A ditadura olímpica não perdoa
José Cruz
Medalha de de prata na Olimpíada de Londres, Thiago Pereira, teme que após os Jogos Rio 2016 caiam os investimentos no esporte de alto rendimento, há 10 anos fortemente financiados pelo governo. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, disse o nadador:
''Temo pelo esporte depois do Rio. Pode haver um corte muito grande no investimento e acabar com tudo o que está sendo feito''.
Surpreende um atleta sair do silêncio imposto pelos cartolas para se manifestar de forma tão direta e inteligente.
“Legado…“
Em 1999, o então presidente do Vasco, Eurico Miranda, investiu em várias modalidades, para o Pan-Americano de Winnipeg. Eram cerca de 100 atletas de ponta vestindo a camisa do histórico clube carioca.
Encerrados os Jogos, o patrocínio desapareceu. Muitos competidores ficaram sem receber a grana prometida. Alguns foram à Justiça. Tem processo rolando até hoje, e Eurico não tá nem aí…
Motivo do temor
Os atletas em geral sabem muito bem que o governo está investindo numa equipe para ter resultados nos Jogos de 2016. O Brasil não pode passar o vexame de ter desempenho pífio! Mas qual a estrutura do nosso esporte para que se fortaleça como “legado” olímpico? Nenhuma. Da mesma forma foi nos governos Collor, Itamar, Sarney, FHC e por aí vai… Político sempre quis apoiar para aparecer ao lado do campeão que foi ao pódio. Fora isso, não há qualquer compromisso.
Não podemos esquecer o “legado” dos Jogos Pan-Americanos, como a destruição do velódromo. E o Engenhão, vergonhosamente fechado para reformas seis anos depois de inaugurado e assim ficará em plena Copa do Mundo no Brasil.
Por tudo isso, faz sentido o alerta de Thiago Pereira.
Exemplo real
Este ano, o Ministério do Esporte tem orçamento aprovado, mas não tem dinheiro. O Planejamento não liberou a grana para pagar os convênios com prefeituras, que desenvolvem projetos como o Esporte e Lazer na Cidade, e o suspeitíssimo Segundo Tempo. E os aluos e atletas estão lá, esperando… Falta dinheiro no Ministério do Esporte até para comprar material de expediente!!!
Por tudo isso, dou ouvidos a Thiago Pereira. Só duvido que ele volte a se manifestar outra vez da mesma forma. A ditadura olímpica age rápido e não perdoa!