Negócios suspeitos no vôlei: o dossiê revelado
José Cruz
Há três semanas denunciei:
“Vitorioso vôlei enfrenta crise institucional”, a partir de um dossiê, até então sigiloso, que investiga a gestão do ex-presidente Ary Graça, agora na presidência da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). A propósito, tenho a informação de que Ary Graça ainda não se afastou da CBV. Deverá fazer isso numa assembleia, em março.
O dossiê
No Rio de Janeiro, o repórter da ESPN, Lúcio de Castro, com a experiência de cobertura de várias olimpíadas e eventos internacionais, teve acesso ao tal “dossiê”, que está nas mãos de influentes profissionais do setor, e confirma a denúncia original.
“Por enquanto, só existe uma certeza: o fio do novelo dos negócios do vôlei brasileiro começa a ser puxado. Os primeiros movimentos revelam ingredientes de um folhetim daqueles em que ninguém pode dizer ao certo onde vai chegar”, escreveu Lúcio de Castro.
O texto completo da reportagem está aqui.
Público & privado
O esporte como “negócio” é próprio de uma instituição privada, como a CBV. Mas a Confederação de Vôlei recebe patrocínio do Banco do Brasil (R$ 60 milhões em 2012), cerca de R$ 40 milhões anuais da Lei Piva, via Comitê Olímpico, além de outras fontes públicas, como Lei de Incentivo ao Esporte.
Misturam-se os objetivos do esporte olímpico com o “business”, com o espetáculo, e quem está financiando boa parte das despesas é a verba pública, sem que o Ministério do Esporte questione essa dupla função das confederações em geral. Só isso já demonstra a desordem institucional do nosso esporte, o que interessa a muitos, claro.
O “dossiê” é revelado no momento em que o governo da presidente Dilma Rousseff libera alguns milhões de reais a pretexto de “preparação da equipe aos Jogos Rio 2016”.
Insisto: enquanto há investimentos para que o país tenha resultados no megaevento olímpico, negócios milionários correm paralelos, com a participação de muita verba pública.
Uma coisa é a parceria do Banco do Brasil com o vôlei, numa estratégia de marketing de interesse empresarial. Outra é a omissão do Ministério do Esporte na destinação de seu orçamento para o desporto escolar, mas participando de eventos profissionais de alto rendimento que não são competência do Estado.
O dossiê sobre negócios suspeitos no vôlei está apenas começando. É preciso que os órgãos de fiscalização – TCU e CGU – avancem sobre outras modalidades que fazem do esporte “negócios” lucrativos, como o tênis, o basquete, o handebol, por aí vai. Com certeza isso mostrará que essa prática é antiga, muito antiga, e vai bater em gestões de anos remotos…
Imagina nos Jogos!!!