Blog do José Cruz

A Copa foi um sucesso? De vidência e conjecturas à Copa real

José Cruz

Por Alexandre Guimarães

Consultor Legislativo do Senado Federal, especialista nas áreas de esporte e turismo

 

“(…) o evento ocorrerá com êxito, pois é do caráter do povo brasileiro realizar, com os recursos disponíveis, tudo da melhor forma possível, mesmo que de improviso – o famoso ‘jeitinho brasileiro’” (Alexandre Guimarães)

Desculpem-me a autocitação, mas é relevante.

De início, afirmo: não sou adivinho – respeito aos que acreditam –, mas nunca dei atenção a videntes! No entanto, dois meses antes da Copa “previ” o êxito da Copa. Infelizmente, isso se chama trabalho técnico, não vidência, e resultado de estudar um evento que tomou praticamente todos os meus dias nos últimos seis anos.

Feito o desabafo, vamos ao que importa: a Copa de 2014 foi esse sucesso divulgado politicamente pelo governo?

Seriamente: não. E, novamente, falo com o técnico das áreas diretamente relacionadas. Quando se aprovou a Lei da Copa, a decretação de férias escolares no período do evento e de feriados nas cidades-sedes durante os dias de jogo tinham dois únicos propósitos: resguardar a mobilidade urbana das cidades, pois nenhuma conseguiria suportar o tráfego diário acrescido do de torcedores; e diminuir o movimento nos aeroportos inacabados ainda em sua maioria.

Quando se conjetura uma injeção de R$ 30 bilhões na economia – por “coincidência”, o mesmo valor dos gastos (bem maiores que previstos inicialmente) –, esquecem de que não há ainda o cálculo de quanto a economia perdeu com tantos feriados. A economia não vive de conjeturas, mas de números reais; que o valor do PIB confirme tal crescimento em virtude da Copa e comemore-se!

E o número de turistas que passou de um milhão, segundo dados ainda não oficiais. Torçamos que tenha sido essa cifra para repetirmos o desempenho inédito de 6 milhões de turistas de 2013, resultado, especialmente fortalecido pelos cerca de 400 mil peregrinos que vieram em 2013 para a Jornada Mundial da Juventude. Mas não importa, sejam 500 mil ou um milhão, que eles voltem e tragam mais turistas! Assim, um dia, o Brasil ultrapassará países como mais de 10 milhões de visitantes como Marrocos ou Cingapura, citando países pequenos e longe dos destinos tradicionais do hemisfério norte… e sonharemos com um dia ter os 26,5 milhões de turistas que a Tailândia ou os 25,6 milhões da Malásia!

E os legados? Daqueles sempre citados, esperamos que sejam todos concluídos o mais breve possível, e torçamos para que não fiquem na nossa conta a manutenção dos “elefantes brancos”, como o Estádio Nacional de Brasília, que só com manutenção, segundo números de estudos internacionais, gastará entre 50 a 100 milhões anualmente. E haja show da Beyoncé, Madonna, U2… (E quando serão explicados aos brasileiros os aumentos nos valores das obras? Esperemos os próximos capítulos.)

Legados reais: a confirmação de que cambistas agiam diretamente relacionados com a FIFA; a receptividade do povo brasileiro que sempre foi inquestionável; o “jeitinho brasileiro” que, sempre, consegue realizar qualquer coisa de modo satisfatório com os recursos que se tem (mesmo não sendo os ideais); e a demonstração de que um país como a Alemanha, com carga tributária pouco superior à nossa, consegue ter educação, segurança, saúde e… o melhor futebol do mundo!

Nota do blogueiro:

Para confirmar a previsão do articulista, sugiro a leitura do artigo que ele escreveu, em 15 de abril último.

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2014/04/a-copa-e-o-jeitinho-brasileiro-como-marca-nacional/