizzolato fugiu para a Itália para escapar de punição no processo dos mensaleiros.
Primeira crise
A última crise entre o Banco e a CBV que se tornou pública foi em fevereiro de 2005, quando Ary Graça trocou o tradicional amarelo e azul do uniforme da Seleção masculina pelo preto, com detalhe dourado, em alusão á conquista da medalha de ouro nos Jogos de Atenas 2004. A mudança não durou dois meses, pois a diretoria de Marketing do Banco do Brasil protestou e exigiu respeito ao contrato.
Ex-funcionários do banco, que conheceram detalhes dessa parceria, contaram que Ary Graça provocava o parceiro por ocasião da renovação dos contratos anuais. A estratégia agradava a Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil. Ele preferia – segundo a mesma fonte – que o vôlei tivesse um parceiro da iniciativa privada, já que os patrocínios públicos exigem rigor e compromissos para gastar as verbas recebidas.
Novo parceiro?
A nova crise ocorre a dois anos dos Jogos Rio 2016 e no bojo de escândalos em outra estatal, a Petrobras, com repercussão internacional. Se por ventura chegarmos ao limite de rompimento da parceria, o vôlei não ficará muito tempo sem patrocínio.
O Bradesco é o candidato da vez. Tornou-se o patrocinador oficial da Olimpíada e há dois anos faz fortes investimentos em outras modalidades, através da Lei de Incentivo ao Esporte. Daí para o vôlei será um saque de valiosos milhões, pois estará adquirindo um produto esportivo de grande visibilidade, vitorioso e mundialmente reconhecido, para ali exibir sua marca. Porém, de gestão suspeita e calamitosa, capaz de colocar o campeoníssimo esporte nas páginas policiais.