Blog do José Cruz

Medo de apagão faz a Fifa abrir o cofre

José Cruz

No país do futebol escancarou-se o que significa esse megaevento, que garante arrecadação de R$ 10 bilhões para a Fifa e endividamento para os cofres públicos

Bastou um “aviso” no fim de semana de que Curitiba ficaria fora da Copa, como noticiou a imprensa estrangeira, que os políticos de plantão se mobilizaram e conseguiram “empréstimo” de R$ 65 milhões para o Atlético-PR concluir o estádio. Tudo como estava anunciado, há anos…

Outro lado

As mudanças no comportamento da Fifa frente aos compromissos do Estado começam já no Mundial no Brasil.  Por pressão popular, é preciso reconhecer. Depois dos movimentos de rua, no ano passado, a turma da Suíça sabe que a turma que ficará fora dos estádios não está brincando.

Agora, ao observar a disputa interna entre governos estaduais, municipais e clubes para o pagamento das instalações temporária o secretário da Fifa, Jérôme Valcke anunciou a liberação de R$ 47 milhões para ajudar na contratação de geradores de energia.

Com estádios prontos a bola poderia rolar, mesmo sem “instalações temporárias”. Estamos no Brasil e um “jeitinho”… resolveria o problema.

Mas sem energia, os riscos seriam enormes, comprometendo as relações com poderosos patrocinadores na transmissão de imagens mundo afora. O próprio Valcke reconheceu o  perigo no país do apagão.

''O que temíamos era não dispor da energia. Não há Copa sem energia. Nós intervimos porque era a melhor maneira para a transmissão dos jogos, e assim não haveria problemas às vésperas do torneio'', disse Valcke, ontem, em Florianópolis.

Mudanças

Há duas semanas escrevi que depois da Copa no Brasil a Fifa não seria mais a mesma nos próximos Mundiais. Também mudará o comprometimento dos governos, com certeza. Estão todos de olho no que ocorre por aqui: enriquecimento de um lado, inclusive com absurdas isenções fiscais, e gastança públicas sem limites para garantir as exigências de “padrão Fifa”. 

Ainda há tempo para rever as exigências olímpicas para os Jogos Rio 2016. O desperdício do Pan 2007 e os abusos na Copa 2014 são alertas pra lá de oportunos.