Mais chutes no traseiro. Merecemos isso?
José Cruz
O secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, trocou o sapato e deu mais um chute no nosso traseiro, dois anos depois do primeiro, quando nos mandou trabalhar para evitar atrasos nas obras dos estádios. Adiantou?
Esta semana, demonstrando que o limite de sua paciência coincide com o início da Copa, na mesma proporção em que cresce sua indelicadeza e grosseria com o país anfitrião, Valcke aconselhou os turistas:
“Não adotem o mesmo comportamento e o mesmo planejamento como se estivessem na Alemanha, na Copa de 2006. Não apareça (no Brasil) achando que é (a Alemanha)”.
Mais adiante, o dirigente voltou a um assunto que já sabíamos: a ideia de 12 cidades-sedes foi do então presidente Lula, com o argumento de que “a Copa deveria ser para todo o Brasil e não apenas para poucas cidades”.
Não é bem assim. Lula estava de olho nos apoios políticos das cidades-sedes para a campanha de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. A decisão foi política, e o ônus e o desgaste daquela decisão pagamos agora, uma conta que vai durar muito tempo a ser liquidada. Merecemos isso?
A vantagem é que, encerrada a Copa, Valcke não vai aparecer mais por aqui.