“Golpe de valor”, o feito do ano no esporte
José Cruz
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) realizará a tradicional festa dos destaques do esporte em 16 de dezembro.
Há novidades, indicando renovações, como as campeãs mundiais Martine Grael e Kahena Kunze, na vela, e Ana Marcela Cunha, na maratona aquática. E a surpresa, Marcus Vinicius D’Almeida, de 16 anos, vice mundial no tiro com arco.
Independentemente de pódios, o COB deveria homenagear outro jovem talento, o paulista Guilherme Forman Murray (foto).
O feito
Aos 12 anos, esse esgrimista foi o autor de um dos mais belos gestos que sintetizam todos os outros resultados no esporte, pódios e medalhas, inclusive.
Como já noticiei, Guilherme disputava aos oitavas de final do Panamericano de Esgrima, em Aruba, no Caribe. Poderia avançar no certame, mas ao ter validado um toque, Guilherme alertou o árbitro que não havia tocado o adversário com o florete, arma que disputa. O árbitro acatou, Guilherme perdeu o ponto e saiu da competição.
Caráter , ética e educação mostram o verdadeiro “espírito olímpico” difundido pelo COB. Mas foram, principalmente, nos ensinamentos da família e dos técnicos, no Club Athletico Paulistano, que Guilherme aprendeu a respeitar o adversário. Guilherme é bisneto do corredor Sylvio de Magalhães Padilha, ex-presidente do COB, morto em 2002.
Guilherme Murray é campeão brasileiro e sul-americano, e por seu feito fora do pódio a Associação de ''Panathlon Clubes'', que defende os valores do esporte, homenageou o jovem brasileiro.
O feito do garoto teve repercussão nacional. Discreto, ele comentou:
“O pessoal no Brasil não está muito acostumado com isso (a lisura no esporte). Não fiz nada de mais, apenas o correto”.
Na minha avaliação, o gesto de Guilherme é o “feito do ano” no esporte.