Rio 2016: o estranho atraso na matriz de responsabilidade
José Cruz
A dois anos da realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, cai a terceira executiva de expressão na estrutura do evento.
Maria Silvia Bastos, presidente da Empresa Olímpica Municipal, pediu demissão do cargo. Ela seguiu Márcio Fortes, que há um ano deixou a presidência da Autoridade Pública Olímpica, o órgão federal dos Jogos.
Em 2010, o secretário-geral do Comitê Organizador dos Jogos, Carlos Roberto Osório, até então um dos executivos de confiança de Carlos Arthur Nuzman, também se afastou da estrutura olímpica.
A ainda inacabada “matriz de responsabilidade” é apontada como o motivo da saída de Maria Silvia Bastos. Suposição, mas faz sentido.
Há poucos dias, representantes do Comitê Olímpico Internacional reclamaram a falta desse importante documento, que define quem é o responsável pelos investimentos financeiros nas diferentes obras projetadas, já que as obras estão divididas entre os governos federal, estadual e municipal.
Nos Jogos Pan-Americanos de 2007 faltou essa matriz, e 80% da conta de R$ 4 bilhões gastos naquela ocasião foram parar no Palácio do Planalto.
Disputas políticas
O atraso na definição da matriz de responsabilidade deve-se, principalmente, a disputas políticas dos três níveis governamentais, que evitam assumir compromissos bilionários. Mas o atraso na elaboração desse documento contribui, também, para que algumas obras sejam superfaturadas.
A estratégia é conhecida. Na medida em que o prazo de entrega das obras se aproxima, os governos se vêem obrigados a pular etapas importantes de licitações para cumprir os cronogramas. É nessa ocasião que ocorrem os superfaturamentos, e até pagamentos em dobro e por serviços não realizados, como constatou o Tribunal de Contas da União nas auditorias dos Jogos Pan Americanos.
Por tudo isso, passa a valer o chavão, “imagina depois da Copa…”