Investigação no vôlei precisa retroceder ao tempo de Nuzman na CBV
José Cruz
A direção da Confederação Brasileira de Vôlei fará auditoria nos “contratos de terceirização de serviços assinados na gestão anterior”. Da gestão anterior participava Walter Pitombo Larangeiras, o atual “presidente em exercício”, vice entre 1984 e 2012. Há 28 anos, portanto.
Pitombo é a própria história oficial da fase dourada do vôlei brasileiro, iniciada por Carlos Arthur Nuzman, autor da estrutura que colocou a modalidade como destaque mundial. Mas com que critérios?
É aí que se misturam os negócios públicos e privados, e é isso que precisa ser investigado. Não por uma auditoria independente, mas por órgãos oficiais, como TCU e CGU, cujos auditores conhecem muito bem onde se misturam os interesses que afrontam o uso do dinheiro público.
O Ministério do Esporte foge desse confronto e trata a modalidade – e as demais – como se fossem exclusivamente representações do país em eventos internacionais, enquanto, no intervalo olímpico de quatro anos, são moedas valiosas de negócios onde entram milhões de recursos públicos.
Seleçõe$ & patrimônio
O principal patrimônio do vôlei brasileiro são as seleções, porque os clubes não rendem nada para a CBV. Nada! As ligas duram apenas quatro meses, com recesso para as festas de fim de ano no meio. E quem negocia com a TV as valorizadas imagens do time de Bernardinho? E das duplas de vôlei de praia?
Quanto a CBV fatura nesse negócio vitorioso?
Onde o dinheiro é aplicado?
Essa negociação com a TV é intermediada por algum diretor da Confederação, por algum dirigente mais poderoso?
Por que, ainda em fevereiro Ary Graça era o presidente de fato da CBV e Walter Pitombo assinava como “presidente em exercício”, um ano e tanto depois de ter se assumido o cargo? Que motivos tem Ary Graça para, no bom português, não largar o osso?
E os presidentes das federações estaduais, que dão sustentação legal a esse esquema, sabem algo sobre isso? Afinal, eles formam as assembleias da CBV e validam as próprias decisões!
História de décadas
Essas e tantas outras questões não são do ano passado nem do anterior. Vem de décadas, to tempo de Nuzman, que transformou o vôlei em “negócio”. Sem problema, mas que não peçam mais dinheiro ao governo de Dilma Rousseff, porque é preciso, antes, esclarecer sobre a gestão do que já saiu do cofre oficial e quem se beneficiou disso. A demissão de um dirigente da CBV demonstra que o jogo não é tão claro quanto possa parecer.
Que se retroceda ao tempo em que Carlos Nuzman era presidente da CBV, pois os questionamentos surgidos agora com o “dossiê vôlei” não são emergenciais, mas históricos.
Para desespero dos burocratas do Ministério do Esporte toda essa história está vindo à tona – e é só o ponto de partida – por obra da imprensa. Observen que, mesmo diante de revelações comprovadas, o Minsitério não se manifesta. Por que? porque há um jogo político nos bastidores e sobre isso escreverei logo.
Para saber mais
http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2014/02/dossie-volei-a-busca-continua/
http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2014/01/vitorioso-volei-enfrenta-crise-institucional/