Copa 2014: … e já rolou a festa!
José Cruz
De repente, cresceu a movimentação em Brasília, num fim de semana ensolarado. Movimento que foge à rotina dos últimos dias. Não são protestos nem dança de índios, nem confronto de populares com a polícia. Mas movimento de operários limpando ruas, cortando a grama, plantando flores, aguando os jardins públicos, pintando meio fio, demarcando a pista sobre o asfalto novo, instalações de novos postes de iluminação em regiões até então escuras, policiais transitando por todos os espaços da cidade. Bendita “Fifa”!
Até o estádio Mané Garrincha, ganhou, apesar de um ano construído, um “puxadinho” de rede de água, como registrei, para reforçar o abastecimento da novíssima arena de R$ 1,6 bilhão. Porque os tanques de captação de água da chuva ainda não estão funcionando. Nem as placas de captação de energia solar foram instaladas. Nem a urbanização em torno do estádio está concluída! Mas isso é o de menos. O palco da abertura da Copa, em São Paulo, também não está pronto. Mas a bola vai rolar, com certeza.
Em cinco edições do Mundial de futebol fomos às ruas festejar a conquista do título maior. Agora, quando a festa é em casa, a torcida volta às ruas, mas sem a euforia de antes.Pior: dividida, como num Fla-Flu ou num Gre-Nal.
Os protestos e indignação populares, quem diria, pegaram o governo no contra pé, frustrando a proposta política que coroaria um governo de avanços sociais e econômicos, principalmente – e os tivemos, isso é inegável. Mas, também, para mostrar ao mundo que somos capazes de organizar um megaevento esportivo além do chinfrim Pan-Americano. Nisso falhamos.
E por falar em Pan, aí está a irônica comparação que mostra a grandiosidade do futebol, para uns, claro: só o lucro de R$ 8 bilhões, projetado pela Fifa é o dobro do que gastamos em todo o Pan, “míseros”, 3,6 bilhões – aí incluídos o superfaturamento, o pagamento por obras não realizadas, desembolso por material não entregue, etc. Palavra do TCU!
Enfim, a 11 dias da abertura do Mundial já podemos afirmar que vai ter Copa sem novos chutes no traseiro.
Vai ter fun fest, vai ter protesto, índio, torcedor com camisa amarela e ingresso na mão, buzina, vai ter contribuinte indignado, porque a festa vai rolar para uns e já rolou para outros, como repercutiu a Senhora Joana Havelange, diretora do Comitê Organizador: “O que tinha que ser roubado já foi”. Faz sentido. Ronaldo, de tantas alegrias, joga nesse time: “Não se faz Copa do Mundo com hospitais'' … – lembram?
Padrão Fifa é isso aí.