Para onde vão nossos atletas?
José Cruz
Fernando Meligeni, que na sua carreira de tenista profissional chegou a ocupar espetacular 25ª posição no ranking mundial (1999), está preocupado com a pós-carreira dos atletas.
Em seu blog, escreveu que falta reconhecimento aos nossos competidores, fora do futebol. E que os atletas são cobrados para apresentarem resultados.
“Chega de falar que vamos ganhar mais medalhas, ficar entre os 10 maiores países do mundo. Vamos dar um pulo no esporte. Tudo isso é discurso político. Vamos dar estrutura para o durante e pós-carreira. Esse, sim, tem que ser o objetivo. Vamos OLHAR para os atletas.”
Meta
Essa meta do “top 10” nos Jogos Rio 2016 foi fixada pelo Ministério do Esporte e Comitê Olímpico do Brasil. “Discurso político”, de fato. Porque nossas autoridades terão que prestar contas, pelo desempenho dos atletas, dos bilhões que investem no ciclo olímpico. Foram R$ 6 bi de verbas públicas entre os Jogos de Pequim e os de Londres.
Para isso, chegam ao extremo de trocar a clássica contagem de medalhas, em que o ouro é mais valorizado. Para os Jogos do Rio, não, pois valerá o total de conquistas para garantir o tal top 10. Se usarmos o critério antigo ficaremos abaixo.
Outro ponto no artigo de Meligeni, o Fininho é sobre “estrutura para o durante e pós-carreira”.
Meligeni, que parou em 2003, não chegou a ser beneficiado pela Bolsa Atleta. Nem pela Lei de Incentivo ao Esporte. São fontes de recursos públicos valiosas, além dos patrocínios das estatais que permitem aos atletas de ponta todas as condições de treino, viagens e competições. Não falo nos que estão iniciando, porque ali a realidade é triste.
Hoje, com verbas do governo e bom planejamento, nossos atletas olímpicos podem fazer economias para uma aposentadoria mais confortável, comparativamente a outros tempos.
Mas, para isso, haja pressão, dos gestores do esporte, principalmente, pois eles poderão sorrir – ou não – de acordo com o desempenho de nossos atletas. A pressão maior vem daí, dos cartolas e do Ministério do Esporte.