Na Copa, vamos “dar um jeito”, diz a música
José Cruz
Nazareno Dantas
Ouvi uma das músicas da Copa do Mundo, cujo título é ''Dar um jeito'', que também é refrão forte. Nada mais apropriado para um evento no Brasil e logo uma de suas músicas principais tem uma parte que diz isso. Parece piada!
Mas, piadas a parte, li seu artigo de sábado (“Mais chutes no traseiro, merecemos isso”). Nós, brasileiros, podemos no irritar com esses comentários da Fifa e do Jêrome Valcke, que, de certo modo, têm os seus interesses econômicos. Todavia, devemos ter a maturidade de filtrar tais comentários e perceber que o Brasil está, sim, a precisar de um ''chute no traseiro'' em muita coisa, para que resolvam o quanto antes boa parte dos problemas, principalmente desses eventos, em especial das Olimpíadas de 2016.
Essas críticas poderiam ser mais construtivas, se tanto governos quanto esses comitês que estão a organizar esses eventos soubessem realmente usar o dinheiro público que é investido.
Eu moro em uma cidade na região metropolitana de Fortaleza, trabalho e estudo nela. O que percebi é que boa parte do que foi prometido para a Copa do Mundo não foi cumprido. As obras estão por toda a cidade, o trânsito está caótico. Ao redor do estádio há muita coisa a fazer. Para o mundial irão ''maquiar” alguma coisa aqui e ali. Porém, não estará tudo realmente pronto. Nas cercanias do estádio Castelão, em alguns horários, transitar é um martírio. Os ônibus são ''latas de sardinha'', lotados e sem ar condicionado. Imaginem uma cidade em que a temperatura diária é de 35 a 40 graus?
Percebo que as pessoas daqui estão perdendo a razão, pois para entrar em um ônibus parecem mais uma manada de elefantes do que gente, muitos passam por cima de tudo e de todos. Há séculos que não sei o que é chegar no horário na faculdade, pois demoro algum tempo a mais para que os ônibus vaguem para não corra o risco de ser atropelado. Se em dia de jogo na cidade fôssemos trabalhar, pode ter certeza que morreria muito europeu esmagado. Feriado em dia de jogo não é apenas uma política de pão e circo do governo, mas uma necessidade logística.
O que escrevo é apenas um pouco do que eu sinto como cidadão, como ser humano e uma pessoa que procura usar o conhecimento para interpretar um pouco melhor o mundo em que vivo.
Mas, como diz a música, que não fala em Brasil, vamos “dar um jeito”. E tudo vai dar certo!
Nazareno Dantas é formando do curso de Marketing, na Faculdade Ateneu, em Fortaleza.