O esporte em berço esplêndido. Aplausos para o ministro
José Cruz
Entre colegas parlamentares e num ambiente fraterno, com trocas de elogios e gentilezas, o ministro Aldo Rebelo exibiu o panorama do esporte nacional, nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados, algo na base da “ordem e progresso”. Em audiência pública na Comissão de Esporte, o ministro voltou a exaltar a festa do futebol, a segurança e alegria populares na Copa do Mundo.
Aldo Rebelo também anunciou o “legado antecipado” dos Jogos Olímpicos Rio 2016, graças à construção da rede de centros de treinamento de alto rendimento e cobertura de dez mil quadras esportivas. O esporte em berço esplêndido, como nunca!
Enquanto isso…
Três meses depois da Copa, está claro que o Brasil “funcionou” apenas para os 30 dias de jogos. Agora, os desmandos são evidentes, na economia e nos serviços públicos, principalmente. O Brasil da Copa foi peça montada para turista ver.
Legado antecipado
Sobre “legados” olímpicos anunciados pelo ministro Aldo: são reais as obras, mas estão inseridas em que plano de longo prazo? Que garantias se tem de continuidade desses espaços, depois de 2016? De onde sairão os recursos para manutenção dos centros de treinamentos? Sem os Jogos Olímpicos, não teríamos esses investimentos?
A propósito…
Em 1997 o governo federal criou a “Rede Cenesp”, centros de ciência e pesquisa do esporte, vinculados às universidades. Em 2003, esses ricos espaços acabaram. A rede rompeu, coincidentemente com a chegada do PCdoB ao Ministério do Esporte. O abandono dos centros e equipamentos é retrato negativo do legado do desperdício.
Está claro que o governo trabalha em cima de projetos emergenciais. Precisamos ficar no top 10 dos países olímpicos e tudo se volta para isso, o dinheiro, inclusive.
Mas não há um projeto de esporte de longo prazo, com garantias orçamentárias. Sem exageros, vivemos a mesmice do século passado e, por isso, o discurso do ministro Aldo Rebelo é sem novidade, porque ele, também como deputado, é ator desse cenário repetitivo de longo prazo.
Finalmente
No discurso oficial de quarta-feira, não se observou em Aldo Rebelo o tom melancólico de despedida, dos que estão deixando a Esplanada dos Ministérios, neste fim de governo.
De repente, a exemplo de Dilma, consagrada pelo voto, Aldo continuará ministro, prestigiado pelo dom de controlar a nau do esporte nas águas agitadas dos megaeventos.