Educação e esporte: a farsa em nível internacional
José Cruz
Oitenta especialistas em prática esportiva na escola de sete países reuniram-se na Unesp (Universidade Estadual Paulista), num seminário promovido pelo Ministério do Esporte.
Segundo o Ministério do Esporte, o seminário “serviu para discutir a prática esportiva como ferramenta de promoção da saúde, da excelência do esporte e dos valores olímpicos e paraolímpicos”.
Esse mesmo assunto foi discutido em 2003, quando Agnelo Queiroz era ministro do Esporte. Ele e o então ministro da Educação, o hoje senador Cristovam Buarque, assinaram uma “carta de compromisso” criando uma “comissão para debater sobre o esporte na escola”. Há uma década! A tal “comissão” nunca se reuniu.
O Ministério do Esporte enfrentou sozinho o desafio e inventou um remendo chamado ''Segundo Tempo'', que se tornou símbolo da corrupção e derrubou o ministro Orlando Silva. Ainda hoje há processos apurando o desfalque de verbas públicas desse programa.
O Brasil tem dezenas de especialistas no assunto, a maioria do tempo em que se praticava educação física nas escolas. Nosso retrocesso é fenomenal. Não é preciso trazer estrangeiros para ensinar o que já fizemos muito bem.
A verdade é que os intelectuais da educação que estão no MEC não querem saber de esporte na escola. Para eles, esse ambiente é para estudo e só isso. É ai que a situação trava e não evolui.
A notícia que divulguei sobre a coincidência de datas do exame do ENEM e dos Jogos Escolares, com prejuízo para o estudante-atleta, é prova da falta de diálogo.
Portanto, qualquer iniciativa isolada do Ministério do Esporte, como o seminário internacional de São Paulo, é perda de tempo.
Porque, na prática, o governo federal está interessado é no megaevento esportivo, que exige obras, superfaturadas, se possível.
Mas sobre legados para os jovens e a importância do esporte como complemento da atividade pedagógica? O que é isso, companheiro?
Para saber mais
(A foto que ilustra este artigo é da Escola Tomé Francisco, de Quixabá, PE)