Assim na Copa como no Pan…
José Cruz
Estão no relatório final do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre os Jogos Pan Americanos 2007 explicações para muitos problemas de agora, na preparação da Copa.
Leiam o que o então ministro-relator do TCU, Marcos Vilaça, escreveu, há sete anos…
“Os pontos críticos identificados podem ser resumidos na incapacidade dos agentes envolvidos de prever, antecipadamente e de forma realista, os dispêndios necessários à realização de empreendimento dessa vanguarda”.
…
“A falta de planejamento como fator constante em todas as ações relativas aos Jogos Pan-Americanos, embora desde outubro de 2005, esta Corte (TCU) tenha identificado a precariedade da situação e alertado as autoridades para a necessidade de adoção urgente de medidas corretivas”.
Mais:
“… esta Corte espera, na organização de futuros eventos de grande porte, o cometimento de uma quantidade muito menor de falhas, sem que se repita o tipo de planejamento verificado no Pan, que deixou muito a desejar. Fica o aprendizado quanto ao fato de ser inconcebível a qualquer esfera governamental embarcar em uma aventura de investimentos de recursos públicos sem conhecer, de forma transparente, quanto terá que ser desembolsado, em que ocasiões para quem e de que forma”
E continua…
“Muitas das estruturas esportivas construídas para o Pan ficaram prontas às vésperas dos Jogos, literalmente. … Dada a necessidade de injeção de enormes quantidades de recursos públicos para a organização e execução dos Jogos, há que se ponderar acerca da melhor forma de se constituir um comitê organizador”
Temos isso? Não temos. É o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a voar sozinho, Brasil afora, identificando os problemas e dando desculpas e discursando metáforas, como o “atraso da noiva” na chegada à igreja.
Está no relatório do TCU: a União pagou duas vezes pelo mesmo serviço; pagou por serviços não realizados e por obras com preços superfaturados.
E daí?
Daí que o relatório dos auditores, rigorosos na fiscalização e identificação comprovada de gravíssimos problemas, perde força nas mãos do relator, porque nessa ocasião entra o componente político e, como de costume, não aconteceu absolutamente nada com ninguém, apesar do desperdício e da falta de legados prometidos…